Foco

Imigrantes acrescentam novos sabores e temperos ao cardápio de São Paulo

Enquanto o refugiado sírio Eyad Abuharb, 24, preparava um shawarma, sanduíche típico da Síria e carro-chefe do cardápio de seu pequeno restaurante no Brás, centro, do outro lado da rua, de uma mesquita islâmica, uma música árabe se espalhava pela rua mudando a sonoridade típica do bairro agitado por comércio, ambulantes, carro, ônibus e muita gente. Era a hora do Zuhr, uma das cinco orações públicas que cada muçulmano deve fazer diariamente.

Com a chegada de mais refugiados à cidade, o paladar em São Paulo está ganhando novos sabores. O shawarma, por exemplo, é um kebab, muito popular na Síria. “Por lá sempre tem fila para comprar um”, conta Abuharb. O sanduíche de carne parece um churrasco grego. Mas não é, garante o chef sírio. “Usamos coxão mole ou contra-filé e tempero próprio, que eu mesmo preparo.” Há opções com frango e vegetariano.

Com US$ 100, Abuharb desembarcou em São Paulo em 2014 e depois de alguns meses como garçom juntou um pouco de dinheiro e abriu o próprio negócio. O frango (80 quilos) para fazer os lanches ele conseguiu fiado em um açougue. Hoje tem dois endereços na cidade.

Recomendados

LEIA MAIS:
Os estrangeiros que estão repaginando São Paulo com novos sotaques, sabores e culturas
Roupas e acessórios típicos de imigrantes conquistam moradores de São Paulo
Refugiados em SP contam como «decifram»o português
Chefe do escritório da ONU para os refugiados em SP fala sobre o acolhimento aos estrangeiros

Outro recanto da gastronomia refugiada em São Paulo é o Al Janiah, híbrido de bar, restaurante e espaço para debates políticos e culturais na Bela Vista. Por lá, a maioria dos funcionários são refugiados da Palestina.

O falafel, carro-chefe do cardápio, também  se tornou uma afirmação política, diz o dono da casa, Hasan Zarif, brasileiro, filho de refugiados palestinos.  “Tem uma onda de redes fast-food israelense que reivindica o falafel como um produto israelense, discordo disso.”

O restaurante oferece ainda shows musicais na semana. “O  espaço é para bandas de refugiados e imigrantes, mas brasileiros tocam também”, diz Zarif. O anfitrião do projeto musical é congolês Yannick Delass, 33. Ele torce o nariz quando a reportagem  cita o termo refugiado. “Somos artistas”, corrige.

Já no simpático e conhecido Schehrazade, empório na Santa Cecília especializado em produtos árabes, que funciona há mais de 30 anos, tem feito sucesso um quitute que mistura as culinárias brasileira e síria: o coxibe (R$ 6.50) – uma metade é coxinha e a outra kibe. “Leva seis tipos de farinha”, revela o refugiado Mohamad Kabash, 30, sobrinho do dono do empório.

 

Paladar refugiado

A reportagem do Metro circulou por São Paulo para conhecer um pouco dos novos sabores que estão desembarcando na cidade

‘Sanduba’ pop da síria
No restaurante New Shawarma, do chef Eyad Abuharb, a melhor opção é o sanduíche mais pop da Síria, que tem o mesmo nome da casa e que está virando moda também em São Paulo. A fama do lugar atraiu a atenção até de nomes famosos da gastronomia brasileira, como o chef Henrique Fogaça, jurado do programa MasterChef Brasil, da Band. New Shawarma. Rua Barão de Ladário, 907 (Brás) e avenida Penha de França, 643 (Penha). Seg. a sáb.: 9h às 18h. Tel (11) 3311-0428.

O verdadeiro ceviche. 
O restaurante tem no cardápio a comida peruana. Endereço certo para quem aprecia um autêntico ceviche.

Riconcito Peruano. Rua Aurora, 451 (Centro). Tel. (11) 3361-2400. Seg.: 12h às 17h. Ter. a sáb.: 12h às 22h. Dom. e feriado.: 12h às 21h.

Primeiro iraniano da cidade. No primeiro e único restaurante iraniano da capital, o Sabor da Pérsia, a dica é o salmão grelhado com legumes à moda de Teerã (R$ 25). Mas, antes de sair correndo para ir lá, atenção: o prato é servido às quarta-feiras apenas.

Sabor da Pérsia.Rua da Cantareira, 377, Box 11-12 – Mercado Municipal de São Paulo (centro). Seg. à sáb. das 8h às 15h.

Vai um coxibe? Empório especializado em produtos árabes oferece sabores bem tradicionais como esfihas, quibes, arroz marroquino e outros. E também tem o, já famoso, coxibe (mistura de coxinha e quibe)

Schehrazade. Rua Baronesa de Itu, 340 (Santa Cecília) Seg. a dom.: 9h às 21h

Árabe,  mas da palestina. A culinária também é árabe, mas com tonalidades palestinas. O falafel (no prato, R$ 33) é o carro-chefe do cardápio. Outro destaque é o drinque “Palestina Libre” (destilado de anis árabe áraque, cachaça, hortelã, limão, erva zátar e pimenta biquinho, R$ 25).

Al Janiah. Rua Rui Barbosa, 269 (Bela Vista). Ter. e qua.: 18h à 1h. Qui. a sáb. 18h às 2h.

 

Tags

Últimas Notícias


Nós recomendamos