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Feminicídio faz vítima na Grande São Paulo todos os meses

As sete cidades do ABC, na Grande São Paulo, registram média de um caso de feminicídio por mês. É o que apontam dados da SSP (Secretaria da Segurança Público do Estado) obtidos pelo Metro Jornal com exclusividade por meio da Lei de Acesso à Informação.

No primeiro semestre deste ano, foram cinco ocorrências. No mesmo período de 2016, a região registrou sete episódios de morte de mulheres por conta do gênero. A média mensal é semelhante nos dois anos.

Os únicos municípios que não tiveram registro deste tipo de crime nos primeiros seis meses de cada ano foram São Bernardo e Rio Grande da Serra.

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“O que caracteriza o feminicídio não é o fato de a vítima ser mulher, mas o crime ser cometido a partir de uma violência baseada no gênero, por ela ser mulher”, explica a professora de políticas públicas da UFABC (Universidade Federal do ABC), Alessandra Teixeira.

A especialista diz que, geralmente, esse tipo de delito
ocorre dentro de um contexto de violência doméstica ou envolvendo pessoas que possuem relação afetiva. “Se olharmos por esse aspecto, é gravíssima essa média de um caso por mês no ABC, ainda mais porque esse número, provavelmente, é subnotificado, já que alguns casos de homicídio poderiam ser classificados como feminicídio. É um dado profundamente alarmante.”

Em fevereiro deste ano, uma mulher e a sobrinha dela foram mortas a facadas pelo ex-marido dela após uma discussão. No mês seguinte, durante o carnaval, outra mulher foi morta em Santo André após o marido chegar embriagado em casa e ela repreende-lo por isso.

“É claro que esse é um crime derivado de uma sociedade machista, fruto de uma longa história de discriminação e violência de gênero. Por isso, foi necessário tipificar esse tipo de ocorrência no código penal brasileiro”, afirma Alessandra.

Sem classe social

Para a especialista, “a violência doméstica não escolhe classe social”. Um exemplo disso é que o Jardim São Caetano, em São Caetano, um dos bairros nobres da região, teve um caso de feminicídio neste ano. No entanto, ela faz ressalvas. “A mulher em condição de vulnerabilidade social se torna mais frágil à violência, porque não tem acesso aos direitos e serviços. A mulher mais rica possui uma rede de apoio, mesmo que informal, ao redor”, explicou.

Mulher foi morta em visita a CDP

Apesar de não constar no levantamento feito pelo Metro Jornal por ter ocorrido no segundo semestre, um caso de feminicídio no ABC ganhou notoriedade na semana passada. A jovem Karen Miranda Ferreira, 24 anos, foi morta por estrangulamento quando visitava o ex-namorado no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Santo André no dia 21.

O autor do crime foi o detento Thiago Santos Brasileiro, que estava na unidade prisional havia cerca de quatro meses, mesmo tempo de início do relacionamento do casal. Ele foi autuado por feminicídio.

Familiares da vítima disseram que a jovem vivia um relacionamento abusivo e que ela havia resolvido por um fim na relação pessoalmente quando foi ao presídio. 

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