Deter 44% do tempo de TV no horário gratuito e das inserções da eleição presidencial não serviram para alavancar a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB), que terminou a corrida com menos de 5% dos votos válidos. O líder do primeiro turno, Jair Bolsonaro (PSL), tinha pouco mais de 1% do espaço dividido entre os 13 candidatos.
Os números põem em xeque a eficiência do marketing político na televisão, mas especialistas ouvidos pelo Metro Jornal avaliam que é prematuro decretar a morte do horário eleitoral gratuito.
“As grandes campanhas presidenciais deste ano já foram todas pensadas com estratégia de WhatsApp”
Tathiana Chicarino, cientista política
“Esta eleição foi muito singular. Um candidato tinha um latifúndio no tempo de rádio e TV, mas a influência foi anulada pela rejeição aos políticos tradicionais, ao establishment”, avalia o advogado e cientista político Marcelo Issa, do movimento Transparência Partidária.
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“Bolsonaro não teve tempo de TV no horário gratuito, mas a imprensa falou dele o tempo todo. Mesmo que as pessoas não assistam os materiais na íntegra, os marqueteiros recortam trechos impactantes, e estes viralizam no Facebook e no WhatsApp”, teoriza Tathiana Chicarino, cientista política e professora da Fespsp (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo). “Não dá para cravar que a exposição fora da internet perdeu toda a importância”, conclui.
Fake news
No último domingo a presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Rosa Weber defendeu que o tribunal fez o que foi possível no combate à circulação de fake news, mas reconheceu a dificuldade. “Se tiverem a solução, por favor nos apresentem. Nós ainda não descobrimos o milagre”.
Para Chicarino, uma campanha feita à base de mensagens curtas, vídeos e ‘memes’ tem se profissionalizado. “As grandes campanhas presidenciais deste ano já foram todas pensadas com estratégia de WhatsApp”, avalia.
“A influência [da televisão] foi anulada pela rejeição aos políticos tradicionais, ao establishment”
Marcelo Issa, advogado
Issa defende que o controle de fake news não pode ser feito com restrição das informações, e sim com aumento da capacidade do eleitor de identificar e filtrar o que recebe. “Precisamos avançar na formação política”, opina.
Também é prematuro, segundo Chicarino, dizer que o antipetismo tenha sido a maior corrente potencializada pelo WhatsApp. “O auge do desgaste do PT foi em 2016, o que se viu nas eleições municipais. A partir daí o partido conseguiu unificar eleitores em torno do discurso de perseguição política. Tanto que foi ao segundo turno”, diz. METRO brasília