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Quase 300 crianças já morreram em ataques na Faixa de Gaza

Médicos palestinos transportam criança ferida em ataque a Gaza | Ibraheem Abu Mustafa/Reuters
Médicos palestinos transportam criança ferida em ataque a Gaza | Ibraheem Abu Mustafa/Reuters

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A ofensiva militar israelense na Faixa de Gaza, iniciada em 8 de julho, provocou a morte de pelo menos 296 crianças e adolescentes palestinos, anunciou o Unicef.

«As crianças representam 30% das vítimas civis», afirma o Fundo das Nações Unidas para a Infância.

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«O número de crianças mortas nas últimas 48 horas pode aumentar, após uma série de verificações que estão sendo feitas», afirma o Unicef.

Os dados ainda não são definitivos.

Segundo a informação que o Unicef possui atualmente, «entre 8 de julho e 2 de agosto foram registradas as morte de pelo menos de 296 crianças palestinas».

Mais de 1.650 palestinos, em sua ampla maioria civis, morreram em consequência da ofensiva israelense.

O Estado de Israel acusa o movimento islamita palestino Hamas, que controla Gaza, de usar a população como «escudo humano».

Hamas defende emboscada em Gaza e diz que ocorreu antes do cessar-fogo
O Hamas reconheceu sua responsabilidade neste sábado por uma violenta emboscada na Faixa de Gaza na qual um militar israelense pode ter sido capturado, mas afirmou que o incidente provavelmente ocorreu antes do cessar-fogo e que, portanto, não violou a trégua patrocinada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e os Estados Unidos.

O comunicado, feito pelo braço armado do Hamas, as Brigadas Qassam, parece ter como objetivo se antecipar à intensificação da ofensiva de Israel contra o enclave palestino, que já dura 25 dias, e evitar uma acusação internacional de ter violado o cessar-fogo na sexta-feira.

Mas, em um sinal de que a guerra pode estar arrefecendo, os militares israelenses disseram que seus objetivos, principalmente a destruição de túneis escavados pelo Hamas, estavam perto de serem concretizados.

Israel disse que membros do Hamas armados e um homem-bomba saíram de um túnel e armaram uma emboscada contra sua infantaria em Rafah, no sul, por volta das 9h30 da sexta-feira (horário local), uma hora e meia depois do início do cessar-fogo. De acordo com o Estado judeu, dois soldados morreram e outro foi sequestrado, o tenente Hadar Goldin.

O incidente fez Israel bombardear Rafah pela manhã, causando a morte de 150 palestinos. No começo da tarde, Israel declarou o fim da trégua, que deveria ter durado 72 horas e tinha a intenção de permitir a chegada de apoio humanitário a 1,8 milhão de palestinos que vivem em Gaza, além de facilitar as negociações de paz.

Washington acusou o Hamas de uma violação «bárbara» do acordo mediado com o Egito com o envolvimento de Turquia, Catar e do presidente palestino, Mahmoud Abbas, que é apoiado pelos EUA. A ONU afirmou que não verificou as causas do fim do cessar-fogo, mas questionou o compromisso de paz do Hamas e pediu a libertação de Goldin.

O Hamas afirmou que não sabe o que aconteceu com o soldado, mas que, se ele realmente foi capturado, provavelmente foi morto pelos ataques israelenses que sucederam a ação.

Alegando que a comunicação com os membros de Rafah está complicada, as Brigadas Hassam disseram no sábado acreditar que a emboscada ocorreu às 7h em resposta a avanços militares israelenses.

“Perdemos contato com as tropas (do Hamas) que realizaram a emboscada e acreditamos que esses soldados provavelmente foram mortos em bombardeio inimigo, incluindo o soldado que está desaparecido, presumindo que nossas tropas tenham feito ele de prisioneiro durante os combates”, afirmou o grupo em comunicado.

“As Brigadas Hassam não têm informação neste momento sobre o soldado desaparecido, seu paradeiro ou as circunstâncias do seu desaparecimento.”

Citando um militar não identificado, a Rádio Israel disse que a condição de Goldin é desconhecida. Ele teria sido visto pela última vez próximo aos dois soldados mortos pelo homem-bomba do Hamas, sugerindo que ele pode não ter sobrevivido e que o grupo palestino pode estar com o cadáver.

Israel, apoiado pelos EUA, afirmou que, mesmo durante qualquer trégua, suas forças continuarão tentando descobrir os túneis do Hamas. Mais de 30 deles foram localizados e estão sendo destruídos, de acordo com os militares judeus.

