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Aplicativo que informa localização exata de tiroteios chega a São Paulo

Popular no Estado do Rio, app oferece rede de segurança compartilhada a partir do mapeamento em tempo real de tiroteios e arrastões

Foi da indignação com a morte de uma vítima de bala perdida no Rio de Janeiro que surgiu o aplicativo OTT (Onde Tem Tiroteio), que informa em tempo real mais de cinco milhões de moradores a respeito dos arrastões e tiroteios que acontecem no Estado fluminense.

Popularizado no Rio, o OTT agora chega a São Paulo para formar uma extensa rede de colaboradores, capaz de confirmar em poucos minutos um tiroteio acontecendo em qualquer lugar do Estado. “No Rio, eu preciso de no máximo quatro minutos para confirmar uma ocorrência”, diz o criador do OTT, Benito Quintanilha, 40 anos.

Quando criou em 1º de janeiro de 2016 sua página no Facebook para concentrar informações sobre tiroteios e arrastões que chegavam de 130 amigos, ele não imaginava que em pouco tempo seria administrador de uma página com 600 mil curtidas e de um aplicativo abastecido por mais de 30 mil pessoas.

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Além de alertar sobre as ocorrências, o OTT fornece para usuários, imprensa e poder público, estatísticas sobre os disparos. No aplicativo, há um mapa onde é possível saber o local, o horário e as especificidades de cada caso confirmado.

Para evitar o risco de passar informações falsas, Quintanilha, que conta com a ajuda de mais três amigos, checa junto a grupos de WhatsApp cada denúncia, se valendo de moradores, policiais, motoristas particulares, taxistas e vizinhos.

“Se alguém me informa tiroteio perto de shopping, por exemplo, logo contato os motoristas”, explica Quintanilha. O modelo, facilmente replicável, gerou demanda em outras partes do país. Além de São Paulo, o app tem planos para chegar ao Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

Realidade paulistana

Em São Paulo, o aplicativo vai contar com outra possibilidade de notificação além de arrastões e tiroteios: enchentes. “As enchentes, principalmente na capital, geram insegurança e favorecem assaltos”, afirma o criador do OTT.

Até o fim do mês que vem, o aplicativo paulista estará disponível para ser baixado de graça nas lojas virtuais da Apple e do Google. Até lá, a página no Facebook “OTTSP – Onde Tem Tiroteio-SP” é a porta de entrada para os interessados em colaborar. Basta mandar uma mensagem para ser incluído no grupo de WhatsApp da versão paulista.

Funcionando no Estado com um número reduzido de colaboradores desde 26 de fevereiro, o OTT já identificou a ocorrência de 18 tiroteios em São Paulo. “Todos de confrontos entre policiais e criminosos. Há um mito de que não há muitos tiroteios em São Paulo”, afirma Quintanilha.

O idealizador do projeto, que trabalha em uma empresa petrolífera, dedica boa parte do seu tempo livre ao OTT. “O governo gasta milhões todos os anos para produzir estatísticas limitadas. Eu não gasto nem R$ 1 mil e tenho dados mais completos. É o novo jeito de fazer segurança pública, de cidadão para cidadão.”

Citações da BBC a Al Jazira

Os dados gerados pelos usuários do Onde Tem Tiroteio têm repercutido com frequência na imprensa nacional. O próprio Metro Jornal, na edição carioca, já fez uso das estatísticas fornecidas pelo aplicativo. Segundo o criador do OTT, Benito Quintanilha, veículos estrangeiros como BBC, CNN e Al Jazira também já usaram dados do app. No Rio, há informes escritos em inglês para alcançar os estrangeiros que moram na cidade. 

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