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Privatização do Pacaembu pode mudar a ‘cara’, o nome e o tobogã do estádio

Arquibancada anexa do Pacaembu, o tobogã pode dar lugar a um hotel, um espaço para coworking, uma área gastronômica, uma esplanada para eventos. Ou tudo isso ao mesmo tempo.

Essas são possibilidades abertas pela concessão do estádio municipal Paulo Machado de Carvalho, na zona oeste, que teve o seu edital publicado pela Prefeitura de São Paulo.

A concorrência vai definir o administrador privado do complexo por 35 anos. A outorga mínima (pagamento ao município) foi fixada em R$ 36 milhões e os ganhos foram estimados pela prefeitura em R$ 400 milhões, considerando os investimentos que serão feitos pelo parceiro e a desoneração.

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O novo “dono” terá de modernizar o estádio e o centro esportivo, que permanecerá aberto ao público e de uso gratuito, e poderá explorar outros serviços. E é aqui que entra o tobogã. Ou sai.

Possibilidades

O estádio Pacaembu é tombado por órgãos estadual e municipal de patrimônio. “Todo o processo de concessão avançou em linha com esses órgãos e ficou aprovado que é possível a demolição do tobogã”, afirmou o diretor da SP Parcerias, braço da prefeitura que cuida das concessões, Sérgio Lopes.

O tobogã não faz parte do projeto original do estádio, inaugurado em 1940. O anexo foi aberto no começo dos anos 1970, no lugar da antiga concha acústica.

Segundo Lopes, o edital não obriga a extinção do tobogã nem sugere o que pode ser feito, mas define regras. Em caso demolição, a nova construção deverá ser translúcida, com vão livre para conectar estádio e centro esportivo.

O edital da prefeitura traz um projeto referencial, realizado a partir de estudos apresentados no ano passado pela iniciativa privada, que prevê formas de explorar o Pacaembu.

O novo concessionário poderá vender o nome comercial do estádio, desde que a palavra Pacaembu permaneça na composição

No lugar do tobogã, há um prédio retangular com estacionamento subterrâneo, hotel, área com restaurantes e salas coworking e um parque na cobertura. Do outro lado, há uma esplanada para eventos. “Mas, qualquer que seja o projeto, deverá ser submetido antes aos órgãos de patrimônio”, afirmou Lopes. A cobertura das arquibancadas também está liberada.

O edital ficará aberto pelos próximos 60 dias para recebimento das propostas. A expectativa da prefeitura é que o contrato seja assinado em setembro.

Associação chama projeto de vago e se diz preocupada

Além do edital de concessão, a prefeitura publicou no Diário Oficial o PIU (Projeto de Intervenção Urbana), que define o que deve ser assegurado e os limites para o entorno do Pacaembu.

O Pacaembu dá prejuízo para a prefeitura. Ano passado, as receitas somaram R$ 2,4 milhões e as despesas, R$ 8,4 milhões

Para o presidente da Associação Viva Pacaembu, Rodrigo Mauro, tanto o PIU quanto o edital de concessão, são vagos e trazem preocupação para os moradores. Além do estádio, o bairro também é tombado.

“Há uma decisão judicial, transitada em julgado, que determina que nenhum evento no Pacaembu pode causar transtorno à saúde, ao sossego ou à segurança dos moradores. Hoje, já falta fiscalização e sobram problemas, como barulho, flanelinhas e estacionamento irregular”, afirmou.

Segundo o presidente, os projetos não trazem soluções para essas questões e colocam ainda mais dúvidas. “Quem será o responsável no futuro: o concessionário ou a prefeitura?”

A concessão também permite a realização de shows no complexo. Pela decisão judicial, o barulho não pode extrapolar 40 decibéis à noite, o mesmo que o de um aspirador ligado.

Diretor da SP Parcerias, Sérgio Lopes afirmou que os processos foram discutidos com a comunidade e que os limites determinados pela decisão judicial serão respeitados pelo concessionário.

Fora do pacote

A praça Charles Miller, em frente ao portão principal do estádio, e o Museu do Futebol, que funciona dentro do complexo, não fazem parte do projeto de concessão do Pacaembu. 

Estudo referencial
Edital traz sugestões de uso do espaço já referendadas pelos órgãos de patrimônio

 

 

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