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PT estuda ação nos EUA para que WhatsApp abra dados sobre transmissão de mensagens falsas

Fernando Haddad foi o último prefeito de SP pelo Partido dos Trabalhadores (PT) Amanda Perobelli/Reuters

O PT planeja entrar com uma ação contra o WhatsApp nos Estados Unidos para que a empresa abra o acesso a dados da distribuição de notícias falsas pelo aplicativo durante as eleições brasileiras, disse nesta quarta-feira (21) o ex-candidato petista à Presidência, Fernando Haddad.

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O partido pretende procurar um advogado nos Estados Unidos para verificar a possibilidade de o próprio PT abrir a ação ou se será necessário encontrar um parceiro em solo norte-americano que possa fazê-lo em nome do partido.

“Falta um advogado nos dizer se temos legitimidade ou se alguém precisa nos patrocinar lá. Vou ver quem pode nos orientar”, disse Haddad.

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O Facebook, que controla o aplicativo WhatsApp, recusou-se a dar os dados de quem repassou mensagens, dentro do esquema pago de disparo de mensagens em massa que teria beneficiado a campanha do presidente eleito Jair Bolsonaro alegando questões de privacidade dos clientes. Haddad esclareceu que o partido não pretende que a Justiça tenha acesso a microdados, o que feriria a privacidade.

“Eu penso que é uma ação de caráter universal porque tem relevância universal. Se conseguirmos esclarecer o que se passou no Brasil e que não pode ser investigado aqui, isso pode ajudar o mundo a encontrar o passo de uma democracia estável que não esteja sujeita aos solavancos promovidos por ações orquestradas em rede social”, defendeu.

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Haddad esteve em Brasília para uma primeira reunião com as bancadas na Câmara e no Senado, incluindo novos parlamentares eleitos para a próxima legislatura.

O encontro serviu para o PT fazer mais uma análise dos problemas enfrentados na campanha e a ação do partido nos próximos anos, como oposição ao governo Bolsonaro. Uma das questões levantadas foi justamente a falta de preparo do partido para lidar com as mídias sociais e a avalanche de notícias falsas que dominou a campanha, além da necessidade do PT recuperar espaço entre setores da população em que perdeu apoio nos últimos anos.

“Há trabalho a ser feito. Se é verdade que a mentira foi disseminada, é verdade também que as pessoas de uma certa maneira estavam predispostas a acreditar naquilo. E se estavam predispostas é porque de alguma maneira nós não estávamos próximos alertando dessa possibilidade”, disse o ex-candidato.

FRENTES
Considerado depois das últimas eleições a maior liderança do PT depois do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – que, preso em Curitiba desde abril, tem sua ação limitada – Haddad deve tentar negociar uma frente de oposição para os próximos anos e que possa ir além dos partidos de centro-esquerda.

Segundo ele, há duas “trincheiras”, a dos direitos sociais, e a dos direitos civis. Haddad defende que a defesa de direitos sociais como o SUS e a Previdência pública deve se concentrar mais em partidos de centro-esquerda, mas que a defesa dos direitos civis -como a ação contra o projeto escola sem partido- pode incluir parlamentares de centro e até centro-direita, em alguns casos, por ser mais ampla.

Logo depois do segundo turno, partidos como PDT, PSB e PCdoB começaram a articulação para uma frente de oposição, mas sem incluir o PT. Haddad pretende mediar as rusgas que ficaram de um processo eleitoral em que a direção do PT terminou por desagradar aliados em todos os lados.

“Uma frente se constrói por programa, não se faz por simpatias e antipatias pessoais. Será uma frente em torno de direitos”, disse.

O ex-prefeito de São Paulo anunciou também que começará, na semana que vem, uma série de viagens internacionais em torno de uma frente progressista mundial. Haddad foi convidado pelo senador norte-americano Bernie Sanders e pelo ex-ministro das Finanças da Grécia Yanis Varoufakis, os dois articuladores da frente, para o lançamento, nos dias 28 e 29 deste mês, em Nova York.

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