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Centro de reabilitação usa música para recuperar pessoas com restrição física e mental

Tamborim, triângulo, chocalho, pandeiro. Instrumentos como esses, fáceis de serem encontrados em qualquer roda de samba ou bateria de Carnaval, também servem para ajudar pessoas com restrição física ou mental a recuperarem seus movimentos e, muito mais do que isso: a interagirem com outras pessoas e se incluírem socialmente.

É o que acontece nas oficinas terapêuticas musicais oferecidas pelo centro de reabilitação da Rede Lucy Montoro, do governo estadual de São Paulo. Em aulas semanais, pessoas com dificuldades na fala ou nos movimentos criam contato com instrumentos musicais que colaboram para sua recuperação física – e, por que não, emocional.

Sentados em círculo, com instrumentos adaptados às dificuldades motoras de cada um, grupos de cerca de dez pacientes cantam e tocam músicas nacionais e até internacionais.

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Vidas mudadas

Para a professora aposentada Sônia Teixeira da Silva, 61 anos, as oficinas de canto ajudam a exercitar a voz, prejudicada por um AVC (Acidente Vascular Cerebral) sofrido em 2011, enquanto dava uma de suas aulas de inglês. Sônia conta que o acidente a deixou com o lado direito do corpo paralisado e também chegou a ficar três meses sem falar, algo que vem mudando com a realização de diversos exercícios – entre eles, as oficinais musicais.

Mas, além disso, os encontros semanais trouxeram à aposentada novos amigos e bem-estar. “Aqui eu consigo por para fora tudo o que estou sentindo. Parada em casa eu tinha depressão… Isso aqui é uma terapia para a vida”, ela conta, com um sorriso no rosto.

Alguns pacientes vão para as oficinas já conhecendo o mundo da música. O segurança aposentado Wilson Koso, 70 anos, conta que tinha uma banda quando jovem e já tocou muito Beatles e Roberto Carlos. Hoje, ele se esforça para recuperar movimentos perdidos por causa de um AVC sofrido há 14 anos, enquanto toca tantan com companheiros de oficina. “A troca de experiências aqui é muito boa, fiz muitos amigos.”

E, se uns já chegam com experiências instrumentais, outros desenvolvem novas habilidades no instituto. A aposentada Cléria Maria José, 58 anos, faz oficina de violão, e a prática ali desenvolvida a ajudou a voltar a movimentar a mão esquerda, afetada por uma paralisia infantil. Além disso, também participa das oficinas de canto, às sextas-feiras, o que a ajudou a voltar a conversar. Para Cléria, “cantar resolve muitos problemas, parece que eu saio outra pessoa. Aqui me sinto muito bem, a tristeza some!”.

Planejamento

As aulas são acompanhadas por Maiara Cardoso, terapeuta ocupacional que trabalha no instituto. “Eu faço um estudo detalhado dos pacientes e a partir dele conheço as dificuldades de cada um. Assim, sei qual instrumento eles devem tocar, qual o resultado esperado, entre outras coisas”, explica.

Carlos Henrique Peixoto é um dos dois professores que ministram as oficinas e, apesar de também ter se formado em história, conta que foi ali, “ensinando música a pessoas especiais”, que ele se encontrou. “Cada um tem uma limitação e uma necessidade diferente. Entendê-las e dar a atenção de que cada uma precisa é maravilhoso.”

E nessa interação entre alunos e professor, o ganho é mútuo, garante Peixoto. “Enquanto ajudo os pacientes a desenvolverem a coordenação motora, a fala e até a memória, também cresço musicalmente e como pessoa, vendo os pacientes terem resultados importantes vindos de algo de que gosto tanto como a música”.

Para participar das oficinas musicais, é necessário ser paciente da Rede Lucy Montoro. Para isso, basta ter encaminhamento de médico que faça parte do SUS (Sistema Único de Saúde). Há vagas disponíveis!  

Serviços

Rede Lucy Montoro – unidade Lapa (rua Guaicurus, 1.274, zona oeste). Oficinas de segunda a sexta, às 8h, 10h, 13h e 15h (na sexta às 8h a oficina é de canto, as demais são instrumentais).

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