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Mulheres de Coragem: Assédio na sala de exames

Assédio não é apenas receber um assobio ao passar em frente a uma construção. Não é apenas receber uma cantada indesejada ou se sentir extremamente constrangida a partir da atitude de alguém. Mas também é tudo isso. Assédio não tem hora, ocasião ou lugar para acontecer. Mas uma coisa é certa: a culpa nunca é da vítima.

Para a série de reportagens «Mulheres de Coragem», nós ouvimos três histórias de mulheres paulistanas com perfis, idades e áreas de atuação diferentes. Todas foram vítimas do machismo. E todas deram a volta por cima, cada uma a sua maneira.

Esta é a segunda.

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Anyelle Souza, 28 anos, auxiliar administrativa

Era um exame de rotina, realizado todos os anos. Um ultrassom da mama, mais especificamente. A jovem entrou no consultório, tirou a blusa e se deitou. A princípio, estanhou o fato de a auxiliar ter ficado do lado de fora, mas relevou. A quantidade de gel em seu seio também a incomodou.

«Mas quando ele começou o exame, me dei conta de que ele não olhava para tela e sim para mim. E conforme foi passando o aparelho, reparei que não havia nada na tela. Ou seja, ele só estava ‘brincando’ com meu seio! Eu travei. Gelei. Assim que acabou, saí correndo de lá, nem me limpei.»

Foi ao conversar com uma amiga que Anyelle teve coragem de denunciar a prática abusiva do médico. Primeiro, relatou o ocorrido ao hospital. Duas semanas depois, ao procurar uma delegacia, ouviu do policial que ela deveria ir até uma Delegacia da Mulher. «Como eu ainda estava assustada , fui embora», disse.

Para ela, denunciar e contar o que aconteceu ajuda a enxergar que nunca é culpa da roupa que a mulher está vestindo, nem onde ela está ou o que está fazendo. «Não temos que ter medo! Devemos erguer a cabeça e nos unir, pois temos nosso direitos de ir e vir e de fazer o que quisermos!»

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