Rebaixado neste domingo a depressão tropical, o Florence, que chegou aos Estados Unidos na sexta-feira como um furacão de categoria 1, «está mais perigoso do que nunca» e traz riscos crescentes de mortes em diversas áreas.
Autoridades explicam que, apesar de a tempestade ter perdido força, o perigo continua, por causa principalmente de enchentes e de inundações que já estão ocorrendo e que poderão alcançar proporções consideradas «catastróficas» nos próximos dias.
O alerta foi feito pelo governador da Carolina do Norte, um dos Estados afetados, Roy Cooper.
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Em um balanço da situação apresentado à imprensa, ele orientou a população a ficar longe das estradas em cidades como Wilmington, que ficou isolada do restante do Estado por causa das fortes enchentes que se seguiram à passagem do furacão.
Mesmo tendo
enfraquecido desde que atingiu a costa na sexta-feira, o Florence tem despejado enormes volumes de chuva enquanto se move pela Carolina do Norte e pela Carolina do Sul.
O furacão deixou prejuízos e mortos – ao menos 11 na Carolina do Norte e outros seis na Carolina do Sul.
Agora como depressão tropical, ele se desloca lentamente para o oeste, mas a expectativa é que altere a rota e vire para o norte, em direção a Ohio.
Quais são os riscos?
Os ventos das depressões tropicais, em geral, não ultrapassam 60 km/h – menos da metade da velocidade média dos furacões.
Apesar disso, a previsão para os Estados Unidos é que o Florence continue provocando inundações e enchentes nos rios sobre parte significativa das Carolinas.
Seus ventos têm mantido velocidade de 55 km/h com rajadas mais rápidas, segundo o Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês).
Em sua última atualização sobre a situação na Carolina do Norte, Cooper disse que a tempestade «está mais perigosa do que nunca».
Os rios ainda estavam subindo e poderiam chegar ao nível máximo até esta segunda-feira.
Quase 600 milímetros de chuva caíram em diversas áreas.
O governador também alertou sobre deslizamentos de terra, uma vez que o mau tempo alcançou mais áreas montanhosas.
Evacuações e ‘situação de desastre’
Mais de 900 pessoas foram resgatadas de regiões inundadas apenas na Carolina do Norte.
Wilmington, que tem aproximadamente 120 mil habitantes, ficou ilhada, e cerca de 400 moradores tiveram de ser resgatados. A maior parte da cidade permanece sem energia elétrica.
O Serviço Nacional de Meteorologia alertou que haverá pelo menos mais dois dias com possíveis enchentes antes que as condições tenham previsão de melhora.
A cidade é mais conhecida como local de filmagem das séries de TV americanas One Tree Hill e Dawson’s Creek. Também foi lá que a lenda do basquete norte-americano Michael Jordan cresceu – agora, ele está angariando fundos para ajudar os moradores.
Em Fayetteville, outra cidade do Estado, moradores de regiões próximas aos dois rios que cortam o município tiveram de deixar suas casas.
«Se você está se recusando a sair durante esta evacuação obrigatória, é preciso que tome providências, como avisar aos seus parentes mais próximos, porque a perda de vidas é muito, muito possível», alertou o prefeito Mitch Colvin.
O presidente dos EUA, Donald Trump, declarou situação de desastre em oito condados da Carolina do Norte – o que ajudará a liberar recursos federais para os esforços de recuperação. O Estado está pedindo que mais condados sejam adicionados à lista.
A expectativa é que Trump visite nos próximos dias as áreas afetadas.
Mortos
Dados divulgados até agora relacionam ao menos 17 mortes a eventos associados ao Florence, a maioria delas na Carolina do Norte.
Entre as vítimas fatais estão uma mãe e seu bebê de sete meses, que morreram na sexta-feira, quando uma árvore caiu sobre a casa em que viviam em Wilmington.
No Condado de Lenoir, também na Carolina do Norte, dois idosos com cerca de 70 anos de idade morreram – um ao ser atingido pela ventania enquanto verificava como estavam seus cães e outro enquanto conectava cabos de extensão elétrica.
Na Carolina do Sul, por sua vez, dois homens morreram por intoxicação com monóxido de carbono liberado por um gerador dentro de casa e outras quatro pessoas foram vítimas de acidentes nas estradas.
Sem energia
O Florence desembarcou na Carolina do Norte inicialmente como furacão de categoria 1 na escala de Saffir-Simpson, que mede a intensidade dos ventos e varia de 1 a 5, sendo 5 a mais forte.
A tempestade tem perdido força à medida que se desloca para o interior, mas, ainda assim, foi capaz de derrubar o fornecimento de energia elétrica para 800 mil empresas e residências nas Carolinas. Muitos ainda estão sem energia.
Quinze mil pessoas estão alojadas em abrigos temporários na Carolina do Norte.
E dez cozinhas estão sendo montadas para possibilitar o fornecimento de alimentação em massa aos desabrigados.
A guarda costeira e embarcações voluntárias têm ajudado pessoas atingidas pelas crescentes inundações.
Dezenas de moradores tiveram que ser resgatados dessas áreas, no sábado, por equipes de emergência e voluntários em New Bern, na Carolina do Norte.
«(A inundação) foi como um trem-bala vindo pela sala de estar. Nunca tinha vivido algo parecido. Fiquei realmente assustado», disse Charles Rucker, morador de uma áreas afetadas, em entrevista à agência de notícias AFP.
A polícia de Wilmington disse que prendeu cinco pessoas por supostamente saquearem uma loja de descontos.