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Campinas terá o dobro de idosos em 2050, diz Seade

A pirâmide etária irá apresentar uma brusca mudança em Campinas no ano de 2050, segundo projeção realizada pela Fundação Seade, divulgada nesta quarta-feira. A previsão é de que a cidade tenha o dobro de idosos e apresente uma queda de 32% no número de crianças de 0 a 4 anos. Além disso, a maior fatia da população, que hoje é formada de pessoas entre 30 e 34 anos, passará a ser de moradores com mais de 75 anos.

O número de jovens também deve cair de forma brusca. Hoje, 76.442 pessoas possuem entre 15 e 19 anos na cidade. Em 2050, a projeção é que o número caia para 55.023, redução de 28%.

Essa inversão deve trazer problemas, não só em Campinas, mas em todas as cidades do país. Segundo Fabrício Pessato Ferreira, professor de Economia e Finanças da Metrocamp, a previdência é a primeira a sofrer o impacto. “É um problema que já acontece em outros países do mundo. Porque os trabalhadores na ativa contribuem para pagar os aposentados. Conforme a população envelhece, você tem menos jovens para contribuir para um número cada vez maior de aposentados. Assim, inevitavelmente seria necessário trabalhar por mais tempo antes de se aposentar”, comenta.

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Outro ponto citado por Ferreira é a dificuldade em recolocação profissional de pessoas acima de 45 anos. “Como terão que trabalhar mais anos, você cria uma pressão social para esse público retornar ao mercado de trabalho”, explica.

Nas idades mais baixas, segundo o professor, deve haver redução de desemprego, na medida em que a oferta de profissionais será menor.

No pacote da previdência, segundo Ferreira, vem outro desafio: a Saúde. “Certamente muitos deverão procurar planos de saúde, mas muitos também, sem condições, continuarão dependendo da saúde pública. Isso vai ser um grande problema, porque a PEC do Teto – que congela gastos – não vai conseguir suportar a demanda grande.”

Para Anderson Gonçalves, coordenador de políticas públicas para o idoso da Prefeitura de Campinas, é preciso mudar o conceito do cuidar do idoso. “Não podemos procurar apenas políticas públicas para o idoso, mas sim inclusivas do idoso com outras faixas de idade. Tem que haver mudança no perfil. Fortalecer os laços dessa população com a sociedade, como algo intergeracional, e não pensar no idoso como alguém excluído que o estado terá que dar suporte”, explicou. A partir do momento que isso ocorrer, o jovem vai se projetar no idoso e a mudança no pensamento também muda na forma de cuidar”, completa.

Gonçalves diz que essa mudança de pensamento pode ajudar com que seja mais fácil a integração do idoso na sociedade, para que ele não dependa totalmente do suporte do poder público.

Em Campinas, existem três espaços voltados para cuidado com o idoso no período diurno chamados Centro Dia. A ideia é trazer esses equipamentos para a cidade também com o perfil de integrar o idoso com a população carente de outras idades, que também usaria o centro. A cidade, segundo Gonçalves, cofinancia cerca de 120 unidades de longa permanência e também programas para o idoso, como cuidadores em domicílio, que atendem hoje 40 pessoas.

No total, a população de Campinas deve alcançar os 1.200.940 habitantes daqui a 33 anos. Assim, serão mais 50.187 habitantes, segundo estimativa.

Domicílios

Um outro dilema que a cidade deve enfrentar nos próximos anos é o crescimento no número de domicílios, de 395.983 para 500.595. Ou seja, em 33 anos, serão 104.612 a mais no município, uma média de 3.170 por ano.

As populações urbana e rural devem crescer na mesma proporção. Porém, em número absoluto, bastante diferente. Ambas crescerão, segundo estimativa, 4,3%, no entanto, enquanto 49.324 pessoas a mais vão morar no perímetro urbano, apenas 863 a mais devem morar no campo.

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