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Paulinho Serra, prefeito de Santo André, faz balanço dos dois anos de mandato; leia entrevista

Entrando no terceiro ano no comando da Prefeitura de Santo André, Paulinho Serra (PSDB) diz que colocou casa em ordem, aprendeu com o erro ao tentar reajustar IPTU e promete deixar marcas na cidade em saúde, mobilidade urbana e educação.

Qual balanço faz desses dois primeiros anos de governo?
Com o novo modelo de gestão que implantamos, efetivamente a casa está em ordem. Isso não significa que colhemos todos os resultados. Em 2017, o ano foi praticamente todo utilizado para colocar a gestão financeira em ordem. Fizemos o enxugamento da máquina. Isso dá resultado. Todo esse choque de gestão, com corte na folha salarial e de cargos, no Carnaval, venda de carros oficiais, deu resultado. A gente tinha mais de R$ 300 milhões de dívidas de curto prazo, que hoje não estão zeradas, mas estão equalizadas. Até 2020 a gente quita todas as dívidas de curto prazo. Eram 742 fornecedores em atraso, sendo que 500 já quitamos. Com o ajuste financeiro, nossa classificação fiscal aumentou. Isso fez com que a gente conseguisse destravar obras que estavam paradas, que não eram muitas, mas tinha muita linha de crédito que tinha sido interrompida porque a saúde financeira da cidade não era boa. Conseguimos destravar tudo. Hoje temos dez creches em construção, implementamos o Qualisaúde, começamos a receber os recursos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para mobilidade. Então, a casa está em ordem. Agora, é colher mais frutos ainda. Também tem a recuperação econômica da cidade, muitas empresas vindo para cá.

Pode-se dizer que Santo André voltou a ser atrativa para o empresário?
Sim. Nem tanto quanto a gente gostaria ainda, mas a gente recuperou credibilidade. Além disso, desburocratizamos. Para abrir uma empresa eram 180 dias, hoje são sete em média. Reduzimos o ISS (Imposto Sobre Serviço) de 5% para 2%, e a arrecadação desse tributo ainda cresceu 30%.

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A tentativa de revisar o IPTU causou muita polêmica e protestos. Inicialmente o governo bancava a mudança, mas depois voltou atrás e desistiu. O que o levou a essa mudança de ideia?
Foram dois motivos muito claros e transparentes. Primeiro, no estudo, que tinha sido feito em momento de economia extremamente aquecida, tinha distorções que não apareceram na amostragem feita por nossa equipe. Lógico que foram feitos testes, mas as distorções não apareceram na intensidade que a gente percebeu depois da emissão dos carnês. Realmente a nossa planta genérica precisa de correções, mas corrigir uma parte e não fazer isso na integralidade fez com que eu repensasse a questão. Uma segunda coisa foi a forma de implantação. Daí, é experiência, a gente vai aprendendo. Não tenho problema nenhum em aprender com os equívocos. Muitas vezes, a dose do remédio, se for exagerada, pode virar veneno. E foi isso que aconteceu. A gente agora vai fazer com muita calma, o debate será mais longo, com vários setores da cidade participando. É uma discussão que vai percorrer alguns anos e, mesmo que chegue em algo próximo à realidade, tem que ser implementada de forma gradativa. Então, aprendemos muito com esse processo. Não é justo pagar mais, por isso revogamos, e também não é justo pagar menos, e tem muita gente que paga pouco imposto.

Mexer no bolso do contribuinte é algo sensível?
Sim, por conta do momento que a gente vive, de recessão. Ao mesmo tempo, vivemos uma incerteza institucional muito grande, da troca de presidente, impeachment. Isso cria também nas pessoas uma desconfiança com tudo o que está acontecendo, além do clima de desconfiança com qualquer político. Faço parte de uma nova geração de políticos, trabalho com total transparência, mas essa desconfiança fez com que as pessoas reclamassem mais, isso é normal.

