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“Passei por três famílias na infância e, 40 anos depois, descobri minha verdadeira identidade”

Paul Fronczak foi entregue pelas autoridades a uma família cujo filho foi sequestrado. Mas será que ele era o bebê certo?

Um dia depois de seu nascimento, Paul Joseph Fronczak foi roubado de um hospital em Chicago. A terrível história ganhou as manchetes nos Estados Unidos no ano de 1964.

Então, dois anos depois, uma criança abandonada foi identificada como sendo o bebê roubado, e entregue a pais aliviados. Anos mais tarde, Fronczak começou a investigar o que realmente tinha ocorrido – e ficou chocado com o que descobriu.

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Aos 10 anos de idade, Fronczak estava procurando presentes de natal escondidos no porão da casa de seus pais. Ele afastou um sofá do lugar, e encontrou lá três misteriosas caixas, cheias de cartas antigas e recortes de jornais.

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Uma das manchetes dizia: «200 (pessoas) procuram por bebê roubado». Outra: «Mãe pede a sequestrador que devolva bebê». Ele reconheceu seus pais nas imagens, parecendo fragilizados e bem mais jovens. Então, leu que o bebê deles, Paul Joseph, tinha sido sequestrado.

«Uau, sou eu!», pensou ele.

Retirado do colo da mãe

A história era sensacional. No dia 26 de abril de 1964, sua mãe, Dora Fronczak, teve um bebê do sexo masculino no hospital Michael Reese. Ela ficou com o bebê ao longo do dia – só o deixava quando ele estava dormindo com outras crianças no berçário. Mas, na manhã seguinte, uma mulher vestida como enfermeira veio até o quarto de Dora e pegou o bebê para ser examinado por um médico. A criança nunca retornou.

A equipe do hospital percebeu que havia algo errado e uma busca frenética pela criança logo começou. Apesar disso, o hospital não notificou as autoridades – e nem os pais da criança – até o começo da tarde. Às 15h, eles procuraram o pai, Chester Fronczak, na fábrica onde ele trabalhava.

«Meu pai teve de deixar o trabalho, ir ao hospital e contar à esposa que o bebê tinha desaparecido», diz Paul. «Você acha que está seguro – num hospital – e o seu bebê acaba raptado», conta.

Uma das maiores mobilizações de busca da história de Chicago teve início, envolvendo 175 mil trabalhadores do serviço postal, 200 policiais e o FBI (a Polícia Federal americana). Eles procuraram em 600 casas até a meia-noite, sem sucesso.

Sobressaltado pela descoberta, Paul correu escada acima com um punhado de recortes de jornais para perguntar se ele era a criança da história.

Dora, a mãe, reagiu com irritação e deu uma bronca no menino, por ser intrometido. Mas admitiu: «Sim, você foi sequestrado, nós te encontramos, nós te amamos e isso é tudo que você precisa saber.»

Paul sabia que não deveria levantar o assunto novamente, e não levantou – pelos 40 anos seguintes.

Mas sua curiosidade não tinha sido satisfeita e, quando estava sozinho em casa, ele às vezes descia ao porão para ler mais sobre o assunto.

Foi assim que ele descobriu a segunda parte da história – de como ele acabou indo morar com os Fronczaks.

Depois do sequestro, Dora e Chester ficaram no hospital por uma semana, esperando por notícias. Quando voltaram para casa, estavam cercados pela imprensa. Apesar de toda a publicidade, não havia pistas críveis sobre o crime – o bebê desaparecera. A investigação foi discretamente engavetada, aos poucos.


Então, em março de 1966, quase dois anos depois, Dora e Chester receberam uma carta do FBI – uma criança de colo tinha sido achada na cidade de Newark, em Nova Jersey, que batia com a descrição do filho deles.

O garoto tinha sido abandonado num carrinho de bebê num centro comercial movimentado da cidade em julho do ano anterior, e entregue a uma família provisória, os Eckerts. Eles o batizaram como Scott McKinley e tinha gostado tanto da criança que estavam pensando em adotá-la permanentemente.

Antes que eles pudessem fazê-lo, no entanto, um detetive da polícia de Nova Jersey chegou à conclusão de que o garoto abandonado poderia ser a criança roubada em Chicago.


