O vídeo de uma ativista a bordo de um avião na Suécia, que impediu a deportação de um homem afegão que havia pedido asilo no país, destacou o abismo na Europa em relação à imigração, disseram especialistas em direitos humanos nesta quarta-feira (25).
A estudante universitária Elin Ersson transmitiu um vídeo ao vivo no Facebook na segunda-feira, mostrando que se recusava a sentar-se até que o afegão fosse retirado do vôo no aeroporto de Gotemburgo.
«Eu não vou me sentar até que essa pessoa esteja fora do avião», diz a jovem de 21 anos no vídeo, que se tornou viral e foi visto pelo menos 2,7 milhões de vezes no Facebook.
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«Eu não quero que a vida de um homem seja tirada apenas para você não perder um vôo», diz Ersson, explicando que ela é contra a política de deportação da Suécia, que considera o Afeganistão um país seguro e envia todos os requerentes de asilo rejeitados.
Sueca impede decolagem de avião para evitar deportação de afegão pic.twitter.com/unMLXiHQp8
— DW Brasil (@dw_brasil) July 25, 2018
Com os políticos anti-imigração aumentando as apostas nos países da UE, da Alemanha e da Áustria para a Itália e a Hungria, o bloco está buscando mais maneiras de conter as chegadas no Mediterrâneo.
As chegadas caíram para cerca de 50 mil refugiados e migrantes este ano, de um pico de mais de um milhão em 2015, segundo dados da ONU. Mas profundas divisões permanecem entre as nações européias.
A Suécia acolheu 163.000 requerentes de asilo em 2015, o que resultou numa reação dos eleitores e no retorno político do governo minoritário liderado pelos social-democratas. Antes das eleições de 9 de setembro, os dois principais partidos dizem que a Suécia não retornará a essas regras liberais de asilo.
«Estamos em uma situação muito crítica na Europa, estamos testemunhando uma séria reação contra tudo o que é visto como estrangeiro», disse Hameed Hakimi, pesquisador associado da Chatham House, um centro de estudos de Londres, à Thomson Reuters Foundation.
Hakimi disse que é improvável que a intervenção de Ersson mude o destino do homem afegão no vídeo, mas tais atos foram importantes para atrair a atenção dos governos.
«Isso … precisa acontecer com mais frequência … para ter um efeito cascata disso durante um período prolongado de tempo», disse Hakimi.
«Quando as comunidades se unem, elas podem impedir a deportação», disse ele, acrescentando que o Afeganistão é «extremamente volátil».
O governo sueco não pôde ser imediatamente contatado para comentar, e o destino do solicitante de asilo afegão não estava claro.
O governo do Afeganistão, apoiado pelo Ocidente, está lutando uma intensificação da guerra tanto com o Taleban quanto com o Estado Islâmico, com muitas pessoas sendo expulsas do país pelo conflito e pela pobreza.
«As pessoas que estão sendo deportadas para o Afeganistão correm o risco de serem submetidas a sérias violações de direitos humanos», disse Madelaine Seidlitz, advogada da Anistia Internacional na Suécia.
“A Anistia é da opinião de que ninguém deve ser deportado à força de volta ao Afeganistão”.