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Projeto percorre as ruas de BH para fotografar e identificar residências antigas

Escondido entre prédios e muros, um portão marrom passa quase despercebido por quem transita pela rua Hermínio Alves, no bairro Santa Tereza, região Leste de Belo Horizonte. Do lado de dentro, 12 casas surpreendem pelas suas cores vivas e a história que guardam. Com a construção iniciada na década de 1910, a Vila Ivone é o retrato da riqueza arquitetônica que faz parte da capital. A menos de quatro quilômetros do Centro da cidade, a área teve como seus primeiros moradores Avelino de Souza Vieira e Florinda Pereira de Souza, que vieram de Portugal. Em 2003, foi tombada pelo patrimônio histórico e até hoje abriga os familiares do casal.

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Já no bairro Serra, região Centro-Sul, as curvas e o estilo neoclássico marcam uma residência de dois andares na rua Estevão Pinto. Com projeto do arquiteto italiano Octaviano Lapertosa, um dos fundadores da Escola de Arquitetura da UFMG, o espaço já abrigou o professor Antônio Aleixo, foi colégio e até convento. Esses são apenas alguns detalhes da riqueza histórica que passam despercebidos pelos olhares dos apressados belo-horizontinos. Para mudar esse panorama, o projeto Casas de BH percorre as ruas da cidade para identificar e registrar residências antigas. De acordo com o fundador, o arquiteto Ivan Araújo, mais de 115 casas já foram catalogadas.

“A proposta surgiu em 2015 e tive uma grande aceitação, principalmente nas redes sociais. Tem pessoas que participam e contam que já moraram nesses locais ou tiveram algum familiar residindo ali”, contou. O projeto já promoveu duas caminhadas explicativas com estudantes e interessados pela área nos bairros de Lourdes e Funcionários, que concentram o acervo histórico de BH. “Na primeira, foram pouco mais de 50 pessoas participantes. Já na segunda edição, que aconteceu neste mês, recebemos mais de 100”, disse.

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Preservação histórica

Conforme o especialista, muitos moradores relatam dificuldades para manter as propriedades em bom estado de conservação, principalmente pelos altos custos das reformas. “Como muitas são tombadas, eles relataram falta de incentivo e apoio, principalmente com o custo. E manter uma casa em bom estado envolve muita manutenção”, finalizou.

O arquiteto e professor da UFMG, Flávio Carsalade, explicou que grande parte da história da cidade já foi perdida. “Porém, a partir de 1990, com a criação da diretoria de patrimônio histórico de BH, essa situação vem se revertendo. Além da proteção municipal, o órgão oferece assistência técnica gratuita para os moradores”, argumentou.

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