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Após fechar posto, Santo André demite 150 funcionários da saúde

A Prefeitura de Santo André demitiu 150 profissionais da saúde que trabalhavam nos sete postos fechados no fim de julho para reforma. A informação é da secretária de Saúde da cidade, Ana Paula Pena Dias, que afirma que foram dispensados os que não se enquadravam no padrão de qualidade da rede. “Profissionais que não atendem os requisitos vão ser trocados. Tivemos 150 dispensas e as vagas serão repostas de acordo com a necessidade”, afirmou.

Com os postos fechados, Ana Paula não planeja novas contratações para os próximos meses. “Vamos redimensionar os recursos humanos para que os usuários sejam atendidos adequadamente, independente do número de médicos”, afirmou.

A justificativa de falta de qualidade para as demissões revoltou funcionários demitidos, que ainda não receberam os valores da rescisão de contrato.

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“Trabalhei por cinco anos na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Jardim Santo André em situações precárias, muitas vezes não havia luvas nem medicação. Agora o prefeito diz que não somos aptas. É um absurdo”, disse uma auxiliar de enfermagem que não quis se identificar por medo de represálias.

Ela afirma que a prefeitura dispensou todos os funcionários da unidade que eram ligados à Fundação ABC, incluindo os médicos. Já os funcionários públicos da prefeitura foram realocados.

De acordo com a auxiliar de enfermagem, os telegramas com os avisos de dispensa começaram a ser enviados no dia 31 de julho, três dias depois do anúncio do fechamento dos postos para reforma. A promessa inicial era de que não haveria demissão de pessoal. Médicos e enfermeiros seriam realocados em outras unidades para atender o aumento de demanda no período.

“Ficamos sabendo pelo Facebook do prefeito que a unidade que trabalhamos seria fechada. Depois recebemos os telegramas, mas ninguém nunca explicou os motivos da demissão. Também fomos informadas que não éramos consideradas ‘aptas’ em postagens do Paulinho nas redes sociais”, afirmou uma outra auxiliar de enfermagem que também preferiu não se identificar.

Sobre os critérios utilizados para desqualificar os profissionais demitidos, a secretária afirmou que “são avaliados vários pilares dentro do programa Qualisaúde”, que enquadram as unidades básicas em notas específicas.

‘Se não tem condição financeira, que assuma’
O presidente do SindiSaúdeABC, Almir Rogério da Silva, o “Mizito”, disse que 124 funcionários de Santo André demitidos pela Fundação do ABC nas últimas semanas ainda não tiveram a rescisão homologada. Por conta disto, não receberam os valores que têm direito nem conseguiram dar entrada no seguro desemprego ou liberação do FGTS.

O sindicato representa categorias como auxiliar de enfermagem, técnicos e recepcionistas.  Médicos e enfermeiros fazem parte de outras entidades.

Mizito afirma que vai procurar o Ministério do Trabalho para reunião que inclua Fundação do ABC e prefeitura caso os valores das rescisões não sejam efetuados nos próximos dias.

Para o presidente da entidade, a alegação de que os servidores não são aptos para a rede pública é preocupante. “Alguns trabalhadores estavam há muitos anos na unidade de saúde, sem advertência, e foram demitidos. A prefeitura precisa agir com a verdade. Se não tem condições financeiras de manter os profissionais, que fale que este é o motivo.” A reportagem procurou o Sindicato dos Médicos do Grande ABC, mas não obteve retorno.  

‘Está morrendo um sistema que não funcionava mais’
O prefeito Paulinho Serra (PSDB) disse ontem, em entrevista ao Metro Jornal, que a saúde passa por reestruturação e avaliou o atendimento como péssimo. “Está morrendo um sistema que não funcionava e vai nascer outro que vai funcionar. Para isso, é preciso fazer substituição de mão de obra, requalificação. Tinha muita unidade em que o Recursos Humanos era uma bagunça. O produto disso tudo é uma péssima qualidade no atendimento. Se a saúde estivesse boa, não iríamos mexer”, afirmou.

Em nota, a prefeitura cita problemas econômicos para os cortes. “A pasta identificou a necessidade de adequação do quadro de funcionários à realidade financeira do município.”

A gestão pública diz ainda que remanejou seus profissionais após o fechamento dos postos de saúde. “No caso dos funcionários terceirizados, a Fundação do ABC optou por dispensar parte deles, uma vez que a Secretaria de Saúde já havia sinalizado a necessidade de redução de custos”, afirmou. Quanto ao pagamento das rescisões, a prefeitura diz que juridicamente é responsabilidade do empregador o pagamento, porém estará junto à Fundação para resolver a situação.  

Fundação diz aguardar repasse
A Fundação do ABC informou que fará o pagamento das rescisões assim que a Secretaria de Saúde repassar a verba. A entidade diz que precisou dispensar cerca de 100 trabalhadores das unidades fechadas para reforma, a pedido da prefeitura, “por falta de vagas, somada à necessidade de adequação do quadro de Recursos Humanos e redução de custos por parte da Prefeitura de Santo André”, afirma em nota. 

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