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João de Deus passa segunda noite de prisão em cela isolada; denúncias de abuso sexual passam de 500

O médium João de Deus passou sua segunda noite preso em uma cela isolada no Núcleo de Custódia, em Aparecida de Goiânia, região metropolitana da capital de Goiás. Durante a segunda-feira (17), ele dividia o espaço com outros três presos, mas acabou dormindo sozinho após a chegada de um quarto detento.

De acordo com a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária, ele continuará com a mesma rotina do primeiro dia, com duas horas de banho de sol junto com os presos da cela. O café da manhã é composto por pão com manteiga e achocolatado. Ainda segundo o órgão, João de Deus está recebendo todos os seus medicamentos de uso contínuo.

A força-tarefa do MP-GO (Ministério Público de Goiás) que apura as denúncias de abuso sexual contra o médium João de Deus informou que o número de acusações recebidas chegou a 506. A maior parte das mensagens chegou por e-mail. Há relatos de mulheres em 18 estados e seis países diferentes.

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O principal advogado da defesa, Alberto Toron, ingressou na Justiça com um habeas corpus pela liberdade do médium. Caso o HC seja negado, Toron pede que, em virtude da idade do religioso – 76 anos – e de seu estado de saúde, a medida seja cumprida em casa.

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Lavagem de dinheiro

O delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, André Fernandes, disse ontem que a polícia registrou o depoimento de 15 vítimas até agora e que, além dos crimes de abuso sexual, apura se houve lavagem de dinheiro.

Conforme relatório apresentado pelo MP-GO, João de Deus fez saques e movimentou aplicações no valor de R$ 35 milhões antes da prisão. À polícia, ele declarou ganhar R$ 60 mil por mês, renda de duas fazendas.

Na segunda, foram cumpridas várias diligências em endereços do religioso, inclusive na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), onde são realizados atendimentos. Hoje, o delegado Fernandes viaja a Brasília, onde comparecerá à Embaixada dos Estados Unidos, para falar sobre possíveis vítimas americanas.

Defesa

Em nota, a defesa do médium afirmou que o relatório ao qual o MP-GO teve acesso destaca apenas movimentações financeiras em aplicações, e não saques. “Não se lava dinheiro limpo, não se lava dinheiro que é seu e estava no banco”, diz o comunicado.

Além disso, os advogados destacam que só tiveram acesso a um procedimento investigativo contra João de Deus, com relatos de denúncias de vítimas exibidas pelo programa “Fantástico”, da Rede Globo, sem “cópia de nenhum dos inúmeros depoimentos que estão sendo divulgados”.

Prescrição

A polícia admitiu a possibilidade de que grande parte dos casos denunciados estejam prescritos. De acordo com o MP-GO, dentre as 500, ao menos 190 já passaram do tempo em que seria possível alguma medida criminal. “A presença das vítimas relatando os acontecimentos é de suma importância, mesmo com a prescrição”, destacou o delegado.

Depoimento

A polícia se assustou durante o depoimento de João de Deus, no domingo à noite: teriam acontecido vários fenômenos, como falhas e barulhos no computador, explosão de um fio elétrico e até atropelamento do escrivão responsável, quando ele se dirigia à delegacia. João de Deus relatou ainda ter recebido ameaças por telefone. “Eu vou acabar com você”, teria dito um homem.

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