Brasil

‘Tenho a tranquilidade dos inocentes’, diz Lula

Lula não tem mais o mesmo fôlego, aos 72 anos. Sua voz termina ao final das frases, às vezes faltando a última sílaba. Mas o carisma com os apoiadores continua um ímã: às 18h30 sua presença foi percebida sobre o caminhão de som e o público se agrupou para ouvir. As 70 mil pessoas, conforme os organizadores – a Brigada Militar não informou números –, grudaram-se umas às outras, aproximando-se de Lula. Ele abriu com uma menção ao julgamento: “Tenho advogados competentes que já provaram a minha inocência”.

Ao longo dos cerca de 35 minutos, porém, Lula não se referiu muitas vezes mais à Justiça. “Tenho a tranquilidade dos inocentes. Se há medo de o Lula voltar em 2018, é medo do que nós fizemos de bom”, disse, preferindo lembrar de suas duas gestões (2003-2006 e 2007-2010). Já os ataques à imprensa foram vastos, especialmente à Globo.

A Esquina Democrática, principal palco de manifestações políticas em Porto Alegre, estava repleta de bandeiras do PT e de movimentos sociais. Ainda antes do evento, batizado de Ato em Defesa da Democracia e do Direito de Lula ser Candidato, diversos nomes conhecidos da esquerda já haviam chegado. Eduardo Suplicy, hoje vereador em São Paulo pelo PT, foi ovacionado, praticamente carregado pelos manifestantes até o palco. “Eleição sem Lula é contra a vontade do povo brasileiro”, falou.

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Mas Suplicy não se pronunciou ao microfone. Já a ex-presidente Dilma Rousseff, que vem tendo intensa participação na programação da Frente Brasil Popular a favor de Lula, pela segunda vez no dia assumiu o microfone. No início da tarde, já havia participado do evento Mulheres pela Democracia e pelo Direito de Lula ser Candidato, na Praça da Matriz, Centro. Pouco antes de Lula falar, no final da tarde, Dilma repetiu o que havia dito em outra atividade, na segunda-feira: que não existe um plano B para o PT.

O plano A, Lula, seguiu até o fim falando que o pobre deixou de comer carne de pescoço para atacar uma sobrecoxa quando governou o país. Frases como essa faziam os manifestantes esquecerem a falta de fôlego do ex-presidente. “Eleição sem Lula é fraude”, gritavam. “Criaram uma doença chamada Dilma e o PT. Ficaram chocados porque os pobres não queriam mais andar de ônibus, só de avião”, continuou Lula. E então ele prometeu. “Em fevereiro volto para começar uma jornada pelo Brasil, em São Borja”, cidade de Getúlio Vargas. E se despediu. Depois do ato, o ex-presidente voltaria a São Bernardo do Campo (SP) para acompanhar o julgamento.

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