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Astrônomo torce pela queda de um meteorito em Santo André

Cuidado com a cabeça! Núcleo de Observação do Céu da cidade faz primeiro balanço e comemora 225 registros de meteoros

Marcos Calil mostra utilização do software que flagra os meteoros Divulgação

O astrônomo Marcos Calil torce para que em breve um meteorito caia no território de Santo André. Mas nenhum morador deve se alarmar com catástrofes, como a destruição do Paço, o fim do parque Celso Daniel ou qualquer outro acidente fatal.

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O coordenador científico do Planetário e Cinedome Johannes Kepler, instalado na Sabina, garante que não há indícios de corpos de grande tamanho se aproximando e que a queda dos objetos menores será orgulho para a cidade. “Vamos dar a ele o nome de Santo André. Os meteoritos têm grande valor científico e até de mercado.”

As chances de um acontecimento como este ser pela primeira vez registrado na região não são pequenas. Isto porque desde abril Calil coordena o Núcleo de Observação do Céu, projeto que monitora pela primeira vez na região a quantidade de meteoros que passam pelo céu. O professor explica que os meteoros são fenômenos luminosos, resultado da reação de um corpo em contato com a atmosfera. Em seu trajeto, ele perde matéria e se fragmenta antes se alcançar o solo.

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Quando esse objeto, que pode ser tanto lixo espacial como pedaço de outros planetas, chega à Terra, ele é chamado de meteorito.

Calil afirma que em quatro meses os equipamentos do Núcleo de Observação do Céu flagraram 225 registros de meteoros pelo céu da cidade, média de 2 a 3 por noite. O número real deve ser ainda maior, já que não é possível fazer o monitoramento em dias com tempo encoberto.

“É um número maior do que imaginávamos. Como estamos em uma cidade com muitas luzes artificiais, a expectativa era de dificuldade para visualização”, conta o coordenador.

O trabalho é realizado em parceria com a Bramon, organização sem fins lucrativos que opera rede nacional de monitoramento de meteoros. O núcleo da Sabina possui equipamento que grava imagens 24 horas da atmosfera da região Sul do país. Os meteoros são identificados com a ajuda de um software e os dados são enviados para análise da Bramon.

A parceria coloca o planetário de Santo André na rota das pesquisas e divulgação científica, além de espaço para educação. O projeto abre espaço também para que moradores enviem pedras com suspeitas de serem meteorito para análise. A Sabina fica na rua Juquiá, altura do número 135, Paraíso.

Entrevista

Coordenador do planetário explica a importância dos estudos sobre meteoros

O que achou dos primeiros resultados da observação de meteoros?
Superou nossas expectativas. Como estamos em cidade luminosa, não esperava tantos. A questão da visualização é muito difícil. Até hoje só havia visto apenas um em São Bernardo.

Como vocês definem o meteoro?
Ele é um fenômeno luminoso no céu, uma reação de um corpo que entra em contato com a atmosfera. Ele vai perdendo matéria neste percurso. Todos que capturamos se fragmentaram. Quando ele cai em terra, é um meteorito. Nossa expectativa é que caia e que a câmera tenha capacidade de encontrar e saber para onde devemos ir e fazer a captura. Se isso ocorrer, teremos o meteorito de Santo André. Será um presente para a cidade.

Qual seria a importância desse meteorito?
O meteorito, dependendo da composição química, nos traz elementos para pesquisa. Ele nos fornece dados como velocidade que caiu, brilho, consegue calcular se vem de cometa, da Lua, por exemplo. Dependendo da origem, tem preço de mercado. Existe meteorito de Marte do tamanho de um dedo que custa R$ 15 mil. Tem que agir rapidamente quando flagra a queda porque vem gente de fora do Brasil para pegar. Existe mercado negro de meteoritos. Se ele cai na rua, é de quem pegou. Nós queremos encontrar para uso educacional e científico. Mas se alguém pega antes, vai querer vender.

Como se diferencia uma pedra comum de um meteorito?
O teste mais fácil é utilizar um ímã e se houver atração, deve ser meteorito. Ele terá também aspecto mais gelado e cheiro de ferro.

Há risco do meteorito acertar alguém?
Em termos de registro, há notícia apenas de um que ricocheteou em uma pessoa. É mais comum eles acertarem um carro, uma caixa de correio, uma propriedade. Mas é mais fácil uma pessoa ser acertada por uma máquina de refrigerantes do que por um meteorito.

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