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João Doria: ‘Temos que abrir espaço aos eleitos’

Governador eleito para comandar São Paulo pelos próximos quatro anos, João Doria (PSDB) afirmou ontem em entrevista à rádio Bandeirantes que vai dar continuidade à política fiscal que tem mantido as contas no azul e intensificar ainda mais a relação “bolsodoria” que surgiu nas eleições, aproximando-se do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), e de seu ministro da Fazenda, Paulo Guedes. O tucano afirmou que seu partido – que venceu a sétima eleição consecutiva em São Paulo, mas dessa vez com muitos conflitos internos – precisa entender o recado das urnas e não viver do passado.

Não ganhar na capital foi um golpe para o senhor?

Vencemos em São Paulo, isso que é importante. Respeito os que votaram em mim e os que não votaram e serei o governador de todos.

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O senhor pegará um estado com contas em dia e alguma capacidade de investimento. Qual setor dedicará mais atenção já na chegada?

Esse é um bom legado do PSDB. O governador Alckmin deixou as contas no azul e vamos manter essa política fiscal responsável. As prioridades maiores são saúde e segurança. As outras, no mesmo nível, são transporte público, educação e, obviamente, gerar empregos e renda. Vamos fazer isso com mais investimento privado, fundamentalmente – embora o papel da Desenvolve SP, que é o BNDES paulista, também será importante para capitalizar indústrias, comércio, serviços e o agro, girando a economia. Desse modo, vamos contribuir com a economia brasileira, para que possa se recuperar e crescer. Quando cresce a economia, cresce o desenvolvimento social, diminui o desemprego e o país respira de outra forma.

O “bolsodoria” vai continuar? Já conversou com o presidente eleito e sua equipe? Acredita que os estados terão mais autonomia?

Sim. Esse é o pacto federativo. Ontem [domingo] falamos sobre isso ao telefone e, hoje [segunda], madrugada adentro, 4h30 eu já estava de pé e trocando mensagens com Paulo Guedes. Ele ratificou que fará o pacto federativo, o que já havia dito a mim pessoalmente. Essa é uma excepcional medida, que transfere aos estados a responsabilidade pela destinação dos recursos que, por sua vez, aqui em São Paulo, vamos descentralizar para as prefeituras. As pessoas não moram nos estados, moram nas cidades. Temos que apoiar e prestigiar os prefeitos e prefeitas com a destinação de recursos para  saúde, educação, habitação, transporte público e segurança, entre outros setores, de forma a dar mais capilaridade e velocidade. Essa é, de fato, uma boa notícia, que foi confirmada ontem [domingo] na conversa que fiz ao telefone com o presidente Jair Bolsonaro e hoje [ontem] com o Paulo Guedes. Estou otimista.

Já há muito tempo se diz que os tucanos não gostam de polícia. Como pretende tratar dos salários?

Eu sou um tucano que gosta de polícia, portanto, não são todos. Vou apoiar as polícias Militar, Civil, Científica e Corpo de Bombeiros. Vamos gradualmente melhorar a condição salarial. Faremos isso de forma responsável, sem romper a estrutura fiscal. Vamos reabrir os concursos. Temos um contingenciamento na Polícia Militar de 13 mil policiais, que precisam ser repostos nas ruas, e de 8 mil na Polícia Civil. Vamos também reequipar. A partir de janeiro, todos os veículos operacionais comprados serão blindados. Comigo vai ser polícia na rua e bandido na cadeia.

Como reestabelecer a relação com Alckmin, que ficou meio arranhada?

De minha parte não há nenhum arranhão. Tenho por ele muita estima e respeito. Tudo ao seu tempo. Caberá ao governador Alckmin, no momento certo, reabrir o diálogo, para o qual estou absolutamente aberto, e respeitosamente, como sempre fiz, até com adversários [na noite de ontem, Doria postou no Twitter que recebeu telefonema de Alckmin o cumprimentando pela vitória]. Tenho quilômetros de distância em relação ao PT e ao Fernando Haddad, no entanto, fiz transição educada do governo dele para o meu, quando venci as eleições em 2016 [pela Prefeitura de São Paulo]. Pretendo fazer o mesmo com o Márcio França (PSB) e, obviamente, com o meu partido, com aqueles que têm posições diferentes das minhas. Nesse momento, nossa sintonia é pelo voto. Temos que abrir espaço aos que foram eleitos, isso é democracia.

Qual o futuro do PSDB?

Não podemos ficar apegados ao passado. É preciso ter sintonia com o presente para planejar o futuro. Não compreender isso seria incidir no erro e isso eu não vou fazer. Ontem [domingo], para a militância e para os partidos aliados, eu disse que a partir de janeiro não tem muro, tem lado. Eu sempre tive lado, não vou ficar em cima do muro para ver o que vai acontecer. Manifestei o meu apoio claramente ao presidente eleito Jair Bolsonaro porque quero o bem do Brasil e que o governo dele seja bem sucedido. Não vou torcer contra porque tenho essa ou aquela diferença.

Tem nomes para a Segurança Pública e a Fazenda?

A partir de agora, vamos iniciar a composição. Em relação à segurança, não teremos um promotor público à frente. Não estou desmerecendo quem passou por lá e foi promotor, mas quem vai comandar a segurança será um policial, alguém com experiência e vivência nos planos militar e civil.    

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