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Famílias aguardam notícias do submarino que desapareceu na Argentina

Em meio a uma grande operação de buscas pela embarcação, familiares dos tripulantes tentam manter a esperança mesmo angustiados pelo longo período sem notícias e pela ausência de pistas

Passados sete dias após o último contato do submarino argentino ARA San Juan, desaparecido desde quarta-feira, os familiares dos 44 marinheiros a bordo tentam, a despeito da ausência de boas notícias, manter a calma e o otimismo.

«Rezem pelos 44», pede, em entrevista à BBC Brasil, o professor Claudio Rodríguez, irmão do marinheiro Hernán Rodríguez, de 44 anos.

Rodríguez mantém a esperança de rever o irmão, mas admite decepção com o fato de que, nos últimos dias, houve pelo menos quatro pistas que acabaram não sendo confirmadas – desde chamadas por satélite até ruídos que pensava-se serem da embarcação, mas não eram.

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«São várias pessoas envolvidas na operação (de busca), mas não há nada ainda», lamenta Rodríguez.

«Não encontram nenhum pedaço de nada, nenhuma chamada de rádio. Temos acesso aos comandantes aqui (na Base Naval) e nos dão todos os detalhes, mas nada de concreto.»

«Não há rastros do submarino», confirmou, em entrevista coletiva, o porta-voz da Marinha argentina, Enrique Balbi. «E são horas críticas por causa do oxigênio. Mas a situação pode ser mais amena caso o submarino esteja na superfície e não submerso.»

Em meio ao clima de incertezas, os familiares dos tripulantes estão concentrados na Base Naval de Mar del Plata, balneário a cerca de 400 quilômetros de Buenos Aires, de onde o submarino partiu na segunda-feira (13) e onde deveria ter chegado nesta segunda-feira (20).

A operação de resgate, de magnitude jamais vista na Argentina, envolve mais de dez países, incluindo Brasil, Estados Unidos, Grã Bretanha, Chile, Uruguai, equipados com aviões, embarcações e robôs de última geração.

Mineiros chilenos

O assunto mobiliza os argentinos. A referência aos 44 tripulantes deu origem à hashtag #Los44, uma das mais comentadas nas redes sociais do país.

É, também, uma espécie de comparação com o caso dos 33 mineiros que ficaram soterrados durante 17 dias em uma mina no Chile em 2010 e foram resgatados com vida. Num bilhete encontrado pouco depois do deslizamento de terra, pego por um guindaste na operação de resgate, os mineiros disseram «Estamos bien en el refugio los 33» (Estamos bem, no abrigo, os 33). Na Argentina, a esperança é de que os marinheiros tenham um final feliz semelhante.

«Se os 33 mineiros do Chile conseguiram, nossos 44 aqui da Argentina também vão conseguir, vão sair (do mar)», diz o pescador Carlos Mendoza, irmão do tripulante Fernando, que é tenente no submarino San Juan.

Mendoza também está em Mar del Plata, onde as grades que cercam a Base Naval se transformaram em um mural para cartazes, pedindo «força» às famílias e ostentando as cores das bandeiras argentinas.

Mas os familiares não escondem a angústia diante da falta de notícias.

«Nunca nos preparam para isso», disse, pelo Twitter, Jesica Gopar, mulher do tripulante Fernando Santilli, com quem tem um filho. «Estou pedindo ajuda psicológica. Estou perdendo as esperanças e penso: Como será tudo sem ele (Fernando)? Minha alma dói. Quero morrer. Meu filho, luto por você.»

Claudio Rodríguez disse que a família tem orgulho da trajetória do marinheiro Hernán, que é suboficial motorista e tem experiência também em expedições na Antártida.

«Hernán é o único militar da nossa família. Ele está há 22 anos na vida militar, sendo 20 deles em submarinos. Somente no San Juan, ele trabalha há onze anos. É muito experiente e está bem treinado», disse o irmão.

«Orem por eles. Orem muito, muito. Precisamos ter algum sinal. A Marinha está comprometida com isso (com a busca), e não vão parar até encontrá-los. Rezem pelos rapazes.»

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