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Vândalos já incendiaram 125 ônibus em São Paulo este ano

Os dois coletivos incendiados nesta terça-feira em protestos na zona norte e no Rodoanel ilustram um quadro preocupante: o número de ataques a ônibus não para de aumentar.

Entre janeiro e esta quarta, 125 foram destruídos, segundo a SPTrans (empresa que gerencia o sistema de transporte público).

O número é quase o dobro do registrado em todo o ano passado. Em média, um ônibus é queimado a cada três dias na cidade.

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Para o presidente das empresas de ônibus (SPUrbanus), Francisco Christovam, os ataques foram banalizados. “São protestos por falta de água, inundação, morte de alguém. Por qualquer motivo, saem queimando coletivos.”

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Segundo mapeamento feito pelo Metro Jornal, baseado em dados da SPTrans, a zona sul teve o maior número de ataques em 2014 (53). Em seguida aparece a zona leste, com 45 veículos incendiados (veja mapa ao lado).

O prejuízo de cerca de R$ 500 mil por cada ônibus queimado pesa no balanço das empresas. Algumas já entraram com ações na Justiça para serem ressarcidas pelo Estado.

Mas os passageiros são os que mais sofrem. A reposição de um ônibus leva, em média, cinco meses. Enquanto isso, veículos de outras linhas são remanejados. “Alguém sempre sai prejudicado”, diz Christovam.

A onda de ataques também tem criado um clima de insegurança entre motoristas e cobradores.
No dia 22 de outubro, um motorista não conseguiu deixar o ônibus atacado por vândalos e morreu queimado. Em protesto, os funcionários pararam os terminais da cidade por cerca de duas horas no dia 5.

Desde então, muitos se recusam a fazer as últimas viagens para bairros distantes. “Não quero colocar minha vida em risco. Eu preferi trocar de horário e trabalhar mais cedo. Não quero mais fazer viagens noturnas”, afirma o motorista Guilherme Moreira, que trabalha em uma linha que liga o Grajaú, no extremo sul da cidade, ao centro.

Polícia afirma que já prendeu 56 suspeitos

A SSP (Secretaria de Segurança Pública) afirmou que reforça o policiamento sempre que há alguma ocorrência que aumente o risco de ataque a ônibus. Segundo balanço divulgado pela Pasta, 56 pessoas foram presas por participação em ataques a ônibus neste ano. Outros 146 suspeitos estão sendo procurados.

A secretaria informou ter identificado 12 pessoas suspeitas de terem ateado fogo em um ônibus e em um carro nesta terça, na avenida Zachi Narchi, na zona norte.

Os veículos foram atacados a cerca de 200 metros do Deic (Departamento Estadual de Investigação Criminal), órgão de inteligência da polícia paulista. Segundo a SSP, sete maiores de idade seriam os mentores, e cinco jovens teriam executado a ação.

Quatro pessoas foram detidas pela Polícia Civil na noite desta terça, acusadas de ordenar que comerciantes da zona norte fechassem as portas para impor um toque de recolher na região. Foram detidos dois adultos e dois adolescentes. “Não há motivo para pânico. A polícia está agindo e os fatos sendo acompanhados, inclusive pelo setor de inteligência”, disse o secretário Fernando Grella. 

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