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Manobra impede Matarazzo de concorrer a eleições na Itália

Uma cláusula da nova lei eleitoral da Itália, sancionada no início do mês, minou as expectativas do político Andrea Matarazzo de concorrer a um cargo no Parlamento italiano em 2018. Em entrevista à ANSA, Matarazzo, de 62 anos e ex-embaixador do Brasil em Roma, admitiu que «recebera pedidos» da comunidade italiana para concorrer às próximas eleições como cidadão ítalo-brasileiro e que vinha «analisando» as possibilidades. No entanto, a nova lei eleitoral foi aprovada com uma cláusula que proíbe que um cidadão italiano residente no exterior se candidate ao Parlamento caso tenha ocupado cargos públicos ou administrativos nos últimos cinco anos em seu país atual.

Matarazzo foi eleito vereador em São Paulo em 2012 pelo PSDB. Em 2016, porém, deixou o partido para se filiar ao PSD, em meio às divisões internas pelas prévias à Prefeitura, vencidas pelo empresário João Doria Jr. «É absurdo um italiano ter sucesso político em um país e ser impedido de levar a experiência à Itália», alegou. «É inconstitucional, pois você cria duas categorias de italianos», disse Matarazzo, criticando parlamentares que apoiaram a manobra, como os brasileiros Fausto Longo e Fabio Porta, e o argentino Ricardo Merlo.

Na versão original, a emenda impedia candidaturas de políticos do exterior que tivessem ocupado um cargo público nos últimos 10 anos. Mas, após negociações entre os parlamentares, o texto foi aprovado com a restrição reduzida a cinco anos. A manobra foi chamada de «emenda Matarazzo» nos bastidores e também quase colocou em risco o futuro político da atual deputada ítalo-brasileira Renata Bueno. Eleita em 2013 para o Legislativo do país europeu, Renata já foi vereadora em Curitiba e é filha do deputado brasileiro Rubens Bueno, atual líder do grupo parlamentar de amizade Brasil-Itália em Brasília. No entanto, com a nova versão da emenda, a parlamentar continuou na corrida política, fato que gerou outro apelido para a emenda: «Salva Bueno».

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Após meses de debates, a nova lei eleitoral italiana foi aprovada definitivamente pelo Parlamento e sancionada pelo presidente Sergio Mattarella em 3 de novembro, valendo já para as eleições de 2018. A legislação recebeu o nome de «Rosatellum 2.0», em referência ao seu idealizador e líder do Partido Democrático (PD) na Câmara dos Deputados italiana, Ettore Rosato. De acordo com Matarazzo, apesar das relações entre Itália e Brasil estarem consolidadas há décadas, ainda existem possibilidades de melhoras e oportunidades de parceria. «Os italianos têm uma imagem do Brasil baseada no senso comum.

Já os brasileiros conhecem apenas os pontos principais da cultura italiana, que são ícones, como a Ferrari e o turismo.

Precisamos mudar esse cenário, quebrar os estereótipos», disse à ANSA. «Quando eu era embaixador em Roma, tentava explicar, mostrar outro ponto de vista. Dizia que a maior produtora de soja no Brasil tem origem italiana. Que a Embraer fabrica aviões de alta tecnologia», contou. «Há muito o que se aprofundar nas relações bilaterais, principalmente no setor da tecnologia».

«O caso do Cesare Battisti foi um desconforto desnecessário que ultrapassou o âmbito diplomático. Até um gari em Roma sabe que o Brasil não extraditou Battisti», criticou.

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