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Polarização nacional ofusca eleição estadual

A alta voltagem na disputa entre os candidatos à Presidência está fazendo com que os eleitores venham deixando de lado os temas locais. Na dúvida sobre quem escolher em uma campanha polarizada entre os opostos Jair Bolsonaro (PSL) e o PT de Fernando Haddad, o eleitorado está deixando cada vez mais para última hora a escolha dos outros nomes.

Segundo o  cientista político da UFPR (Universidade Federal do Paraná), Emerson Cervi, apesar de historicamente a decisão de todos votos ficar mesmo para a última semana, neste ano o encurtamento da campanha e a situação da candidatura do PT trouxeram novas variáveis. “A eleição deste ano é extraordinária especialmente por causa do Lula. Nunca nós tivemos uma troca de candidato tão perto da data de voto e com possibilidade de ir para o segundo turno”, diz.

Para Cervi, uma parte do eleitorado, preocupada  com a campanha nacional, pode deixar sim para a última hora a decisão do voto ao governo. Ele alerta, no entanto, que o alheamento dos eleitores foi deliberado pela classe política, especialmente criando os privilégios e o encurtamento da campanha. “Isso foi muito ruim,  porque desconectou o eleitor da política”, diz.

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São Paulo

Em São Paulo, as últimas pesquisas de intenção de voto para o governo do estado de Ibope e Datafolha mostram um persistente empate técnico entre Paulo Skaf (MDB) e João Doria (PSDB), dentro da margem de erro. Desde 2002, não havia uma disputa no estado que indicasse segundo turno – nas três últimas eleições, os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin (duas vezes) ganharam no primeiro turno.

Por outro lado, a última sondagem de cada instituto aponta que um a cada quatro eleitores está sem candidato no estado. No Datafolha de 18 e 19 de setembro, 8% não sabiam em quem votar – semelhante às últimas eleições (veja quadro) –, mas 17% dos entrevistados disseram que deveriam votar em branco, nulo ou em nenhum dos postulantes. No Ibope desta semana, o número era parecido: 18% de brancos e nulos e 7% que não souberam responder.

Para o sociólogo Antonio Lavareda, esses dados podem indicar tanto falta de interesse na eleição estadual como um “sufocamento” dessa disputa por causa do pleito federal. “As duas coisas. Temos uma eleição presidencial que atrai todas as disputas, que começou bipolar e agora tem um terceiro candidato competitivo em ascensão”, pontua. “Com essa margem elevada em patamar inédito de indecisão, todas as hipóteses de resultado no primeiro turno são plausíveis.”

Ouvidas sob condição de não serem identificadas, pessoas envolvidas nas campanhas de candidatos em SP confirmam essa dificuldade de chamar a atenção para a eleição local, variando conforme o cabeça da chapa nacional.   

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