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Com táxi fora dos corredores, ônibus ganham apenas 1 km/h

Táxis ignoram restrição no corredor Rebouças durante o horário de pico da tarde | André Porto/Metro
Velocidade média de coletivos passou de 18,3 km/h para 19,4 km/ após veto, um aumento de 6% | André Porto/Metro

Cinco meses depois de a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) proibir os táxis de circular nos corredores de ônibus durante o horário de pico, pouca coisa mudou em relação à velocidade dos coletivos.

Levantamento da SPTrans, empresa que gerencia o transporte municipal, o ganho médio na velocidade foi de apenas 1 km/h. A velocidade nos nove corredores da cidade passou de 18,3 km/h para 19,4 km/h – aumento de 6%.

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A proibição vale das 6h às 9h e entre 16h e 20h. A multa para quem descumpre a determinação é de R$ 127,69 com acréscimo de cinco pontos na carteira.

O resultado ficou muito aquém dos 20% (3,6 km/h) de melhora que a prefeitura esperava, de acordo com levantamento feito antes da adoção da medida. A saída dos táxis dessas vias também foi alvo de uma recomendação do Ministério Público.

O melhor desempenho foi no corredor da avenida João Dias, que apresentou aumento de 11% na velocidade – passou de 17,3 km/h para 19,3 km/h, no sentido bairro. Já nos corredores da avenida Paes de Barros e Vereador José Diniz/Ibirapuera, houve queda (veja quadro).

O resultado é bem inferior ao obtido pelas faixas de ônibus, à direita, que começaram a ser implantadas em 2013. Estudo divulgado pela CET, em setembro do ano passado, mostrou que houve um ganho de 45% na velocidade dos ônibus após a implantação das faixas. Passou de 14km/h para 20 km/h.

SPTrans diz que ganho de velocidade é expressivo

A SPTrans afirma que houve avanço importante para o sistema de transporte a partir da decisão de restringir a circulação de táxis nos corredores de ônibus. Os ganhos médios de 6% em velocidade (1 km/h) registrados nos nove corredores em horários de pico confirmam que a ausência de interferências contribui para garantir maior fluidez ao tráfego de ônibus nessas vias segregadas.

Segundo a empresa, é importante ressaltar que em pelo menos três corredores, mesmo em um sentido de direção, houve entre 10% e 11% de aumento de velocidade. Além disso, os resultados positivos foram obtidos, apesar de oito dos nove corredores estarem em obras.

A SPTrans diz ainda que simulações que fundamentaram o veto tiveram como base a perspectiva de proibição em horário integral. Não houve, naqueles estudos, projeções sinalizando a estimativa de velocidade considerando-se a restrição parcial.

Análise – ‘Os  semáforos são burros’*

Para melhorar a velocidade dos ônibus de fato, a prefeitura precisa vetar os táxis durante todo o dia. Falo isso porque não adianta nada proibir só do horário de pico e deixar eles voltarem depois. É óbvio que vai ter impacto na velocidade.

Outra mudança que deve ser feita é instalar semáforos inteligentes, que conseguem detectar que um ônibus está chegando, e dar prioridade a ele. Os semáforos que a prefeitura usa hoje são burros.

Além disso, os corredores também precisam passar por alguns ajustes. O primeiro seria implantar zonas de ultrapassagem, próximo aos pontos, para que o ônibus que não vai desembarcar ninguém possa ultrapassar o que estiver parado à sua frente. Essa mudança vai ajudar a diminuir filas e reduzir o tempo de viagem. Nesse caso, a melhor opção é tirar mais uma faixa dos carros.

*Horácio Figueira -Especialista e consultor em trânsito

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