Uma testemunha que se apresentou de forma espontânea ontem no 1º DP (Distrito Policial) afirmou que Euler Fernando Grandolpho – que matou cinco pessoas e depois se matou na Catedral Metropolitana de Campinas na última terça-feira – o procurou para conseguir uma arma fria entre 2008 e 2009. O rapaz era cliente do atirador entre 2007 e 2008, quando Grandolpho gerenciava uma mecânica.
Segundo depoimento ao delegado do 1º DP, Hamilton Caviolla Filho, ele afirmou que levava a moto na loja onde o atirador trabalhava e que, até então, tinha um comportamento normal, fora de suspeita.
Porém, tempos depois, Grandolpho começou a ter mudança de comportamento, pedindo para que a testemunha o ajudasse a identificar, por meio das placas, veículos que o estariam perseguindo. Informação já relatada por familiares. O pedido foi feito porque o atirador sabia que a testemunha tinha ligação com uma empresa de segurança.
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Por desconfiar do comportamento dele, a testemunha se afastou do atirador, que fechou a mecânica em 2009, quando a mãe morreu.
Tempos depois, o rapaz procurou a testemunha atrás de uma arma fria, a qual não foi fornecida.
O depoimento é mais um fator que colabora na tese de que o atirador apresentava comportamento estranho. Na segunda-feira, a polícia irá ouvir familiares de Grandolpho.
Comportamento
Uma amiga próxima de Euler, que não quis ser identificada, informou ao Metro Jornal que após os anos 2000 ele começou a apresentar mudanças de comportamento e se afastou dos amigos.
Segundo ela, o rapaz vinha de uma família tradicional, com boa condição financeira, e chegou a participar de curso de desenho, mas não seguiu a profissão com receio de os pais não aprovarem a escolha.
Ela lembra que, tempos depois de ela ter mudado para outro estado, a mãe de Grandolpho chegou a ligar para perguntar se ela sabia o porquê da mudança de comportamento do filho, também já percebida pelos pais. Eles suspeitavam do envolvimento com drogas – o que não foi confirmado.
“Ele não gostava de desapontar os pais e raramente compartilhava a intimidade dele. Nunca vi maldade nele. Ele deve ter tido um surto, fruto de algum problema. Fiquei muito triste e chocada com tudo, mas não posso julgá-lo”, disse a amiga.
5ª vítima é enterrada
Heleno Severo Alves, de 84 anos, foi enterrado ontem no Cemitério Jardim Memorial, em Indaiatuba. Ele foi a última vítima do atirador a falecer, após levar um tiro no abdome e um no tórax.
Quando o atirador começou a disparar, Alves tentou chamar a atenção dele para distrai-lo a tempo de outras pessoas fugirem.
O aposentado já havia sido atropelado e também havia sofrido um AVC. O sonho do aposentado era reencontrar um irmão, que perdeu contato há 30 anos. O irmão, que mora em Pernambuco, só tomou conhecimento dele após a morte de Alves.