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Campanha de Trump obteve dados de 50 milhões de usuários do Facebook

O Facebook anunciou na noite de sexta-feira (16) que suspendeu a Cambridge Analytica depois de verificar que a política de privacidade de dados foi mesmo violada.

The Observer publicou que a Cambridge Analytica usou os dados, colhidos sem autorização no início de 2014, para construir um programa de software capaz de prever e influenciar as escolhas nas urnas.

O artigo do The Observer citou o delator Christopher Wylie, da Cambridge Analytica, que trabalhou com um acadêmico na Universidade de Cambridge para obter os dados, dizendo que o sistema poderia avaliar eleitores de modo a direcionar anúncios políticos personalizados.

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Os mais de 50 milhões de perfis representavam cerca de um terço dos usuários ativos da América do Norte e cerca de um quarto dos eleitores em potencial dos Estados Unidos na época, disse o jornal.

«Exploramos o Facebook para colher perfis de milhões de pessoas e construímos modelos para explorar o que sabíamos sobre eles e atacar seus medos internos. Essa foi a base sobre a qual toda a empresa foi construída», disse Wylie segundo citação do The Observer.

New York Times disse que entrevistas com meia dúzia de ex-funcionários da Cambridge Analytica, além de uma revisão dos e-mails e documentos da companhia, revelaram que a empresa não só explorava os dados privados do Facebook como ainda mantinha a maior parte ou a totalidade das informações.

The Observer disse que os dados foram coletados através de um aplicativo chamado «thisisyourdigitallife», criado pelo acadêmico Aleksandr Kogan, à parte de seu trabalho na Universidade de Cambridge.

Por meio da empresa de Kogan Global Science Research (GSR), em colaboração com a Cambridge Analytica, centenas de milhares de usuários foram pagos para fazer um teste de personalidade e concordaram em ter seus dados coletados para uso acadêmico, afirmou o The Observer.

No entanto, o aplicativo também coletou a informação dos amigos de Facebook daqueles que fizeram os testes, levando ao acúmulo de dados de dezenas de milhões de usuários, disse o jornal. A reportagem ainda esclareceu que a «política de plataforma» do Facebook só permitiu a coleta de dados dos amigos dos que concordaram em fazer o teste para melhorar a experiência do usuário no aplicativo, impedindo que os dados fossem vendidos ou usados para propaganda.

O Facebook disse em comunicado na sexta-feira que suspendeu a Cambridge Analytica e o Strategic Communication Laboratories (SCL) depois de receber relatórios que não excluíram informações sobre usuários do Facebook que foram compartilhados de forma inadequada.

Empresa nega irregularidade

Um porta-voz da Cambridge Analytica disse que a GSR «estava contratualmente comprometida por nós a obter apenas dados de acordo com a Lei de Proteção de Dados do Reino Unido e buscar o consentimento informado de cada respondente».

«Quando posteriormente ficou claro que os dados não foram obtidos pela GSR de acordo com os termos de serviço do Facebook, a Cambridge Analytica eliminou todos os dados recebidos da GSR», disse ele.

O Strategic Communication Laboratories e a campanha de Trump não foram encontrados para comentar as acusações.

O Facebook não mencionou a campanha de Trump ou qualquer outra campanha em sua declaração, que foi atribuída ao vice-conselheiro geral da rede social, Paul Grewal. «Nós tomaremos ações legais, se necessário, para responsabilizá-los e responder por qualquer comportamento ilegal», disse o Facebook, acrescentando que continua investigando o caso.

A campanha de Trump contratou a Cambridge Analytica em junho de 2016 e pagou mais de US$ 6,2 milhões, de acordo com os registros da Comissão Eleitoral Federal.

Em seu site, a Cambridge Analytica diz que «forneceu a campanha Donald J. Trump para a presidência experiência e ideias que o ajudaram a chegar à Casa Branca».

Uma fonte próxima às investigações do Congresso norte-americano sobre a intromissão russa na campanha de 2016 disse que a campanha de Trump provavelmente precisará dizer se estava ciente dos métodos da Cambridge Analytica para obter seus dados ou se os dados foram utilizados durante a eleição.

O Facebook disse na sexta-feira disse que Kogan apresentou seu aplicativo no Facebook como «um aplicativo de pesquisa usado por psicólogos». Cerca de 270 mil pessoas baixaram o aplicativo e, ao fazê-lo, deram o seu consentimento para que Kogan acessasse informações como a cidade que definiram em seu perfil ou conteúdo que gostaram, bem como informações mais limitadas sobre amigos.

O Facebook disse que Kogan ganhou acesso às informações «de forma legítima», mas «ele não seguiu na sequência nossas regras», ao dizer que, ao repassar as informações para terceiros, incluindo SCL / Cambridge Analytica e Wylie da Eunoia, «ele violou nossa políticas».

 

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