Foco

Ajudar pobres e migrantes não é comunismo, diz Papa

Defender os mais frágeis, ajudar os pobres e acolher migrantes não é «comunismo», mas sim uma maneira de conquistar a «santidade». É o que defende o papa Francisco em sua nova exortação apostólica, a «Gaudete e exsultate», tradução em latim de «alegrem-se e exultem», divulgada nesta segunda-feira (9).

O texto aborda a santidade no mundo contemporâneo e é o quarto grande documento do pontificado de Francisco, depois das exortações «Evangelii gaudium» («Alegria do Evangelho», de 2013) e «Amoris laetitia» («Alegria do amor», de 2016) e da encíclica «Laudato si» («Louvado seja», de 2015).

«É nocivo e ideológico o erro das pessoas que vivem suspeitando do compromisso social dos outros, considerando-o algo de superficial, mundano, secularizado, comunista, imanentista, populista», diz a nova exortação.

Recomendados

Sem desencorajar os fiéis com modelos inalcançáveis, Francisco os convida a olharem para a «santidade da porta ao lado», a do marido ou da esposa que cuida do próprio cônjuge, do trabalhador que faz bem sua função, dos avós que ajudam os netos, das autoridades que pensam no bem comum e não no próprio bolso.

O Papa adverte logo no início do documento que não se deve esperar um «tratado sobre a santidade», mas sim um «objetivo humilde» de «encarná-la no contexto atual, com seus riscos, desafios e oportunidades».

«Muitas vezes ouve-se dizer que, face ao relativismo e aos limites do mundo atual, seria um tema marginal, por exemplo, a situação dos migrantes. Que fale assim um político preocupado com os seus sucessos, talvez se possa chegar a compreender; mas não um cristão, cuja única atitude condigna é colocar-se na pele do irmão que arrisca a vida para dar um futuro aos seus filhos», afirma.

Segundo Jorge Bergoglio, a preocupação com os mais carentes não é a «invenção de um Papa nem um delírio passageiro», mas sim o que diz o próprio Evangelho. «A defesa do inocente nascituro, por exemplo, deve ser clara, firme e apaixonada, porque neste caso está em jogo a dignidade da vida humana, sempre sagrada, e exige-o o amor por toda a pessoa, independentemente do seu desenvolvimento. Mas igualmente sagrada é a vida dos pobres que já nasceram e se debatem na miséria, no abandono, na exclusão, no tráfico de pessoas, na eutanásia encoberta de doentes e idosos privados de cuidados, nas novas formas de escravatura, e em todas as formas de descarte», diz a exortação.

«Não podemos propor-nos um ideal de santidade que ignore a injustiça deste mundo, onde alguns festejam, gastam folgadamente e reduzem a sua vida às novidades do consumo, ao mesmo tempo que outros se limitam a olhar de fora enquanto a sua vida passa e termina miseravelmente», salienta.

Tags

Últimas Notícias


Nós recomendamos