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Por que Battisti não passou pelo Brasil antes da extradição?

Max Rossi/Reuters

Muito se cogitou sobre a possibilidade do italiano Cesare Battisti passar pelo Brasil antes de ser extraditado no domingo (13). O governo de Jair Bolsonaro chegou a enviar um avião da Polícia Federal para buscar Battisti na Bolívia e até anunciou que o italiano faria uma escala no Brasil antes de ser enviado à Itália.

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No entanto, o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, anunciou no fim da tarde que as autoridades buscariam Battisti diretamente em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, em uma decisão que pegou de surpresa o Brasil e a imprensa internacional. Em entrevista exclusiva à ANSA, o embaixador italiano em La Paz, Placido Vigo, explicou que foi uma decisão estratégica. «A ida direta da Bolívia para Itália, sem passar pelo Brasil, permitiu que o governo italiano não ficasse restrito à pena de 30 anos de prisão que Brasília tinha solicitado no acordo de extradição».

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Os dois países, na época da autorização da extradição e na formulação do acordo, tiveram de acertar diferenças no sistema penal. Como a pena máxima no Brasil é de 30 anos, a Itália teria que aceitar esse limite em Battisti, que, por sua vez tinha sido sentenciado à condenação perpétua.

«Além disso, a extradição via Bolívia evitou um risco de uma outra detenção de Battisti no Brasil, que poderia requerer um novo pedido de extradição», contou o embaixador italiano. A Bolívia, por sua vez, aplicou uma ordem de «expulsão obrigatória» a Battisti, negociada com o ministro das Relações Exteriores Diego Pary.

O governo de Evo Morales aplicou a Lei 370 de Migração, a qual dispõe sobre saída obrigatória por sua condição ilegal. Battisti entrou na Bolívia ilegalmente via Brasil, onde residia desde 2004.

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