Reviravolta no caso

O FBI começou, então, a avaliar aquela hipótese. Não havia muito que pudesse ser feito, na verdade – o hospital não tinha registro do tipo sanguíneo do bebê Paul Joseph, e nem as impressões digitais de seus dedos das mãos ou dos pés.

Tudo que havia era uma fotografia tirada no dia que a criança tinha nascido – e o formato da orelha do bebê na foto era muito parecido com o da criança abandonada. Na época também não existiam testes de DNA – eles só seriam criados décadas depois, em 1985.

«Eles (autoridades) acabaram testando 10 mil bebês que poderiam ser o garoto roubado, e eu fui o único que não pude ser totalmente excluído», diz Paul.

Os Fronczaks ficaram extasiados ao ouvir as notícias do FBI. «Naquela época, o FBI era a corporação de elite do governo, e se eles te contassem alguma coisa, você acreditava», diz Paul.

Três meses depois de ser contatado pelas autoridades, o casal dirigiu de Chicago até Newark para conhecer a criança que poderia ser o seu filho. Todos os três – pais e filho – foram submetidos a uma série de testes psicológicos antes do encontro. Dora e Chester também tiveram de obter aprovação do governo para adotar a criança agora conhecida oficialmente como Scott.

«Um agente do FBI me levou até eles e deixou que a gente se conhecesse rapidamente», diz Paul. «Minha mãe tinha passado menos de um dia com seu filho no hospital, antes que ele fosse levado. E então, anos depois, ela vê essa criança», conta.


Dora disse depois ao filho que sentia que o mundo a estava observando durante o encontro.

«Ela poderia também ter dito ‘Não tenho certeza’, e colocado a criança de volta no sistema de adoção. Ou dizer ‘Sim, este é o meu filho’, e, mesmo que não fosse, salvar esta criança do que poderia ser uma vida horrível», reflete Paul.

Dora disse que o filho era dela.

«Ela fez o que acreditava ser o certo, e eu fico feliz que ela tenha agido assim», conta Paul.

Ela levou a criança para Chicago e a adotou formalmente.

Vida nova outra vez

Os Fronczaks eram pais amorosos, embora também um pouco protetores demais – o que é fácil de entender. Às vezes, isso criava conflitos. Paul foi mandado para uma escola católica com um código de vestimenta estrito – mas gostava mesmo era de rock e de usar o cabelo grande.

Uma vez, durante uma discussão acalorada sobre os mullets de Paul, a mãe disse que «preferia nunca tê-lo encontrado».

Aquela frase marcou Paul. «Toda vez que eu penso nisso, sinto na minha alma», diz.


Depois de concluir o ensino médio, Paulo deixou a casa de seus pais para tocar baixo elétrico com uma banda de rock do Arizona. Cinco anos depois, quando a banda se separou, ele voltou a Chicago – entediado, acabou juntando-se ao Exército dos EUA por um ano.

Depois disso, passou um tempo mudando-se de cidade com frequência. Trabalhou como vendedor e, depois, como modelo fotográfico e ator. No fim das contas, acabou fixando residência em Las Vegas.

«Eu me mudei pelo menos 50 vezes ao longo da vida, e já tive uns 200 empregos diferentes. E não importava onde eu ia ou o que eu fazia, sempre mantinha aqueles recortes de jornais comigo», diz.

Dúvida sobre as origens

Em 2008, Paul se casou pela segunda vez. Em pouco tempo, ele e a esposa, Michelle, estavam esperando uma filha. Paul estava encantado. Mas quando a obstetra perguntou sobre o histórico médico suas famílias, Paul se deu conta de que não sabia exatamente como responder.

Desde que descobriu a história do sequestro, ele sempre se questionou se era realmente o filho biológico de seus pais.

«Eu realmente pensava: ‘Qual é a chance de eu realmente ser esta criança levada de Chicago?'», conta. «Eu fui encontrado tão longe, me parecia muito improvável».

Ele sempre teve a sensação de que não se encaixava em sua família. Seus pais pareciam mais próximos de seu irmão mais novo, Dave. Eles eram quietos e reservados, enquanto Paul gostava de música alta e motocicletas barulhentas. E a aparência física também era diferente.

«Dave parecia exatamente com o meu pai – trejeitos, expressões faciais, a estrutura do corpo, tudo. E eu não tinha nada a ver», conta.

