Foco

Queermuseu: exposição sobre diversidade sexual é cancelada após ataques nas redes

Após ser criticado nas redes sociais, o Santander Cultural encerrou ontem a exposição “Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira”. A mostra, em cartaz desde 15 de agosto e que permaneceria até 8 de outubro, vinha sendo atacada nas redes sociais. A exposição apresentava 273 obras com o objetivo de refletir sobre questões de gênero e diversidade.

Entre as peças, a mostra trazia imagens de Jesus Cristo, como também representações da hóstia com as inscrições “vagina” e “língua”. Foi o estopim para a polêmica.

Leia mais:
Museu do Louvre de Abu Dhabi será inaugurado em novembro
MIS abre exposição inédita sobre Renato Russo

Recomendados

“[A exposição] é uma desculpa para a defesa da diversidade. Na verdade, é um ataque frontal às pessoas cristãs com uso de dinheiro público”, afirmou o deputado estadual Marcel Van Hattem (PP). O político também adiantou que pretende levar o assunto ao Ministério Público para ressarcimento ao erário, já que a exposição havia sido viabilizada por meio da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura.

Uma petição em repúdio à exposição foi lançada no sábado na internet e, até o momento do fechamento desta edição, tinha alcançado mais de 26 mil assinaturas. A meta é de 50 mil.

“Eu não fui consultado em nenhum momento sobre o fechamento. Fiquei sabendo por um grupo de WhatsApp. Foi uma decisão unilateral do Santander”, disse o curador Gaudêncio Fidélis.

Ele acredita que apenas quatro das mais de 200 obras expostas poderiam ser alvo de contradição. “Tem poucas obras que tratam de sexualidade e poderiam perturbar”, afirmou.

O curador atribui os ataques ao MBL (Movimento Brasil Livre), que classificou o fim da exposição como “vitória da pressão popular”, no Facebook. “Eles vinham com câmeras de vídeo e faziam agressões verbais. Eles criaram uma narrativa que é falsa. Nas rede, você constrói uma narrativa própria que não corresponde à realidade”, opina Fidélis.

Apesar de não ter conhecimento dos ataques presenciais, a coordenadora do MBL no Rio Grande do Sul, Paula Cassol, reiterou a posição contrária do movimento à exposição.

Um dos artistas expositores, Sandro Ka, comentou que a comunidade artística está “estarrecida com essa onda conservadora”. “Isso é muito grave porque é um discurso que veio muito carregado de ódio. Pegaram aspectos muito isolados da exposição.”

Em nota, o Santander Cultural pediu “sinceras desculpas a todos os que se sentiram ofendidos por alguma obra que fazia parte da mostra” e avaliou que “algumas das obras da exposição desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas”.

Organizações não governamentais que lutam pelos direitos da população LGBT convocaram um ato público contra ao fim da exposição que deve ser realizado amanhã, no Centro Histórico.

Tags

Últimas Notícias


Nós recomendamos