A cena lembra uma degustação de vinho: primeiro, limpar o olfato com uma água desmineralizada. Depois, passar a cheirar o líquido de recipientes previamente preparados e identificar quais odores ele traz. Por fim, a amostra é bebida pelos analistas, que a mantêm na boca, identificando sabores e sensações.
Os avaliadores podem marcar se o líquido, por exemplo, deixou uma sensação seca, oleosa, picante ou carbonatada no nariz e na boca, apresentou gosto amargo, salgado, doce ou ácido e, dentro de oito grupos de odor, se ele pareceu, por exemplo, de terra, batata, piscina, floral, grama, frutal, aquário –e tudo isso em qual intensidade.
Mas dentro dos recipientes o líquido não é roxo ou dourado: ele é transparente. É água tratada, aquela que sai da sua torneira.
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Semanalmente, funcionários treinados da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) realizam o painel sensorial, que avalia gosto e odor da água produzida nos sistemas de tratamento. Em Santana (zona norte), onde o Metro Jornal acompanhou uma sessão, são testados os produtos das estações da região metropolitana, incluindo Grajaú, Rio Grande, Ribeirão da Estiva, Casa Grande, Sistema São Lourenço e Taiaçupeba.
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Mas o exame é feito às cegas: os técnicos que compõem o painel, sempre de três a cinco, não sabem de qual reservatório vem o produto que está sendo avaliado. Somente o coordenador, que prepara o material para o teste e não participa da sessão, é que sabe a origem de cada amostra.
O trabalho, realizado desde a década de 1990, permite que a companhia se antecipe a possíveis reclamações da população, segundo a supervisora de laboratório Izabel Cristina Ernesto. “Podemos nos adiantar a problemas de odor ou sabor antes que sejam perceptíveis.”
Um detalhe importante: formulário de avaliação traz a pergunta de como o técnico está se sentindo hoje. Se ele não está bem, não pode participar. “O humor pode influenciar na avaliação”, diz a supervisora.
Além da degustação da água tratada, os técnicos também fazem avaliação da água bruta, mas aí é somente o cheiro que é levado em conta. “Podemos detectar alguma alteração no manancial e ajustar o tratamento”, finaliza Izabel.