A questão realmente o incomodava. Era ele o bebê roubado?

«Eu quis durante anos fazer um teste de DNA com os meus pais», diz Paul. «Não porque não estivesse feliz com eles, mas simplesmente porque eu queria saber a verdade. Nunca quis fazer isso para não machucá-los. Mas chegou uma hora na qual eu precisava saber», diz.

O custo do teste também era um impedimento. Um dia, em 2012, Paul encontrou kits para teste de DNA do tipo «faça você mesmo», e comprou alguns.

Testando o DNA

Numa ocasião em que seus pais vieram de Chicago para visitá-lo, Paul reuniu a coragem para levantar o assunto – uma hora antes do momento em que os dois iriam embora.

«Vocês já se questionaram se sou o verdadeiro filho de vocês?», perguntou ele. Pegos de surpresa, os pais admitiram que sim, já tinham se questionado. «Você gostaria de descobrir?», perguntaram eles.

Minutos depois, os três tinham coletado as amostras de DNA da bochecha, e os kits foram selados. Paul, então, deixou seus pais no aeroporto.

Mas quando o avião pousou em Chicago, horas depois, os dois tinham mudado de ideia. Ligaram para Paul, pedindo a ele que não mandasse os kits para o laboratório. Ele era o filho deles e isso bastava.

«Eu mantive aquelas amostras na minha escrivaninha por algumas semanas», diz Paul. «Lutei contra isso todos os dias, porque amo meus pais. Eu respeito a vontade deles, mas às vezes você simplesmente precisa fazer o que acha certo. Como pode ser errado tentar descobrir a verdade?»

No fim, ele acabou enviando as amostras.


Paul estava no trabalho quando recebeu uma ligação com o resultado. Depois de responder a algumas perguntas de segurança, Paul ouviu que «não havia a mais remota possibilidade» dele ser filho biológico de Dora e Chester.

«Eu senti que a minha vida tinha acabado. Senti a cor ir embora do meu rosto. Não conseguia pensar em nada. Estava suando frio», diz Paul.

«Tudo que eu achava que sabia sobre mim mesmo – minha data de aniversário, meu histórico médico, minha ascendência polonesa, a religião católica, e até mesmo ser do signo de Touro – tudo isso foi jogado pela janela. Por um segundo, eu não sabia quem eu era», diz.

O resultado levantou duas questões urgentes. Quem eram os pais biológicos de Paul, se não eram Dora e Chester Fronczak? E o que aconteceu com o verdadeiro Paul?

Em busca da verdade. Outra vez

Antes mesmo de contar a seus pais adotivos sobre o resultado, Paul contactou um jornalista investigativo de Los Angeles, George Knapp, para pedir ajuda. Dias depois, a história de Paul Joseph Fronczak estava de volta à mídia americana.

A família – que detestava a imprensa – ficou furiosa, e não falou com ele por cerca de um ano.

«A principal razão de eu ter feito isto foi tentar encontrar o verdadeiro filho dos meus pais», diz Paul. «Eles foram pais incríveis. O melhor presente que eu poderia lhes dar seria encontrar o filho raptado, e eu achei que a melhor forma de fazer isso seria com a ajuda da mídia», diz ele.

Uma das consequências do caso ter vindo à tona é que o FBI reabriu a investigação sobre o caso de Fronczak. Eles encontraram dez caixas repletas de arquivos originais da investigação, em Chicago. Como o teste de DNA tinha provado que Paul não era a criança raptada, ele não tinha direito a acessar o material.

O que ele fez, entretanto, foi conversar com um agente aposentado do FBI que tinha trabalhado na investigação original do caso. Bernie Carey admitiu a Paul que uma parte da equipe não estava realmente convencida de que ele era a criança sequestrada.

Paul teve mais sucesso em tentar achar seus pais biológicos.

Uma equipe de voluntários, chamada de DNA Detectives, assumiu o caso de forma gratuita. Sob o comando do geneticista CeCe Moore, eles usaram uma combinação de testes de DNA e técnicas clássicas de investigação: busca em jornais da época e arquivos públicos, levantamentos em redes sociais e uma infinidade de ligações telefônicas.

