O atirador que abriu fogo contra pessoas que passeavam em um mercado de Natal em Estrasburgo, na França, gritou «Allahu Akbar» («Deus é grande», em árabe) enquanto atacava, disse um promotor público a repórteres em Paris.
Segundo Rémy Heitz, duas pessoas morreram e outra teve morte cerebral após o ataque na cidade, no leste da França, nesta terça-feira.
Doze pessoas ficaram feridas, seis gravemente.
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O suspeito do ataque, identificado pela imprensa local como Chérif Chekatt, era conhecido pelas autoridades como alguém que se radicalizou na prisão.
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Centenas de agentes estão hoje em busca do atirador, que fugiu após o ataque. O vice-ministro do Interior da França, Laurent Nuñez, reconheceu mais cedo que o procurado pode não mais estar em território francês.
Quatro pessoas ligadas ao suspeito foram detidas durante a noite em Estrasburgo, segundo Heitz. Fontes próximas aos investigadores ouvidas pela agência Reuters disseram que os detidos são a mãe, o pai e dois irmãos de Chekatt.
O homem, de 29 anos, portava uma arma e uma faca, e escapou utilizando um táxi.
O taxista, que prestou depoimento à polícia, disse que o suspeito entrou no carro sem fornecer um endereço de destino preciso, dizendo ao motorista que o guiaria. Conforme publicou o jornal Le Monde, o suspeito justificou seus ferimentos afirmando «ter atirado nos militares» e «matado 10 pessoas».
O criminoso pediu para descer no bairro de Neudorf, na fronteira entre a Alemanha e a França. Na saída do veículo, ele trocou mais tiros com policiais, ainda segundo o motorista.
O ministro do Interior, Christophe Castaner, anunciou uma elevação no nível de alerta – ampliando o poder da polícia e intensificando a vigilância, inclusive nas fronteiras. Haverá reforço também na segurança de mercados de Natal em outras cidades.
Em Estrasburgo, o mercado permaneceu fechado nesta quarta-feira e bandeiras foram hasteadas a meio-mastro na sede da Prefeitura.
O que aconteceu?
O atentado aconteceu por volta de 20h no horário local (17h em Brasília) da terça-feira, perto do famoso mercado de Natal de Estrasburgo – próximo a uma das praças centrais da cidade, a Place Kléber. A região atrai anualmente milhares de visitantes.
Uma testemunha contou ao canal de TV francês BFM como foi o momento em que ficou cara-a-cara com o assassino depois de vê-lo atirar na cabeça de um homem.
O atirador mirou outra pessoa uma segunda vez, e mais um homem foi ao chão.
Seus amigos começaram a correr para se salvar, mas ela ficou paralisada. O atirador se virou para ela, a olhou – mas depois ele também correu.
«Por que ele não atirou em mim?», se perguntou a mulher durante a entrevista. «Não sei. Acho que fui extremamente sortuda. Enquanto todo mundo gritava, ele fugiu.»
Segundo o promotor Heitz, na fuga, o criminoso trocou tiros com quatro soldados – ocorrência durante a qual ele ficou ferido.
Quem é o suspeito?
Segundo a polícia, que se refere ao suspeito como Chérif C., o atirador nasceu em Estrasburgo e já era conhecido por serviços de inteligência como uma ameaça.
Ele era alvo de uma «fiche S», uma lista de monitoramento de pessoas que representam uma ameaça em potencial à segurança nacional.
O suspeito também teve 27 condenações na França, Alemanha e Suíça e, como resultado, passou tempo considerável na prisão.
Na manhã da terça-feira, ele havia sido procurado pela polícia por conta de outro caso, mas não foi achado em casa.
Mas, segundo Nuñez, seus outros crimes nunca foram de natureza semelhante à dos assassinatos em Estrasburgo. O promotor acrescentou, porém, que foi durante uma passagem na prisão que ele se radicalizou.
Durante buscas na sua casa após o crime, policiais encontraram uma granada, um fuzil e quatro facas.
O que se sabe sobre as vítimas?
Veículos de imprensa da Tailândia disseram que Anupong Suebsamarn, 45 anos, está entre as vítimas fatais. Acredita-se que ele passava as férias na França com sua esposa.
Não se sabe muito mais além disso, a não ser o fato de que não havia crianças feridas e que um agente policial foi atingido de raspão por um dos tiros.
Por que Estrasburgo é um alvo?
Não é a primeira vez que Estrasburgo foi alvo de ataques do tipo. Alguns de seus atributos são também vulnerabilidades.
A cidade não apenas tem um dos mercados de Natal mais antigos da França, como também é a sede oficial do Parlamento Europeu – que, inclusive, estava em sessão durante a noite do ataque.
Em 2000, o mercado era o alvo central de um ataque planejado pela rede extremista Al-Qaeda. Dez militantes do grupo foram presos quatro anos depois por sua participação no esquema frustrado pelas autoridades.
A segurança na região tem sido reforçada desde os ataques de Paris em 2015.
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