Israel sinaliza que guerra em Gaza está acabando, mas bombardeios continuam
Israel sinalizou que está diminuindo a intensidade de sua campanha militar na Faixa de Gaza unilateralmente, dizendo neste sábado que não participará das negociações no Egito para uma nova trégua e avisando aos palestinos que fugiram dos conflitos em uma cidade no norte que podem retornar às suas casas.

Mas a troca de bombardeios continuou, e autoridades disseram que o número de mortos em Gaza chegou a 1.665, a maioria civis. Enquanto isso, Israel anunciou que seu sistema interceptou dois foguetes lançados contra as cidades de Tel Aviv e Beersheba.

Israel confirma que 63 soldados morreram em combate. Os ataques palestinos também mataram três civis em Israel.

Vários acordos de cessar-fogo entre Israel e o Hamas não vingaram ou fracassaram rapidamente. O mais recente exemplo ocorreu na sexta-feira, quando dois soldados israelenses morreram e um desapareceu após uma emboscada. Israel acusou o Hamas de capturar o tenente Hadar Goldin, e os Estados Unidos criticaram o grupo pela ruptura «bárbara» da trégua. A Organização das Nações Unidas (ONU) foi mais reservada na sua censura, mas pediu a soltura imediata de Goldin.

Buscando se eximir de responsabilidade, o Hamas afirmou acreditar que o ataque ocorreu antes do cessar-fogo entrar em vigor e que, se Goldin foi capturado, provavelmente morreu em seguida devido aos intensos ataques israelenses que sucederam a ação. Uma delegação palestina estava prestes a viajar ao Cairo neste sábado para uma nova rodada de negociações de paz, o que incluiria a exigência do Hamas de que o Egito facilite o movimento na fronteira com Gaza. Mas Israel disse que não enviará representantes.

«Eles (Hamas) não são confiáveis sobre manter a palavra. Eles não podem parar (de disparar mísseis) porque, para eles, um cessar-fogo nesta fase, seja por acordo ou não, significaria reconhecer a pior derrota possível», disse o vice-ministro das Relações Exteriores, Tzachi Hanegbi, à TV Canal Dois de Israel.

«Acredito que este é o ponto em que as manobras em solo devem acabar. O Hamas pode ser atingido o quanto for necessário em resposta aos disparos que, acredito, persistirão.»

Israel lançou uma ofensiva aérea e naval contra Gaza em 8 de julho, após vários foguetes serem lançados pelo Hamas e outras guerrilhas palestinas em direção ao seu território. Mais tarde, ampliou a operação com uma incursão terrestre.

Caçada aos túneis
Com apoio norte-americano, Israel afirmou que com ou sem a trégua suas forças continuariam executando a sua principal missão, que é encontrar os túneis usados pelo Hamas para os ataques. Mais de 30 desses túneis já foram descobertos e estão sendo destruídos, disseram militares israelenses. “Nosso entendimento é que nossos objetivos, principalmente a destruição dos túneis, estão próximos de serem cumpridos”, afirmou o porta-voz militar, tenente-coronel Peter Lerner. Cidades em Gaza próximas à fronteira com Israel foram palco de grandes conflitos e houve fuga de dezenas de milhares de palestinos depois que tanques e tropas israelenses entraram no território para confrontar as guerrilhas. Israel afirmou neste sábado que os refugiados que deixaram Beit Lahiya, uma cidade no norte de Gaza e com uma população de 70 mil pessoas, podem voltar para as suas casas. “Os moradores devem ter cuidado com aparatos explosivos que o Hamas espalhou pela região”, disse o Exército israelense. “Ninguém nos disse para voltar”, disse Talab Manna, um homem de 30 anos e pai de sete filhos, que está acampado ao lado de uma escola da ONU que serve de abrigo. “Não podemos arriscar voltar e sermos bombardeados pelas forças israelenses.”

Israel não participa no Cairo de negociações sobre trégua em Gaza
Israel não enviará representantes às negociações no Egito sobre a trégua na Faixa de Gaza neste sábado como planejado, afirmou uma autoridade israelense, acusando os islamitas palestinos inimigos de enganar mediadores internacionais.

«O Hamas não está interessado em um compromisso», disse a autoridade sob condição de anonimato.

Um cessar-fogo mediado pelo Egito fracassou na sexta-feira poucas horas depois de entrar em vigor. Uma delegação palestina, incluindo autoridades do Hamas, deve chegar mais tarde neste sábado ao Cairo para novas negociações.

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