Apesar de Paul ter sido encontrado em Nova Jersey (perto de Nova York, na costa leste dos EUA), os DNA Detectives encontraram a origem de sua família no Tennessee, ao sul. E os testes de DNA revelaram que ele pertencia à etnia judaica asquenaze.

«O resultado indicava que de um dos lados da família havia um avô judeu», diz CeCe Moore.

Mas também houve reveses na busca. Foram meses até que a investigação tivesse um de seus desdobramentos mais consistentes – numa conversa com um dos pais em potencial de Paul, a pessoa mencionou a existência de alguns irmãos gêmeos perdidos em sua família.

«Ali, finalmente eu soube que estávamos indo na direção certa», contou ela.


Em 3 de junho de 2015, dois anos depois do início das investigações, CeCe Moore ligou para Paul. «O que você acha do nome Jack?», perguntou ela.

«É um nome forte. Um bom nome», disse ele.

«Que bom, porque este é o seu nome», respondeu Moore.

Foi assim que Paul descobriu que, ao nascer, tinha sido batizado como Jack Rosenthal. E que ele era seis meses mais velho do que sempre tinha pensado – sua nova data de aniversário era 27 de outubro, com nascimento em 1963.

E com um detalhe: ele tinha uma irmã gêmea, Jill. Mas ela, assim como ele, tinha desaparecido. Agora, Paul tinha uma terceira pessoa para encontrar.

«É impossível ouvir que você tinha uma irmã gêmea e não ir atrás dessa pessoa», diz ele.

Encontrar os pais biológicos foi empolgante, de início.

Paul, que sempre gostou de música, adorou saber que teve um primo, Lenny Rocco, que foi cantor de blues nos anos 1950.

«Para mim, isso prova que você não precisa ser criado pelo seus pais reais para apresentar essas mesmas qualidades e traços – como a habilidade musical. Eu nunca foi exposto à música, mas sempre fui atraído por ela», diz Paul.

«Eu toquei em bandas a minha vida toda, e quando eu conheci minha família real, tive que sentar para tocar com a banda de Lenny», conta.

Alegria e temor na mesma descoberta

Moore, que já reuniu milhares de famílias, diz ver este tipo de história o tempo todo.

«Não é só a aparência, são as escolhas que eles fazem ao longo da vida – com quem se casam, os nomes que dão aos filhos, qual ocupação escolhem, e até os menores detalhes, como a senha do telefone. Eu acredito que muito mais do que a gente acredita está codificado no nosso DNA. Não pode ser só coincidência», diz ela.

Mas nem todos os parentes biológicos o receberam de braços abertos, e Paul logo descobriu que havia um lado obscuro em sua família biológica. Sua mãe, Marie, era alcóolatra, e seu pai, Gilbert, voltou da Guerra da Coreia (1950-1953) como «um homem raivoso».

Há evidências de que Paul e sua irmã gêmea Jill foram negligenciados pelos pais. Eles tinham ainda duas irmãs mais velhas e um irmão mais novo. Os dois estavam sempre chorando, diz a família, e um primo lembra de ver os dois bebês dentro de «uma jaula».

Ninguém sabe exatamente o que aconteceu, mas sempre que algum familiar perguntava sobre os gêmeos, os pais diziam que alguma outro parente estava cuidando das crianças. Na verdade, ninguém estava.

Paul acha que «algo trágico» pode ter acontecido com Jill, e isto pode ter levado os pais a decidir livrar-se de Jack, «pois eles não conseguiam explicar que só houvesse um dos gêmeos».

Em seu livro, Paul descreve as idas e vindas de sua obsessiva – e às vezes arriscada – busca por respostas.

Num dado momento ele escava o jardim da casa onde os Rosenthals viveram, tentado em vão encontrar os restos mortais de sua irmã gêmea.

«Meus pais reais não eram pessoas muito boas. Eu agradeço o fato de eles me terem abandonado, pois isso permitiu que eu me encontrasse com os Fronczaks. Eles salvaram minha vida», diz Paul.

Reencontro

Dois anos depois da briga por causa do teste de DNA, Paul fez as pazes com seus pais adotivos. E pela primeira vez sentou para conversar com eles sobre o que realmente aconteceu. Dora contou ter passado por muita coisa ao longo dos anos.

