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600 refugiados estão em quatro regiões de Campinas

No Dia Mundial do Refugiado, celebrado nesta terça-feira em todo mundo, Campinas é uma das cidades que também receberam pessoas que fugiram de situações hostis de outros países. Hoje, dos 1,6 mil imigrantes, cerca de 600 são solicitantes de refúgio e estão concentrados principalmente em quatro regiões da cidade.

Os distritos de Barão Geraldo, Campo Grande, Ouro Verde, e o Centro são as regiões que mais concentram essa população, que reúne diversas etnias. “Esses locais têm características que atraem. Barão Geraldo tem uma rede grande de contatos e também há as repúblicas. Já as regiões do Ouro Verde e também Central possuem aluguéis baratos, e isso atrai”, comenta Fábio Custódio, diretor do departamento de Cidadania da Secretaria Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Cidadania.

Essa fatia de cerca de 600 pessoas, fugiu de conflitos em países como Congo e Síria e também é formada por perseguidos religiosos de países do Oriente Médio, como o Paquistão. A lista é engrossada por venezuelanos, ganeses e senegaleses na África, além de libaneses e palestinos, no Oriente Médio.

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A outra parcela do total de 1.600 imigrantes é formada por haitianos – cerca de 1 mil pessoas. Estes possuem visto humanitário, por isso, não são considerados refugiados – o visto é dado para pessoas vindas de locais com calamidades, por exemplo.

“Também são considerados imigrantes pessoas que vêm para o país sem motivação de perseguição ou guerras, mas por motivos mais comuns, como melhora na qualidade de vida e busca por oportunidades”, explica Custódio. Além disso, pessoas oriundas de países do Mercosul também se enquadram na categoria imigrantes.

‘Novos’ campineiros

Dentre os que já se acostumaram com Campinas, está o paquistanês Hanook Javed, de 24 anos. Ele chegou em fevereiro do ano passado, com o irmão. Ele veio para o Brasil para fugir de conflitos no país e também da perseguição religiosa, já que é evangélico. “Vim com meu irmão. Nos primeiros dias não sabia falar nada de português, depois fui aprendendo”, explica. Javed era professor de biologia e também de inglês no Paquistão e hoje trabalha em uma padaria, no bairro Jardim Pacaembu, em Campinas. “Sou balconista lá. Aqui é muito tranquilo. Você pode conversar com as pessoas de forma mais livre. Lá você tem que escolher muito com quem conversa. É muito perigoso”, completa.

Da Venezuela veio José Jesús Ortiz, de 59 anos. Ele chegou há oito meses. Entre os motivos, a falta de medicamentos no país para a mulher, que tem diabetes e necessita do remédio, além de outros problemas enfrentados pela crise no país. “Vim porque faltava de tudo na Venezuela. Para mim foi fácil a adaptação. Sou pianista e hoje dou aulas aqui, em uma escola e também particulares. Gosto muito daqui, é um povo muito alegre, e uma cidade tranquila”, disse o músico, que mora com a mulher.

De acordo com dados do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados ), vivem hoje no Brasil mais de 8.800 refugiados de 79 diferentes nacionalidades, sendo as cinco maiores comunidades originárias, em ordem decrescente, de Síria, Angola, Colômbia, República Democrática do Congo e Palestina. Para ficar no país como refugiado, é necessário solicitar o RNE (registro Nacional de Estrangeiros).

O processo demora em média três anos, mas, enquanto o documento não é expedido, o solicitante pode permanecer no país normalmente, segundo Custódio.

Mutirão

Hoje, das 9h às 15h, haverá um mutirão na sede da Defensoria Pública em Campinas – rua Jorge Krug, 211, Guanabara – para prestar assistência jurídica para regularização de documentos de migrantes, como visto, regularização de permanência no País e carteira de trabalho, entre outros. Quem quiser ter os serviços for do mutirão deverá entrar em contato pelo telefone (19) 3231-1867.  

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