O último dia em que o então coordenador de segurança do trabalho Ronaldo Silva conseguiu se sustentar sobre as próprias pernas foi em janeiro de 2016. O corriqueiro trajeto de casa até a academia era feito na companhia da esposa, mas foi interrompido por dois criminosos armados. A abordagem violenta e a ameaça de matar a mulher geraram em Silva a reação que terminou em um tiro que lhe deixou paraplégico aos 36 anos de idade.
Depois de passar por três cirurgias e ficar 53 dias internado no hospital, de onde entrou com 90 kg e saiu com 39 kg, Silva iniciou atividades para recuperação física e deu uma nova virada em sua vida no fim do ano passado. Foi quando conheceu Chico.
Professor no curso de monitor de esportes radicais, Francisco Moreira, o Chico, 59 anos, encontrou com Silva em um evento de rapel e se impressionou com o cadeirante dedicado. Logo surgiu o convite para que Silva se tornasse voluntário no curso oferecido por Moreira na Etec (Escola Técnica Estadual) Curt Walter Otto Baumgart, na zona norte da capital.
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Silva aceitou o convite, e três meses depois já frequentava as aulas “Foi muito bom para minha autoestima perceber que as limitações estavam mais na minha cabeça do que na realidade.”
“A vivência dele é inspiradora. Possibilita a alunos e professores do curso experimentarem na prática a inclusão nos esportes radicais”, completou Moreira.
O curso – que tem duração de um mês, com aulas de segunda a sexta-feira e forma até 30 alunos por turma – ganhou agora a ajuda do ex-aluno Silva na organização. “Isso incentiva outros deficientes a praticar esportes. A deficiência não é empecilho, todos têm capacidade”, disse o cadeirante.
O rapel e o mergulho são as suas práticas favoritas no esporte. Silva diz que as atividades físicas foram responsáveis por evitar uma depressão em que ele sentia prestes a entrar. “Quando estou fazendo atividade, encontro uma paz interior; me sinto vivo, vendo o que sou capaz de fazer. Quero expandir isso para outras pessoas.”