«Hoje, sei que esses fatos contribuíram muito para que a minha mãe seja como ela é hoje», diz Paul. «Minha mãe carrega essa culpa eterna de ter entregue o bebê para aquela enfermeira. Mesmo sabendo que, num hospital, é isso que as pessoas fazem. Quando a enfermeira diz ‘Precisamos pegar o bebê’, você entrega a criança. Mas é algo com o que ela vem lutando a vida toda», diz.

Dora também deu a Paul um álbum de fotografias e cartas que lhes foram confiadas pelos Eckerts, a família provisória que cuidou dele durante um ano, e o batizou como Scott McKinley.

«Minha mãe teve esse álbum de fotografias durante toda a minha vida e nunca o mencionou. É algo que me emociona, pois são as primeiras imagens que eu tenho de mim mesmo, como criança. Minha avó (biológica) tinha um álbum de fotos com todos os netos em ordem cronológica, e as páginas dos gêmeos tinham sido arrancadas», conta ele.

O pai adotivo de Paul, Chester, morreu em agosto de 2017. Mas ele continua conversando com a mãe por telefone a cada dois dias. Dora fará 82 anos em 27 de outubro – curiosamente, agora, os dois fazem aniversário no mesmo dia.

Dora tem sentimentos confusos sobre o livro escrito por Paul, chamado de The Foundling («O bebê encontrado», em tradução livre). «Ela gostaria que eu não tivesse sido tão franco a respeito», diz ele. «Mas eu escrevi um livro honesto sobre a história», conta ele.

Paul está determinado a descobrir o que aconteceu com o filho biológico de Dora. Ele contratou um investigador particular e diz que o próximo caso será a exumação de um cadáver.

Na verdade, ele quer exumar dois corpos.

«Nós temos uma pista muito forte sobre o filho biológico de Dora. E o outro (corpo) é a minha irmã biológica», diz ele.

A exumação é um processo complexo e custoso, mas Paul não se importa. Há muitas questões ainda sem resposta.

«A história não está, nem de longe, completa», diz ele.

Identidade mutante

Paul e sua segunda esposa, Michelle, estão separados, mas mantêm uma boa relação. Paul admite que sua obsessão com a investigação contribuiu para o fim do relacionamento.

«Eu cheguei a um ponto em que a cada minuto que estou acordado, estou lidando com algo da investigação», diz ele. Paul, no entanto, diz que não se arrepende de nada.

«Era algo que eu tinha que fazer. Foi algo que me deu paz». conta.

A busca também o ajudou a entender coisas sobre si próprio, como o fato dele estar sempre se mudando.

«Os primeiros dois anos da minha vida realmente determinaram quem eu sou: sou capaz de sair de qualquer emprego, situação, e nunca olhar para trás. Acho que é isso que acontece quando você tem três infâncias, três identidades numa idade tão nova. É adaptação, sobrevivência. É chegar ao dia seguinte», diz.

CeCe Moore também se pergunta como isto tudo teria afetado o pequeno Paul. Ela está curiosa a respeito do que nos meses em que ele estava sendo examinado pelo FBI.

«O que fez eles chegarem à conclusão de que ele era Paul Fronczak? Havia sinais de trauma que talvez tenham sido erroneamente interpretados como indicações de que aquela criança tinha sido sequestrada, ao invés de simplesmente uma criança que tinha tido pais abusivos?», questiona ela.


A filha de Paul, Emma, está agora com nove anos de idade – ela acha engraçado chamá-lo de Jack, e o faz às vezes, para provocá-lo. Mas ele decidiu que não vai trocar de nome por enquanto.

«Eu vou continuar sendo Paul até que encontrem o verdadeiro Paul. No dia em que eu encontrar o Paul Fronczak biológico, vou dar a ele sua certidão de nascimento, e assumir a minha», diz.

Paul Fronczak foi convidado ao programa de Jeremy Vine, na BBC Radio 2 do Reino Unido.

Paul Joseph Fronczak é coautor, junto com Alex Tresniowski, do livro «The Foundling – the true story of a kidnapping, a family secret, and my search for the real me». («O bebê encontrado – a história real de um sequestro, de um segredo de família e da minha busca pelo eu verdadeiro», em tradução livre).

Todas as imagens são do arquivo pessoal de Paul Fronczak, exceto quando mencionado o contrário

O FBI não quis comentar o caso.

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