No último ano, todas as vacinas obrigatórias para crianças de até seis anos tiveram queda nos índices de cobertura na cidade de São Paulo. No ano passado, somente a BCG, que protege contra a tuberculose, foi aplicada em ao menos 95% dos que deveriam ter sido alcançados, segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde. Abaixo desse índice, a população fica suscetível à ocorrência de surtos.
O alerta é maior no caso da poliomielite, doença considerada erradicada no país, e do sarampo, que voltou a registrar casos neste ano no Norte, no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro. A campanha nacional de vacinação prevista para começar no próximo mês deve ter foco redobrado nas doses contra essas duas doenças. E, na capital, as duas ficaram abaixo de 90% nos dois últimos anos (veja quadro).
“No caso do sarampo o risco é maior. Já temos casos autóctones no país [transmitidos na própria localidade], por causa da circulação do vírus”, disse Melissa Palmieri, 40 anos, coordenadora médica de vacinas do Grupo Hermes Pardini e integrante da Vigilância Epidemiológica municipal. “Se tivesse 95% de cobertura vacinal, isso não teria acontecido.”
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Mas por que os índices não chegam mais ao mínimo seguro? O vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), Renato Kfouri, avalia que a perda de percepção de risco é um dos fatores dessa queda. “A vacina é vítima do próprio sucesso. Ela elimina doenças, que as pessoas passam a ignorar.”
Melissa acrescenta que há um efeito dos grupos antivacina. E lembra que o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) torna vacinar um ato obrigatório para os pais e responsáveis, sob risco de sanção aos que não levarem seus filhos para tomar as doses oferecidas pelo sistema público de saúde.