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O que se sabe sobre o homem morto pela polícia após esfaquear pessoas em Paris

Agressor nasceu na Chechênia e estaria na lista de suspeitos em potencial por terem ponto de vista radical; ataque aconteceu na noite de sábado e foi reivindicado pelo Estado Islâmico.

O homem suspeito de matar a facadas uma pessoa e deixar outras quatro feridas em Paris na noite de sábado (12) nasceu em 1997 na Chechênia, república do sul da Rússia, segundo afirmou uma fonte do judiciário à mídia francesa.

O ataque aconteceu por volta das 21h na rua Monsigny, próximo a l’Opera Garnier. O agressor matou um homem de 29 anos e feriu outras quatro pessoas, antes de ser morto a tiros pela polícia. Duas das vítimas feridas estão em estado grave.

Segundo testemunhas, o suspeito gritou «Allahu Akbar» (Deus é o maior) na hora do ataque. O Estado Islâmico (IS) reivindicou a autoria, dizendo que um de seus «soldados» era o responsável pelo ataque.

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O presidente francês Emmanuel Macron tuitou: «A França, mais uma vez, pagou com sangue, mas não vai ceder uma polegada aos inimigos da liberdade».

A França está em estado de alerta máximo desde que passou a ser alvo de uma série de ataques. Mais de 230 pessoas foram mortas por ações inspiradas nos extremistas do Estado Islâmico nos últimos três dias.

Ficha criminal

As forças de segurança francesas identificaram o suspeito, apesar de ele não estar portando nenhum documento. O nome dele, contudo, não foi revelado.

Uma fonte judicial disse à mídia francesa que o suspeito não tem ficha criminal e que os pais dele foram detidos para serem interrogados. Apesar de ter nascido na Chechênia, acredita-se que ele tenha nacionalidade francesa.

Outra fonte afirmou que o suspeito estava listado como «ficha S». Na França, isso significa uma lista de pessoas identificadas por autoridades por terem ponto de vista radical e, por isso, são tratadas como ameaças potenciais à segurança nacional.

Essa seria a primeira vez que uma pessoa de origem chechena realiza um ataque terrorista na França. Cerca de 30 mil pessoas de origem chechena vivem no país.

Quem são as vítimas

O ministro do Interior, Gérard Collomb, se limitou a dizer que um homem de 29 anos morreu no ataque.

As outras quatro pessoas que ficaram feridas também não tiverem os nomes divulgados. A agência de notícias AFP divulgou que um homem de 34 anos e uma mulher de 54 anos estão em estado grave. Também ficaram feridos uma mulher de 26 anos e um homem de 31.

Com foi o ataque

Por volta das 21h em Paris, o agressor começou a esfaquear pedestres na rua Monsigny, que fica a 600 metros do prédio da Ópera Garnier.

Testemunhas o descreveram como um homem jovem com cabelo castanho e barba. Disseram ainda que ele vestia uma calça preta de ginástica.

Ele teria tentado entrar em diferentes bares e restaurantes, mas foi impedido pelas pessoas que estavam dentro desses locais.

Primeiro, a polícia tentou conter o agressor com uma arma de choque. Mas, nove minutos depois dele começar o ataque, o matou a tiros.

Jonathan, um garçom de um restaurante local, disse à AFP: «Eu o vi com uma faca na mão. Ele parecia louco». Ele contou que uma das mulheres apunhaladas pelo atacante correu para dentro do restaurante. Ela estava sangrando. O agressor tentou segui-la, mas foi impedido de entrar e fugiu.

Depois do ataque, o grupo extremista Estado Islâmico divulgou um breve comunicado reivindicando a ação.

Qual é a ligação do EI com a Chechênia?

A Chechênia faz parte da Federação da Rússia, está localizada no Cáucaso e é uma república de maioria muçulmana.

A Chechênia declarou independência em 1991, mas tropas russas invadiram a região em 1994 para impedir a separação, o que provocou um conflito de uma década.

E extremistas, entre eles grupos alinhados ao Estado Islâmico, atuam na região. O Estado Islâmico recrutou ativamente combatentes na Chechênia, enviando centenas de pessoas para conflitos na Síria e em outros lugares.

Outros ataques

Os irmãos por trás do atentado na Maratona de Boston, em 2013, Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev, tinham ligações com a Chechênia. E autoridades turcas disseram que um jihadista checheno foi o suposto organizador de um ataque ao aeroporto de Istambul em 2016 que matou 45 pessoas.

Uma reportagem de 2016 da correspondente da BBC, Sarah Rainsford, falou do medo de combatentes voltarem para casa para realizar ataques na Chechênia.

Ramzan Kadyrov, nomeado para a presidência chechena pelo presidente russo Vladimir Putin em 2007, tentou impedir o recrutamento, mas ativistas de direitos humanos dizem que suas medidas foram brutais e muitas vezes ajudaram na radicalização.

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