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Rodovias que cortam o ABC são as mais fatais para pedestres

As rodovias que cortam o ABC foram as vias mais fatais para pedestres neste ano. Dados do Infosiga (Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito de São Paulo), do governo do Estado, atualizados ontem, mostram que um em cada quatro atropelamentos com morte aconteceu na Anchieta, Imigrantes ou trecho sul do Rodoanel entre janeiro e outubro deste ano.  Todos os casos foram registrados em trechos da cidade de São Bernardo.

A região com maior número deles está entre os quilômetros 22 e 23 da Anchieta, onde três pessoas morreram na tentativa de atravessar.  O local não possui pistas expressas no sentido capital, o que pode “encorajar” pedestres a desafiar veículos a 90 km/h. O trecho está localizado também em região com grande adensamento populacional, entre os bairros Demarchi e Ferrazópolis, e próximo à fábrica da Volkswagen.

A Ecovias, empresa que administra a Anchieta e a Imigrantes, promete criar as pistas sem interrupção de tráfego nessa região até maio entre os quilômetros 18 e 23.

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A Anchieta registrou ainda um atropelamento com vítima próximo ao Riacho Grande. Na Imigrantes, foram quatro mortes, no trecho sul do Rodoanel, três, e na estrada Caminho do Mar, um.

A Ecovias contabiliza em seu levantamento próprio  15 mortes de pedestres nos trechos da Anchieta e Imigrantes, considerando capital, Diadema e São Bernardo, até outubro. De acordo com a concessionária, 83% dos atropelamentos ocorreram numa distância de até 500 metros de uma passarela ou travessia. A empresa diz realizar campanhas educativas nestes locais para incentivar a passagem segura. A SPMar, que comanda o Rodoanel Sul, também diz investir em educação com a comunidade que vive próximo à via.

Os atropelamentos em rodovias acontecem entre a noite e a madrugada, de acordo com o Infosiga. A vítima era mulher em apenas um dos 12 casos.

Balanço
No total, contando também as vias municipais, as três cidades do ABC tiveram 45 mortes de pedestres por atropelamento de janeiro a outubro. Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve leve aumento, de duas ocorrências.

Duas avenidas aparecem com maior número de casos entre as vias urbanas. Dom Pedro 1º, em Santo André, e Lucas Nogueira Garcez, em São Bernardo, tiveram duas ocorrências  cada.

Os idosos são as maiores vítimas dos atropelamentos na região. Do total de mortos, 36,5% tinham mais de 60 anos. Em seguida, aparecem a faixa etária entre 0 e 29 anos, com 21,9% dos casos, e entre 50 e 59, com 14,6%.

ANÁLISE
Velocidade eleva risco
O mestre em transportes e professor de engenharia da FEI, Creso Peixoto, explica que as chances de sobreviver a um atropelamento a mais de 50 km/h é de apenas 10%. “Muita gente não tem noção disso. Acredita que pode arriscar uma ‘corridinha’ em uma rodovia. Este é um problema gravíssimo e de ordem cultural. É preciso investir em educação para resultados em longo prazo.”

Para o consultor em segurança no trânsito Horácio Figueira, melhorias nas passarelas ajudariam a mudar o problema. “Não é atrativo que o pedestre ande um quilômetro para conseguir atravessar e depois voltar outro quilômetro. A passarela deveria ter elevadores, mantidos pelas concessionárias das rodovias, além de melhorias na segurança contra assaltos e cobertura para chuvas”, afirmou. 

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