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‘Escoceses foram enganados’, diz líder nacionalista

Salmond anunciou renúncia após resultado de referendo | Reuters
Salmond anunciou renúncia após resultado de referendo | Reuters

O líder nacionalista escocês Alex Salmond acusou líderes políticos da Grã-Bretanha ontem de enganar os escoceses e levá-los a não optar pela independência depois de uma disputa sobre quando e como dar mais poderes à Escócia. Com a derrota do movimento pró-independência, Salmond anunciou que está deixando o cargo de líder do Partido Nacional Escocês (SNP), depois de não conseguir convencer os escoceses a deixar de fazer parte do Reino Unido.

No referendo da última quinta-feira, pouco mais de 55% dos escoceses votaram no “não”, decidindo que o status atual será mantido. Para Salmond, os três principais partidos políticos da Grã-Bretanha fizeram falsas promessas de conceder novos poderes para conseguir o resultado. “Acho que a promessa foi algo inventado por desespero nos últimos dias da campanha, e acho que todos na Escócia agora percebem isso”, disse.

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O premiê David Cameron e outros líderes prometeram, antes da votação, que a autonomia escocesa seria ampliada rapidamente em caso da vitória do “não”.

“As pessoas que foram convencidas a votar ‘não’ foram seduzidas, foram enganadas de forma eficaz”, disse Salmond à BBC. Segundo ele, a promessa de última hora influenciou o resultado do referendo.

Salmond sugeriu que se o Reino Unido votar a favor de deixar a UE em um referendo prometido por Cameron para 2017, os adeptos da independência escocesa podem pressionar para outra votação separatista.

Promessas

Os principais partidos estão unidos na promessa de transferir novos poderes, mais impostos e políticas de bem-estar social para a Escócia. Mas a oito meses da eleição nacional, conservadores se envolveram em uma disputa rancorosa com o Partido Trabalhista, de oposição, sobre quando e como isso poderia acontecer.

A disputa ofuscou o início da conferência anual do Partido Trabalhista, a última antes da eleição. O líder Ed Miliband foi forçado a esclarecer a sua posição sobre dar mais poderes para a Escócia e se envolveu no que muitos eleitores consideram rusgas político-partidárias.

Cameron, sob pressão de alguns de seus próprios legisladores e com a ameaça de perda de votos para o Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), condicionou na sexta-feira novos poderes à Escócia com um consenso sobre novos arranjos constitucionais para o restante do Reino Unido, incluindo a Inglaterra. 

Análise: a UE respira aliviada, por enquanto

Com o ‘não’ à independência na Escócia, a UE respira, pelo menos até as próximas consultas deste tipo.

Há uma onda de alívio nas chancelarias europeias, que temiam um efeito dominó na região. Não foi por acaso que José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, e Martin Schulz, presidente do Europarlamento, reagiram imediatamente aplaudindo calorosamente o “não”. A independência escocesa poderia abrir a caixa de Pandora da desunião europeia.

Mas o efeito dominó não pode ser totalmente descartado, primeiro devido à Catalunha, que  organiza uma consulta secessionista, depois com o plebiscito prometido por David Cameron para 2017 sobre a permanência na UE do Reino Unido.

Os mais de 1,6 milhão de votos a favor da independência da Escócia estão dando asas aos movimentos separatistas do Velho Continente. Algumas horas após o resultado escocês, o presidente da região espanhola da Catalunha, Artur Mas, sancionou uma lei convocando para 9 de novembro um referendo sobre a independência, considerado inconstitucional pelo governo em Madri. Dias atrás, 1 milhão de pessoas se manifestaram em Barcelona a favor da separação, formando um imenso V (de vitória e de voto) pela cidade. E não é só: uma recente pesquisa de opinião mostrou que a maioria da população deseja a independência do País Basco. Na Itália, as províncias do Tirol do Sul e do Vêneto namoram a ideia de separação; na Bélgica a província de Flandres continua querendo formar o próprio Estado soberano.

Além disso, em vários países, os partidos da direita xenófoba, hipernacionalistas, vão de vento em popa, com palavras de ordem a favor do abandono da UE como solução para todos os males.

Nas recentes eleições suecas, um partido com bases nazistas tornou-se a terceira força política do país escandinavo. Na Alemanha, líder do bloco, um novo partido antieuropeu, também de ideologia neonazista, está ultrapassando o velho Partido Liberal. Na França, a Frente Nacional, neofascista, é hoje o primeiro partido do país e sua líder, Marine Le Pen, tem chances até de chegar à presidência da República. Chances remotas, porém reais.

Milton Blay, correspondente em Paris.

Líder da Catalunha diz que referendo sobre independência será convocado em breve

O presidente da Catalunha, Artur Mas, afirmou neste domingo que nos próximos dias deve ser anunciado formalmente a realização de um referendo para votar a independência da região da Espanha, que estaria agendado para 9 de novembro.

O parlamento catalão aprovou uma lei na última sexta-feira aprovando a convocação para um referendo, enquanto o governo espanhol tem afirmado que isso violaria a constituição do país e prometeu levar a questão aos tribunais.

«A lei… será usada nesta semana, nos próximos dias, para convocar para 9 de novembro o referendo», afirmou Mas, durante um evento na cidade catalã de Cardona. As afirmações foram transmitidas pela própria rede de TV estatal da Espanha.

Na sexta-feira, Mas havia dito que o decreto para a consulta na Catalunha havia sido acertado há alguns meses com a maioria das forças políticas catalãs. Na ocasião, Mas acrescentou ainda que a vitória do «não» no referendo sobre a independência da Escócia não representou um revés para a Catalunha.

Com língua e cultura própria e um movimento de longa data a favor da independência que tem ganho impulso nos últimos anos por causa das dificuldades econômicas, a Catalunha deseja fazer um referendo similar ao realizado pela Escócia na última semana.

 

 

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