Brasil

Delator da Lava Jato diz ter repassado ‘milhões em espécie’ para Serra

O ex-presidente da Odebrecht e delator na Operação Lava Jato, Pedro Novis, afirmou em depoimento à Polícia Federal que o senador José Serra (PSDB-SP) recebeu para si ou solicitou para o partido R$ 52,4 milhões entre 2002 e 2012. O executivo detalhou os valores para os investigadores.

As declarações foram prestadas em 13 de junho de 2017 e reveladas nesta terça-feira, 9, pelo Valor Econômico. O Estado confirmou o depoimento.

Por meio de sua assessoria, o tucano afirma que «jamais recebeu qualquer tipo de vantagem indevida».

Recomendados

Em depoimento, Pedro Novis relatou que teve contato com Serra ainda na década de 80, mas, somente em 2002, o tucano «solicitou recursos».

«Este pedido ocorreu pessoalmente no escritório ou na casa de José Serra» e que sempre se encontrava sozinho com o tucano «em encontros agendados através da secretária pessoal dele», contou o executivo.

Naquele ano, disse o executivo, «foi repassado à campanha de José Serra o montante aproximado de R$ 15 milhões». Pedro Novis afirmou não ter conseguido «recuperar os registros dos repasses eleitorais realizados pela Odebrecht na campanha política de 2002».

«Os recursos repassados a José Serra em 2002 provavelmente foram originados das operações da CNO no Brasil». Novis ainda disse não saber «quem foi o responsável por operacionalizar os recebimentos dos recursos na campanha de José Serra no ano de 2002».

Dois anos depois, em 2004, Serra disputou a Prefeitura de São Paulo. Segundo o ex-presidente da Odebrecht, o tucano recebeu «cerca de R$ 2 milhões em doações da construtora realizadas sem registro na Justiça Eleitoral». Novis também relatou que o valor teve como origem as operações da Construtora Norberto Odebrecht

«Os R$ 2 milhões destinados a José Serra em 2004 foram pagos em espécie e no Brasil», afirmou.

Pedro Novis contou ter repassado a José Serra R$ 4,5 milhões entre 2006 e 2007 por meio de «uma conta bancária no exterior fornecida por José Amaro Ramos».

«Os R$ 4,5 milhões equivaleriam na época a quantia de 1,6 milhão de euros», disse. «Foi José Serra quem disse ao declarante que José Amaro Ramos era a pessoa credenciada para receber o repasse de R$ 4,5 milhões relacionado à campanha de 2006; que conversou pessoalmente com José Amaro Ramos, tendo recebido de suas mãos o número da conta para a qual seriam transferidos os recursos destinados a José Serra.»

O executivo ligado à Odebrecht narrou à PF que José Amaro Ramos «não demonstrou estar incomodado em fornecer uma conta bancária no exterior para receber os recursos destinados à campanha eleitoral de Serra em 2006». Pedro Novis afirmou não saber se os recursos depositados fora do País retornaram para a campanha do tucano.

De acordo com o relato, «o repasse de R$ 4,5 milhões a José Serra não pode ser relacionado a qualquer contrato específico que a CNO possuía no Estado de São Paulo e quando José Serra assumiu o governo em 2007, a CNO possuía contratos com o Estado de São Paulo, dentre os quais um dos lotes das obras do Rodoanel Sul»

Tags

Últimas Notícias


Nós recomendamos