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Linguagem corporal de Trump e Kim em reunião mostra cordialidade e desconforto

Aperto de mão pareceu firme e confiante apesar de ter durado apenas 12 segundos e ter se seguido de momentos de aparente incômodo entre os líderes.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder norte-coreano Kim Jong-un finalmente apertaram as mãos, em um encontro histórico realizado nesta terça-feira em Cingapura – cujo desenrolar era considerado uma incógnita.

O encontro resultou em um acordo inicialmente pouco detalhado, que inclui um compromisso inicial da Coreia do Norte com sua desnuclearização, o estabelecimento de «novas» relações bilaterais entre os países, além de esforços conjuntos para construir um regime de paz «duradouro e estável» na Península coreana.

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Aqui, a BBC News mostra, em uma sequência de imagens, os momentos antes, durante e depois do aperto de mãos que simbolizou o primeiro encontro dos líderes.

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Também aponta, na análise de especialista em linguagem corporal, os sinais de desconforto que deixaram escapar em um contexto no qual afirmam estar deixando o passado – marcado por hostilidade e troca de ameaças – para trás.

Antes de mais nada, o palco (quase) vazio

Momentos antes do encontro entre Trump e o líder norte-coreano, os últimos retoques foram feitos no tapete vermelho do Hotel Capella, na ilha de Sentosa, escolhido como sede da reunião.

Bandeiras da Coreia do Norte e dos Estados Unidos aparecem na cena como panos de fundo que, se não de forma inédita, raramente foram vistos dessa maneira, lado a lado.

Trata-se de uma vitória simbólica para Kim, ao passar a impressão de que a reunião entre os dois países se daria em condições de igualdade entre eles.

O que não se vê na imagem é a multidão de jornalistas do lado oposto, pronta para registrar o aperto de mãos histórico.

O momento em que entram em cena

Quase como se tivessem ensaiado, Trump entrou pela direita e Kim pela esquerda no cenário.

Mesmo antes de se aproximarem, o presidente americano estica a mão – pronto, talvez, para seu aperto já conhecido, caracterizado pela duração mais longa e pela força utilizada.

O aperto de mão, firme e em 12 segundos

«Prazer em conhecê-lo, senhor presidente», foram as palavras ditas por Kim ao encontrar Trump.

Foi um aperto de mãos firme, de iguais, mas significativamente mais curto do que os desconfortavelmente longos que Trump geralmente dá.

Da parte de Kim, o momento foi muito menos dramático do que o registrado com o presidente sul-coreano Moon Jae-in, apenas um mês atrás quando se encontraram – e ele agarrou a mão de Moon e o levou para o lado norte-coreano da fronteira.

No encontro desta terça, foi a vez de Trump conduzir Kim, mas para fora do tapete vermelho. O presidente americano é visto em muitas fotos guiando ou movendo o norte-coreano consigo, projetando uma imagem de que está no comando da situação.

O especialista em linguagem corporal da BBC World News, Manoj Vasudevan, aponta outro sinal que indicaria a mensagem de «eu estou no controle».

«Donald Trump colocando a mão nas costas de Kim … [isso] mostra um pouco de domínio», disse ele. «Você pode ver que Trump assume bastante a liderança.»

Bate-papo ‘informal’ e desconfortável

Os dois líderes são vistos aqui em um contexto de bate-papo informal antes de entrarem na reunião individual que tiveram, apenas com tradutores presentes.

O momento pareceu ligeiramente desconfortável, com Kim olhando para o chão e Trump com as mãos inquietas enquanto estavam sentados lado a lado.

Ao contrário da cúpula sul-coreana, não havia nenhum ritual programado. Foi quase como uma série de painéis encenados.

«Aqui, eles estão sentados juntos, [mas não estão] fazendo muito contato visual», diz Vasudevan. «Você pode ver Kim Jong-un mudando de posição algumas vezes e Trump batendo os dedos, [um sinal de estar] desconfortável. Não há aparência de um relacionamento próximo.»

O desconforto é compreensível.

O passo à frente de Trump

Após os primeiros momentos do encontro, Trump e Kim caminharam (com Trump um passo à frente) em direção à reunião individual que tiveram durante 40 minutos.

Pela ótica de Trump, é provável que qualquer sucesso resultante da conversa entre eles seja creditado a sua «campanha de pressão máxima».

Pela ótica de Kim, conseguir uma audiência com o líder americano já poderia ser visto, em si, como uma vitória – algo que nem seu pai nem seu avô poderiam ter alcançado. Mas, mais importante, como meio de consolidar sua legitimidade como líder mundial.

E mais apertos de mãos

Tanto no final das conversações bilaterais quanto quando deram uma declaração conjunta à imprensa, os líderes dos dois países apertaram as mãos novamente – várias vezes.

Sem uma noção clara de qual foi exatamente o acordo que fecharam, talvez dizer que «gestos de boa vontade» marcaram a terça-feira em Cingapura resuma melhor o dia.

*Com reportagem de Yvette Tan, da BBC.

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