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Água da represa Billings está pior do que se imaginava

ALESSANDRO VALLE/ABCDIGIPRESS

As aparências enganam. Esse dito popular resume bem a situação da represa Billings.

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Estudo inédito da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) mostra que vários pontos do reservatório apresentam condições aceitáveis de água, mas no fundo concentram metais pesados e diversos tipos de bactérias.

A pesquisa fez coleta em 164 pontos de superfície e 50 de fundo. Quem retira as amostras é o ecoesportista Dan Robson, que desde 2010 faz expedições na represa para avaliação da água em parceria com a instituição de ensino superior da região e neste ano começou a utilizar uma garrafa especial que chega até a parte de baixo do reservatório. Foram coletados, entre abril e maio, materiais do fundo do reservatório em Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires, Santo André, Diadema, São Bernardo e São Paulo. Do total analisado, nenhum apresentou boa ou ótima qualidade – oito eram regulares, 12 ruins e 30 péssimas.

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Foram encontradas bactérias de 12 grupos diferentes que até então não tinham sido achadas, entre elas espécies de decomposição de matérias orgânicas. Porém, o que mais chamou a atenção foram 8 grupos de bactérias causadoras de doenças de pele e gastrointerites em caso de contato com a água. “Mesmo em áreas que a superfície estava com qualidade boa ou regular, o fundo apresentou qualidade ruim ou péssima”, diz o resumo do estudo.

Para a professora da USCS e responsável-técnica da pesquisa, o resultado das novas coletas surpreendeu. “Chegamos a um lodo que a gente não tinha noção de como era. No laboratório, encontramos muita coisa. O que me assustou é que na superfície eram achadas três ou quatro espécies de bactéria, e encontramos o triplo disso no fundo.” Outra grande preocupação foi que a parte de baixo da represa também apresenta concentração muito grande de metais pesados.

“A pesquisa revelou ferro, chumbo, zinco, cádmio. Este último pode causar câncer”, alertou Marta. A quantidade de lodo depositado no fundo do reservatório também foi considerada “absurdamente grande”. A pesquisa aponta que alguns pontos chegam até quatro metros desse tipo de material. “Fica o alerta. A gente faz o estudo, mas é preciso manutenção e cuidados no reservatório, e isso é papel do poder público.

O grande problema é que existem planos, como o hidroanel ou implantação de dutos, que podem fazer grandes movimentações na represa. Toda vez que você mexer no fundo, tudo isso sobe para a superfície. Como a Sabesp faz captação de água na parte de cima, obviamente pode afetar a parte de abastecimento da população”, afirmou a professora.

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