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Pai, filho e um Fusca 1984 rodam a América do Sul e já visitaram 63 cidades em três anos

Francisco Gomes da Silva Neto, 72 anos, e seu filho Natanael Sena Silva, 31, são deste tipo de pessoas que levam os sonhos a sério. Nem que para isso seja preciso abandonar o conforto e a estabilidade. Para embarcar na maior aventura de suas vidas, foi necessário apenas um empurrãozinho de um velhinho de quatro rodas muito especial. E em 2014 pai, filho e o Fusca cinza de bancos amarelos rumaram pela primeira vez numa viagem sem volta por novas descobertas.

Juntos, o trio realizou quatro grandes roteiros pela América do Sul em aventuras de 40ºC pelo Mato Grosso, de gelo pela Cordilheira dos Andes, na costa sul-americana, e ventos em Cabo Polônio, no Uruguai. Sempre partindo de São Bernardo, cidade onde a família reside e que foi berço também para a fabricação do Fusca no Brasil.

Nas contas de Natanael, foram 63 cidades desde 2016, que incluem passeios pelo Uruguai, Peru e Bolívia. A saga do trio ganhou fama em postagens no Instagram, página no Facebook e se transformou em livro no projeto que recebeu o nome de Vai de Fusca. Mas mais do que boas paisagens, o jovem conta que as viagens a bordo do Fusca ajudaram a aproximar pai e filho. “Viajar com meu pai é um resgate de muitas coisas, principalmente de valores. E depois de tanto tempo, ganhamos um terceiro membro na relação, que é o Fusca. Ele trouxe essa conexão. Sair da zona de conforto me permitiu dar valor as coisas simples. Encontramos nesse caminho muitos amigos, que me mostraram que o ser humano é bom”, conta ele.

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As viagens exigiram com o tempo algumas mudanças no Fusca ano 1984, mas nada que descaraterizasse o veículo, explica Natanael. “Passamos muito calor no Matro Grosso, então resolvemos colocar um teto solar para entrar vento. Incluímos também uma manta térmica para não esquentar ou esfriar demais o motor. Muita gente acha que é complicado viajar em um Fusca. Mas é bom estar no simples. É um carro que eu sempre quis ter porque me trazia muitas lembranças de quando era criança.”

Outra medida adotada durante as viagens de até 40 dias foi sempre realizar paradas para dormir em hotéis ou em uma barraca que levam na bagagem. “Meu pai é um senhor de 72 anos, então precisamos descansar. Mas muita gente acompanha nossas viagens nas redes sociais e nos convida para passar na cidade deles, oferecem acomodação.”

A aventura com o Fusca tem planos para continuar neste ano. O trio quer agora rodar pelo norte do país. “O próximo desafio é contar a história do cacau, do guaraná e da madeira em viagem pela Amazônia. Se tudo der certo, o material vai virar livro e documentário”, explica Natanael. Por enquanto, 80% das viagens são pagas com verba própria da dupla e outros 20% com ajuda de patrocinadores.

Para quem quer acompanhar as aventuras, o Vai de Fusca está no Facebook, no Instagram e mantém o site www.vaidefusca.com.br. Em comemoração ao Dia do Fusca, que foi celebrado no domingo passado, o site enviará versões virtuais do livro sobre a viagem. Interessados podem enviar e-mail para carona@vaidefusca.com.br.

Vai de Fusca

 

Fusca chega aos 60 anos

A produção nacional do Fusca chegou aos 60 anos no dia 3 deste mês. Os primeiros modelos saíram da fábrica da Volkswagen em São Bernardo. Seu lançamento mundial ocorreu na Alemanha em 1935. A estimativa é que mais de 21 milhões deles tenham sido fabricados no mundo.

São Bernardo aparece como a terceira cidade com maior número de Fuscas registrados com placa de colecionador no estado de São Paulo, que são aquelas de cor preta.

De acordo com o Detran.SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo), a cidade do ABC tem 167 deles, atrás apenas da capital, com 3,8 mil Fuscas com placa preta e Campinas, com 193. Ele é o modelo mais colecionado no estado pelos apreciadores de carros antigos. No total, são 6,9 mil em São Paulo.

Além dos veículos de colecionadores, outros 827.202 Fuscas circulam pelas cidades paulistas.  

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