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Brasileiro narra pânico em terremoto no Japão: “Parecia que o chão tinha subido e despencado de repente”

Terremoto de magnitude 6,7 na escala Richter atingiu toda a ilha ocupada pela província de Hokkaido, no extremo norte do Japão. Houve vários deslizamentos e a interrupção do fornecimento de energia tornou tudo mais difícil.

Em 21 anos de Japão, Sandro Roberto Pereira, 49, acumula uma série de experiências com terremotos. Mas nenhuma delas lembra o que vivenciou na madrugada desta quinta-feira  (6). Eram 3h08, quando o brasileiro sentiu um forte soco vindo debaixo da cama.

«Os tremores geralmente vêm gradativos. Desta vez, foi um golpe só. Parecia que o chão tinha subido e despencado de repente», relata. Objetos da casa caíram, criando um cenário de caos no apartamento.

«Só não me machuquei porque estava dormindo debaixo do batente. As colunas chegaram a entortar.»

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O terremoto de magnitude 6,7 na escala Richter atingiu toda a ilha ocupada pela província de Hokkaido, no extremo norte do Japão. Houve vários deslizamentos e a interrupção do fornecimento de energia tornou tudo mais difícil.

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O apagão afetou 5,3 milhões de habitantes em quase 3 milhões de domicílios. «Muita gente foi procurar comida em lojas de conveniência e supermercados, mas encontrou tudo fechado porque não tinha luz», conta o brasileiro.

Serviços de transporte, empresas e até a Bolsa de Valores de Hokkaido suspenderam suas operações por falta de energia elétrica.

O serviço hospitalar funcionou com a energia de geradores, mas metade dos doze principais hospitais ficaram sem condições de atender emergências.

O primeiro tremor na pequena cidade de Atsuma foi tão forte, que a Agência de Meteorologia do Japão resolveu elevar de Shindo 6 para 7, o nível máximo na medição sísmica japonesa.

Diferente da escala Richter que mede a quantidade de energia liberada (magnitude), o sistema usado pelos japoneses descreve o grau de vibração num ponto da superfície.

No nível Shindo 7, fica impossível caminhar e mesmo as casas mais resistentes podem apresentar danos.

Até o início da noite, o saldo era de sete mortos, 300 feridos e 30 pessoas desaparecidas em consequência do fortíssimo terremoto. De acordo com o setor de assistência do Consulado-geral do Brasil em Tóquio, não há brasileiros entre as vítimas.

Negócios prejudicados

Na província de Hokkaido residem 150 brasileiros, a maioria na capital Sapporo. Sandro é um deles. Há um ano, ele trocou a província de Nagano por Hokkaido, onde é chefe de cozinha em uma churrascaria no centro da cidade.

Com o terremoto, o estabelecimento ficou sem condições de atendimento e precisou cancelar todas as reservas. «Quebrou muita coisa e não tem energia elétrica. As carnes coloquei no freezer, desligado, para elas não estragarem. Pelo menos é mais fresco, mas não sei por quanto tempo vão aguentar».

Mesmo sem água nem luz, Sandro decidiu passar a noite na churrascaria por confiar na estrutura do prédio, e também por estar totalmente abastecido. Enquanto isso, calcula os prejuízos.

«Quando teve aquele grande terremoto em 2011, minha loja em Nagano sofreu um baque porque a economia local enfraqueceu com o fechamento das pequenas fábricas da região. Os clientes sumiram».

Esse episódio levou o brasileiro à seguinte conclusão: o terremoto é a maior ameaça de qualquer empreendimento no país.

Estragos

Ainda é desconhecida a extensão dos estragos em toda a Província, famosa pela criação de gado e pela indústria florestal. A situação que já estava difícil ficou pior ainda com o apagão histórico.

Pelas previsões do ministro de Comércio e Indústria do Japão, Hiroshige Seko, vai levar pelo menos uma semana para o restabelecimento do fornecimento de energia em toda a região. De acordo com o Ministério, até o final desta sexta-feira será possível restaurar 2,9 gigawatts, volume insuficiente para cobrir toda a demanda que chega 3,8 gigawatts.

Hokkaido tinha acabado de passar pela forte tempestade tropical em que se transformou o tufão Jebi. Perto do epicentro, deslizamentos de terra simultâneos ocorridos com os tremores destruíram moradias em Atsuma, cidade onde residem todos os desaparecidos registrados até agora.

Especialistas alertam que a parte afetada da colina poderá ceder com novos tremores.

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