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É verdade que cidades europeias oferecem casa e dinheiro para quem quiser se mudar para lá?

Propostas do tipo são uma forma de aumentar o interesse de turistas ou de fato as pessoas se mudam para esses locais em troca de uma generosa compensação financeira?

O que poderia ser mais sedutor do que uma proposta de levar uma nova vida em um belo vilarejo suíço, com direito ao tilintar de sinos de vacas, muito fondue e passeios de esqui? Bem, poderiam pagar você para fazer isso.

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A ideia soa absurda em países em que uma pessoa com uma renda média leva anos para economizar o suficiente para dar entrada em um imóvel. Mas propostas que oferecem dinheiro para uma pessoa se mudar surgiram em sequência neste ano na Suíça e na Itália.

Encravada nas montanhas e com vista para o vale Rhone, Albinen, no sul da Suíça, faz hoje uma consulta popular para decidir se pagará 25 mil francos suíços (R$ 83 mil) para cada adulto e 10 mil (R$ 33,2 mil) por criança de famílias que comprem ou construam uma casa por lá.

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Ofertas assim são uma forma de aumentar o interesse de turistas ou de fato as pessoas se mudam para esses locais em troca de uma generosa compensação financeira? Vamos às evidências.

Caso 1: ‘Aqui estão 2 mil euros! Ah, espere um momento…’

Bormida, um vilarejo charmoso na montanhosa região costeira da Liguria, no noroeste da Itália, tem apenas 400 habitantes – e também um prefeito muito proativo.

Daniele Galliano passou os últimos três anos tentando combater o encolhimento da população com ofertas de aluguéis baratos de 50 a 120 euros por mês, o que atraiu 50 pessoas para lá.

Então, em maio, ele questionou pelo Facebook: por que não criar «fundos para vilarejos» para que comunidades em extinção possam oferecer um bônus de 2 mil euros para quem se mudar para elas?

A ideia viralizou, e, ainda que os primeiros relatos deixassem claro que era só uma sugestão, a história foi sendo aumentada conforme rodava o mundo. Mais de 17 mil interessados entraram em contato em quatro dias.

Região da Liguria, na costa noroeste da Itália, é marcada por montanhas e vilarejos pitorescos | Foto: Alamy

O prefeito voltou ao Facebook para se explicar: «A Itália é um país maravilhoso, mas, assim como outros, enfrenta uma crise econômica. Infelizmente, não será possível ajudar a todos. Obrigado de qualquer forma pelo interesse».

Veredicto: Ninguém recebeu os 2 mil euros, mas isso pode mudar. O site da administração da cidade dizia em maio: «Quanto ao bônus, é um projeto que esperamos realizar em 2018 com a ajuda da região da Liguria».

Caso 2: Uma bolada em Puglia (após dois anos)

Se você está decidido a se mudar para a Itália, ainda há esperança. Candela, uma cidade medieval ensolarada com 2,7 mil habitantes em Puglia, no extremo sul do país, também está perdendo famílias e jovens para outros locais mais movimentados. Por isso, lançou uma campanha para atrair novos moradores.

Candela, no extremo sul da Itália, tem apenas 2,7 mil habitantes | Foto: Alamy

«É assim que funciona: 800 euros para solteiros, 1,2 mil euros para casais, 1,5 mil a 1,8 mil para famílias com três pessoas e acima de 2 mil euros para famílias com quatro a cinco pessoas», disse no mês passado Stefano Bascianelli, uma autoridade local.

Para estar apto, uma pessoa precisa se registrar como residente de Candela até 31 de dezembro, alugar uma casa e ter um emprego que pague no mínimo 7,5 mil euros por ano.

São critérios razoáveis, certo? Bem, segundo a emissora CNN, seis famílias do norte da Itália já os atenderam, e um profissional da escola local aproveitou a oferta para trazer sua família para a cidade. Houve interesse de locais tão longínquos quanto a Nova Zelândia.

Veredicto: É uma proposta séria a ponto de ter um formulário para candidatos no site da cidade, o qual informa que os escolhidos receberão 50% do dinheiro após o primeiro ano morando lá e 50% ao final do segundo.

Caso 3: Um chalé e 25 mil francos suíços

Albinen, na região suíça de Valais, é um poço de tranquilidade – afinal, só 240 pessoas vivem lá. O prefeito Beat Jost diz que três famílias foram embora de lá nos últimos anos e, com elas, oito crianças. A escola do vilarejo fechou, e a comunidade batalha para sobreviver.

Na votação de hoje, os moradores devem apoiar o plano de oferecer um incentivo financeiro para atrair novos habitantes – 94 deles assinam a proposta inicial.

Os interessados devem concordar em viver em Albinen por dez anos e devem ter menos de 45 anos. Também precisam construir ou comprar uma casa com um valor mínimo de 200 mil francos suíços (R$ 664,5 mil), que não pode ser usada como uma casa de veraneio. Estrangeiros previsam ter permissão para viver permanentemente no país.

A região de Valais é conhecida por suas trilhas na natureza espetaculares | Foto: EPA

Para uma família de quatro pessoas, há um generoso bônus de 70 mil francos suíços (R$ 232,5 mil), que pode ser usado para pagar a entrada na compra de uma casa própria, que costuma ser de 20% do valor do imóvel.

O vilarejo planeja custear esse projeto colocando 100 mil francos suíços (R$ 332 mil) por ano em um fundo.

Veredicto: Pagando 25 mil francos suíços por adulto, a Prefeitura estima ser capaz de custear de cinco a dez novas famílias nos próximos cinco anos, no máximo. Aqueles sortudos o suficiente para atender aos critérios receberão esse dinheiro de graça – além de ter uma vista espetacular para aproveitar no café da manhã.

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