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Reações a atentado contra Bolsonaro refletem polarização nas redes sociais

A FGV DAPP analisou tuites e concluiu que o maior grupo de usuários foi aquele que questionou a veracidade do ataque. O segundo maior atacava a esquerda.

As discussões no Twitter sobre o ataque ao candidato Jair Bolsonaro (PSL) – esfaqueado na tarde de quinta-feira (6) durante um ato de campanha em Minas Gerais – foram dominadas por grupos que, de um lado, questionavam a veracidade do atentado e, do outro, demonstravam solidariedade a Bolsonaro e culpavam a esquerda pelo que havia acontecido.

A Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP) analisou 259.438 retuítes coletados entre 17h e 18h30 de quinta-feira sobre o ataque e identificou que alguns grupos se formaram nas discussões.

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O maior deles, com 43,4% dos perfis, questionava a veracidade do ataque. «O principal tuíte do grupo classifica o ataque como uma ‘fake facada'», diz relatório da FGV.

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Esses perfis também diziam que o candidato pode ter planejado o próprio ataque e afirmaram ter medo de que o caso facilite a sua eleição. Também criticam o fato de Bolsonaro apoiar o porte de armas. Segundo esses usuários, isso geraria atos de violência ainda piores do que a sofrida pelo candidato, diz a FGV.

O segundo maior grupo, com 17% dos perfis em interação, demonstra solidariedade ao candidato e culpa a esquerda pelo atentado. «O suspeito de esfaquear o candidato é classificado pelo grupo como um ‘ativista comunista'», diz o relatório. Os perfis também reagem àqueles que dizem que Bolsonaro teria provocado o ataque.

O menor grupo, (5,5%), demonstra solidariedade a Bolsonaro, apesar de não gostar do candidato, e diz esperar que o ataque faça-o repensar seu posicionamento sobre armas. Outro comentário comum nesse grupo foi que o ataque a Bolsonaro seria responsável por sua eleição por transformá-lo em um mártir, diz o relatório.

O número de referências a Bolsonaro chegou a mais de 1,4 milhão entre as 16h e as 20h de quinta-feira.

Menções a Lula, Haddad, Boulos e Ciro

O ex-presidente Lula foi o político mais mencionado no debate virtual no Twitter nesse período, diz o relatório. As principais menções lembravam o ataque a tiros, ocorrido ao março, a um ônibus que transportava apoiadores dele, no Paraná. Os tuítes afirmam que a divisão entre direita e esquerda estaria adoecendo o Brasil, segundo o relatório. Os usuários lembram eventos recentes envolvendo casos de violência na política, como o assassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio.

Surgiram também acusações contra o PT. Nesses casos, eram mais comuns menções ao partido e a Fernando Haddad, hoje vice na chapa de Lula e provável substituto do ex-presidente na cabeça da chapa, já que Lula teve sua candidatura barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O candidato Guilherme Boulos e o seu partido, o PSOL, também foram citados em tuítes que acusavam a esquerda, pois o suspeito de ter cometido o ataque, Adelio Bispo de Oliveira, 40, foi filiado ao partido de 2007 a 2014.

Usuários também citaram o candidato Ciro Gomes (PDT), pois circulou um boato de que o suspeito era filiado ao partido, o que não é verdade. No entanto, diz a FGV, a maior parte das menções a Ciro traziam as declarações do candidato sobre o ataque a Bolsonaro.

Usuários comparam caso a House of Cards e lembram de Kennedy

Segundo o relatório da FGV, muitos usuários citaram a série «House of Cards», tanto pela reviravolta que o ataque pode representar para as eleições quanto porque, na série, o protagonista vivido por Kevin Spacey também é atacado em campanha.

Outros lembraram o atentado contra o presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy, em 1963.

Até as 18h de quinta-feira, o assunto repercutia no tuítes de 12 países: Argentina, Chile, Vietnã, Porto Rico, México, Estados Unidos, Venezuela, Bahrein, Colômbia, Bielorússia, Reino Unido e Espanha. Argentina e Chile foram os primeiros países a terem entre os assuntos mais mencionados a referência ao nome do candidato.

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