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Descoberta de lítio pode mudar a realidade de uma das regiões mais pobres de MG

Rocha chamada pegmatito, rica em espodumênio (partes brancas), um mineral do qual se extrai o lítio CPRM/Divulgação

Reunindo 5,1% da população e 1,9% do PIB estadual, a região do Vale do Jequitinhonha apresenta o mais baixo PIB per capita das dez regiões de Minas Gerais – R$ 5,2 mil. O Vale também é responsável por 1,5% dos empregos formais e por apenas 0,3% das exportações totais da economia mineira. No entanto, essa realidade pode mudar radicalmente após a descoberta de novas reservas do valioso lítio, com potencial de exploração. Conhecido como ‘petróleo branco’, o metal é indispensável para o funcionamento de baterias de carros elétricos e outros dispositivos de alta tecnologia, incluindo smartphones.

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A descoberta, feita em março pela CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais), tem movimentado a região. Em dezembro, uma reunião convocada pelo Ministério Público Estadual começou a discutir a instalação de um polo de exploração, beneficiamento e exportação de minério de lítio entre os municípios de Araçuaí  e Itinga. O projeto, orçado em US$ 500 milhões, já está sendo fiscalizado pelo órgão.

“Queremos aglutinar os esforços de todos os atores envolvidos para a melhoria da economia local do Vale do Jequitinhonha. Através das prefeituras, da Associação de Desenvolvimento do Vale, da comunidade local, queremos todos unidos nesse processo de discussão para que essa oportunidade seja benéfica para todos”, salientou o promotor de Justiça Leonardo Duque Barbabela, que orientou o debate. Ele também destacou a necessidade de uma mobilização da sociedade regional para agilizar as ações do poder público no processo de produção do polo.

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Investimento na região

Os trabalhos para avaliar se  o mineral realmente está disponível em grandes quantidades na região ainda estão sendo realizados. Mas, segundo o engenheiro da Sigma Mineração Itamar Resende, o grupo já está otimista. “O Vale tem o benefício de ser uma grande reserva de lítio no Brasil e uma das maiores do mundo. Agora, nós temos uma reserva aqui que pode ter a 2º melhor qualidade do mundo. Para Araçuaí é uma oportunidade única”, destaca.

Segundo Resende, somente na primeira fase, a Sigma pretende investir R$ 230 milhões, o que pode gerar cerca de 200 empregos diretos.

Com pretensões de começar a extração do lítio já em 2019, o grupo acredita que as reservas do precioso mineral serão destaque mundial. “Especificamente no lítio, podemos ser um grande e importante fornecedor a nível mundial. É riqueza única no Brasil, e que pode ser explorada em breve”, destaca.

Mercado crescente

A demanda por equipamentos eletrônicos e carros elétricos tem esquentado o mercado do lítio ao redor do mundo. Um relatório de 2016 da consultoria americana Allied Market Research estima que o mercado mundial de baterias de lítio poderia valer US$ 46 bilhões em 2022.

Na América do Sul, o Chile é o principal líder na produção de lítio, seguido pela Argentina. No Vale do Jequitinhonha, o lítio é explorado pela CBl (Companhia Brasileira de Lítio), instalada entre os municípios de Araçuaí e Itinga, onde novas minas também podem ser abertas.

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