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Crianças do ABC são as que passam mais tempo no celular

Crianças do ABC lideram ranking mundial sobre o tempo diário gasto em frente a telas como smartphones e tablets. É o que aponta o Estudo Internacional de Obesidade, Estilo de Vida e Ambiente na Infância, que avaliou os hábitos de jovens entre 9 e 11 anos em 12 países em 2015. No Brasil, a pesquisa foi feita tendo como base de amostragem cerca de 500 meninos e meninas de São Caetano.

Quem fez o levantamento de dados nacional foi o Celafiscs (Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano). O coordenador-científico da entidade, Victor Matsudo, afirma que os adolescentes da cidade ficam cerca de quatro horas e meia em frente às “pequenas telas”. Já a média dos outros países avaliados é de três horas e meia.

O especialista explica que as estatísticas não refletem apenas os dados da cidade, mas de todo o ABC e da Grande São Paulo. “É praticamente a realidade dos jovens da cidades da região metropolitana”, afirma.

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As crianças de São Caetano superaram o tempo de uso de dispositivos eletrônicos dos garotos e garotas dos Estados Unidos, África do Sul, Finlândia, Reino Unido, Colômbia, Austrália, Canadá, Portugal, Quênia, China e Índia – o ranking é exatamente nesta ordem decrescente. “É bom que fique claro que estamos comparando com países desenvolvidos, onde a introdução da tecnologia é grande também”, afirma Matsudo.

Segundo o especialista, o fato de os jovens estarem muito tempo conectados está diretamente ligado ao aumento do sedentarismo entre eles. “Um alerta que faço é: se continuar do jeito que está, esta será a primeira geração que pais vão enterrar filhos e não o contrário. Os jovens estão fazendo cada vez menos atividades físicas e isso aumenta o risco precoce de doenças, como as cardiovasculares.”

O que fazer

Para mudar este cenário, Matsudo diz que é necessário as escolas mudarem o perfil das aulas de educação física. “É importante deixar claro para esses jovens que a inatividade pode causar sérios problemas à saúde. Então, não é só dar aulas de basquete, futebol, vôlei, mas tem que estimulá-los a ter uma rotina de atividade física.”

Segundo o especialista, outro fator importantíssimo é o incentivo dentro de casa. “Há dados que mostram que se a mãe é ativa, dobra a chance de o filho também ser. Se o pai pratica esportes, a chance é três vezes maior de o filho seguir esse caminho. Se mãe e pai são ativos, aumenta em 5,8 vezes a possibilidade de a criança ser também. Não adianta colocar o filho em uma aula de esporte se os pais não praticam nada, não dão o exemplo”, comentou.

Cenário geral

O sedentarismo no ABC não cresce somente entre os jovens. Pesquisa do Celafiscs mostra que de 2008 para 2017, últimos anos em que o estudo foi feito, a quantidade de pessoas da região que não praticam nenhuma atividade física ou praticam abaixo do recomendado pelos médicos (ao menos 30 minutos diários) subiu de 13,6% para 25,1%. Já o número dos que são ativos ou muito ativos caiu de 86,4% para 74,9% na comparação entre os dois anos citados.

Matsudo aponta três fatores para o aumento da quantidade de sedentários: uso excessivo de smartphones e tablets, falta de investimento do poder público em áreas para prática esportiva e maior sensação de insegurança, que impede os moradores de saírem nas ruas para fazer exercícios.

Enquanto garoto joga, idoso pratica exercícios em parque

Uma cena presenciada pela reportagem do Metro Jornal no Espaço Verde Chico Mendes, em São Caetano, exemplifica os dados levantados pela pesquisa internacional. Enquanto o estudante Arthur Loiola, 11 anos, estava na área de lazer para jogar no celular, o aposentado Vagner Ambrósio, 61 anos, praticava exercícios com o objetivo de cuidar da saúde.

Mãe de Loiola, a assistente de farmácia Roberta Dacioli, 42 anos, afirma que o filho adora tecnologia. No entanto, ela garante que impõe regras para o jovem utilizar o celular. “Temos um controle e procuramos regular o tempo que ele passa no celular. Ele fica, no máximo, duas horas por dia”, disse.

O estudante explica que gosta dos jogos e também dos exercícios. “Faço judô, futebol e academia”, afirmou.

Já o aposentado começou a praticar exercícios há cerca de dois anos após conselhos de amigos. Ele frequenta o parque três vezes por semana para correr e realizar alongamento, abdominal e outras atividades. “Percebi que a minha saúde melhorou bastante. Emagreci sete quilos, além de me sentir melhor e mais disposto no dia a dia”, relatou Ambrósio.

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