O Qualisaúde recebeu críticas inicialmente, mas você está conseguindo entregar as obras. Houve erro de planejamento do programa?
Um pouco das críticas foi por conta dessa desconfiança que eu falei, as pessoas estavam no limite da paciência em relação aos políticos. Daí vem um e fecha a unidade de saúde perto da minha casa falando que vai modernizar, no meio do furacão que a gente está vivendo, com político preso. Por que a pessoa vai achar que vai ser diferente? Vão dizer: me ferrei também e não vai reabrir. Soma isso a um pouco de oportunismo da oposição, que ficava falando que não ia reabrir. Tem também o que não posso chamar de erro de planejamento, mas as correções no meio das obras. Quando é algo novo, é muito difícil ter imprevisto. Quando é reforma, pode ter surpresa. Em algumas unidades, como no Parque Novo Oratório, o prédio tem 40 anos. Então, essa desconfiança começou a se dissolver com as entregas. Não tinha muita preocupação porque eu sabia que a gente ia entregar.

O que tem programado para a 2ª fase do Qualisaúde?
Já identificamos algumas unidades, como Jardim Carla, Cata Preta, Parque Miami. Mas as que estavam mais debilitadas, que tiveram necessidade de fechar, a gente resolveu. As próximas podem ser modernizadas com elas funcionando. É claro que haverá certo prejuízo de uma área interditada, mas o pior já passou. O PA da Vila Luzita a gente vai transformar em UPA, no novo padrão de qualidade, e é possível de fazer sem parar o atendimento.

Há previsão para começar o viaduto sobre a av. dos Estados em Santa Terezinha?
Já começamos com a ponte, que deve receber depois as alças. A gente deve ter um projeto mais detalhado no primeiro trimestre de 2019. Muita gente ainda não entendeu direito o que vai ser feito lá. A gente primeiro precisa fazer a ponte para depois encaixar o viaduto. A gente começa a obra assim que terminar a duplicação do viaduto Adib Chammas, não dá para fazer as duas ao mesmo tempo.

Por conta do trânsito?
Sim. O Adib Chammas é o único que cruza o rio. Assim que terminar lá, o que a gente espera ser no início de 2020, a gente deixa tudo pronto e começa a obra do outro viaduto. A gente quer apresentar esse projeto para a cidade no primeiro semestre de 2019.

O PSDB saiu rachado da eleição estadual. Como será o diálogo com o governo Doria depois disso?
Temos que separar o que é partido e o que é governo. Não acredito que o Doria, independente das conclusões que teve sobre as eleições, vai separar prefeitos por aqueles que o apoiaram ou não apoiaram, será o governador de todos. Em Santo André, estamos muito tranquilos, porque ele esteve aqui duas vezes (na eleição), cumprimos todas as etapas da campanha. Apoiamos integralmente, ele venceu aqui na cidade. Aliás, foi uma das poucas cidades da Grande São Paulo onde ele venceu. Então, mostra que nosso modelo de governo está funcionando e o trabalho de nossas equipes foi feito e deu resultado. Se a gente não aparece tanto em foto, isso não interessa. O que vale é o resultado. Outra questão é o partido, que precisa se rediscutir. Essa divisão foi extremamente prejudicial. A gente perdeu a oportunidade de mostrar que era diferente. Agora é hora de baixar a poeira e reestruturar o partido dentro de novos conceitos.

Acha que sua gestão já deixou marcas na cidade?
O Qualisaúde ainda não é, mas vai se transformar em uma marca, não tenho nenhuma dúvida disso. Com certeza essas obras grandes de mobilidade, como viadutos, que há muito tempo a cidade não vê, são uma espécie de marca. E a gente tem atuado muito em algo que não aparece, mas é o legado que queremos deixar, que é a formação integral das crianças. A gente abriu um caminho para isso com o Mais Saber. É um programa que chegou a 2 mil crianças, mas a gente tem 30 mil na rede. Então, queremos investir muito nisso ainda. Também quero deixar a marca de uma cidade bem cuidada, com asfalto bom, boa iluminação. Não tenho dúvida que vamos mudar a história da cidade. O melhor da minha gestão ainda está por vir.

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