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Diplomata brasileiro é acusado de agredir mulheres nos últimos 15 anos

O diplomata de carreira Renato de Ávila Vianna, de 41 anos, é acusado de agredir mulheres, física e moralmente, nos últimos 15 anos. A última das vítimas a denunciar o funcionário do Itamaraty é uma jovem de Brasília. Ela diz que foi atacada e violentada várias vezes por ele que atualmente é primeiro secretário do Ministério das Relações Exteriores.

As acusações contra Renato, aliás, não são apenas do Brasil, mas de pelo menos dois países em que ele serviu. Apesar das queixas reiteradas das vítimas e até dos vizinhos do apartamento funcional onde o diplomata mora, até agora não foi estabelecida nenhuma punição contra ele.

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«Eu posso dizer que eu era agredida semanalmente. Era normal. Eu estava acostumada a ser violentada dentro do carro, com puxão de cabelo, com cuspe na cara, com xingamentos, com frases que me faziam sentir a pior pessoa do mundo», diz a ex-namorada do diplomata.

O caso mais grave aconteceu num motel em Brasília. O encontro era mais uma tentativa de reatar o namoro, e a conversa, segundo a jovem de 22 que acusa o diplomata, corria bem até que ela deixou claro que não voltaria se ele não buscasse tratamento psicológico.

«Ele ficou com ódio, ele ficou furioso. Não importava o que a gente tinha conversado antes, o que a gente já tinha conversado sobre ele me bater. Ele só começou a me estapear, a puxar meu cabelo, a me jogar no chão, a me esmurrar, a tentar me sufocar… Pedi socorro diversas vezes».

A jovem conta que escapou do quarto e chamou os funcionários do motel, que testemunharam a agressão mais violenta. «O gerente segurou ele – não sei se foi gerente ou a outra moça da faxina, porque estavam os dois. Ele estava muito perto de mim e me deu uma cabeçada na boca e foi assim que eu perdi o dente».

Preso em flagrante por conta do ataque citado acima, Renato foi levado para a Delegacia da Mulher.

Mais de um BO
Já foram registrados três Boletins de Ocorrência contra Renato. No primeiro, ele foi condenado a três meses de prisão em regime aberto, mas o juiz suspendeu a pena alegando se tratar de réu primário.

Segundo a ex-namorada dele, as agressões aconteciam geralmente no apartamento funcional do diplomata. Um dos porteiros garante que os vizinhos sempre reclamavam do fato. A jovem, aliás, gravou uma das brigas – em um trecho, ela insiste para que o diplomata admita as agressões.

A síndica do prédio enviou, inclusive, uma carta ao Itamaraty. Ela pediu providências em relação ao comportamento violento de Renato e afirmou que as brigas assustavam crianças e adultos.

No Itamaraty, foram instauradas três sindicâncias: em uma delas, por agressão a uma namorada, quando Renato serviu no Paraguai, o diplomata foi punido apenas com uma advertência; na Venezuela, ele foi novamente denunciado por agressão moral a uma mulher, mas, como não houve comprovação, a denúncia foi arquivada; e em outro caso
, ele recebeu suspensão de 18 dias por ofensas a colegas em um evento em Caracas.

O Ministério das Relações Exteriores afirmou que não tolera violência e que todas as denúncias são investigadas com o objetivo de aplicar medidas adequadas, em casos confirmados. Mas o Itamaraty não informou se os casos que envolvem a jovem brasiliense estão sendo investigados. O certo é que o ambiente para Renato Ávila Viana não é nada bom no meio diplomático.

Comovidas, funcionárias do ministério estão fazendo uma vaquinha online para pagar um prótese dentária à jovem agredida. Já foram arrecadados mais de R$ 20 mil.

Procurada, a defesa do diplomata disse que não vai comentar os processos, que correm em segredo de Justiça.

Veja reportagem sobre o caso:

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