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Para ver Katy Perry, fãs acampam há mais de um mês em SP

No início da tarde da última quarta-feira (14), quando os termômetros marcavam mais de 30°C, uma parte do grupo procurava refúgio na sombra. «Ficar na fila não é fácil. Principalmente para quem dorme aqui, que enfrenta chuva e até algum perigo. Além de quem fica julgando, né?», comenta a estudante Tainá Martins, de 21 anos.

Segundo os fãs, os gritos de «vão procurar o que fazer» são frequentes, mas não abalam em nada o objetivo de verem sua «musa» de perto. Prova disso é a organização que rege as barracas, cada uma só pode ter até 35 pessoas. Nos dias de jogos, elas são desmontadas e levadas para a praça ao lado do estádio e depois remontadas na frente da arena. Além disso, uma espécie de banco de horas controla quanto tempo cada um passou no acampamento, quem tiver mais ganha o direito de ser o primeiro da fila.

Para muitos, a sacrifício não é novidade. O estudante Maurício Hugo conta que para ver Katy Perry já ficou 33 dias acampado em 2015, na segunda passagem da cantora pelo Brasil. «Nós acampamos nos shows dela desde 2011. Eu já fiz umas loucuras maiores, fui para a Argentina, para a Costa Rica, para os EUA», afirma. Assim como Maurício, Marcus Junior, de 20 anos, também coleciona algumas loucuras movidas pelo amor a Katy. A maior delas, relembra, foi quando quase chegou a ser preso após invadir o estádio durante a última turnê.

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Marcus, inclusive, coleciona 200 horas nas barracas, 52 delas conquistadas de apenas uma vez. O fã, que tem seis tatuagens em homenagem à cantora, será o primeiro de seu grupo a entrar no show. O ingresso, conta, ainda não está totalmente pago. Quando foi comprar, as entradas para estudantes já estavam esgotadas e o jeito foi garantir a inteira e parcelar em seis vezes.

No mês acampado, o estudante de Direito, que não vai à aula há duas semanas, conta que passou por alguns momentos de tensão. «Esses dias, um morador de rua veio pedir dinheiro e ninguém tinha, e ele disse que ia voltar para atear fogo nas barracas», conta.

Banho por R$ 10

Aos gritos, o biomédico Lucas Azevedo anunciava a nova descoberta do acampamento: um hotel no fim da rua que oferecia banhos a R$ 10. Natural de Campinas, interior paulista, ele chegou no dia 10 deste mês ao Allianz. «Quando a Katy confirmou o show, eu já confirmei as minhas férias. No primeiro dia que saí já vim para me ‘hospedar’ aqui com o meu grupo.»

O plano era ficar direto até o show, mas as chuvas desta semana molharam todos os seus pertences e sem ter uma troca de roupa ele vai ter de passar em casa. «Vou só pegar a minha roupa e a fantasia que usarei no show. Chego às 2h em casa e às 4h30 já volto. Só vou chegar, tomar um banho, carregar um pouco o celular e comer”, diz.

Segundo ele, a união entre o pessoal para assistir Katy de perto é o que ameniza o improviso no dia a dia. «O pessoal se ajuda bastante. Ninguém passa sede, nem fica com fome. Se uma barraca tem, ela ajuda», afirmou. A estudante Paola Strabelli, de 19 anos, também confirmou que o apoio é essencial. «Nós não ficamos só sofrendo. Conhecemos várias pessoas que acabam virando amigos para a vida e reencontramos pessoas que passamos muito tempo sem ver. E é muito gostoso conversar de algo que gostamos, ainda mais para conseguir ver a Katy de perto, porque no final a gente consegue vê-la», reforçou a jovem.

Ambulantes agradecem

O grupo conta ainda que na batalha para garantir o seu lugar, ganhou a afeição de algumas pessoas. Entre elas, a de alguns seguranças do estádio, que durante as noites pedem que eles fiquem em locais onde as câmeras do circuito interno conseguem registrar imagens.

Ao lado do Allianz, uma figura que passa despercebida pela maioria dos pedestres também se tornou parte do dia a dia dos jovens. Seu Souza, como é chamado Evangelista José de Souza, de 60 anos, trabalha há mais de um ano no local vendendo água e ‘gelinhos’. O trabalho de domingo a domingo ganhou novo gás com a ocupação. «Eu não tenho o que reclamar. Eles me ajudam muito. Eu trabalho bem, antes vendia 50 unidades e agora consigo entre 90 e 100.»

Próxima parada
Com a temporada de shows que o estádio recebe, alguns fãs de outra musa pop também já fazem fila na porta. Demi Lovato se apresenta em São Paulo apenas no dia 15 de abril, mas já motivou o acampamento de alguns seguidores. “Os fãs dela estão aqui desde o dia 15 de fevereiro, dia em que ela anunciou os shows no Brasil. O anúncio foi de manhã e às 12h já tinha chegado gente”, conta Marcus.

A paixão por seus ídolos move essa galera, a contagem regressiva não para. Neste sábado, quando Katy Perry subir ao palco, eles vão querer apenas mergulhar no universo lúdico da cantora e entoar seus grandes sucessos, e todos os sacrifícios terão valido a pena.

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