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Imprevisível, Super Mario Balotelli é a esperança italiana na Copa

Se Mario Balotelli fosse inconsequente só fora de campo, tudo bem. Mas, justiça feita àquele que é a principal esperança italiana para a Copa do Mundo, é impossível pensar no excêntrico centroavante sem lembrar das mil e uma loucuras que ele apronta. Sem pesar dia, local, plateia…

Se em 2011 chegava para treinar no Manchester City guiando um vistoso Bentley camuflado – enquanto Roberto Mancini, então técnico do time, ia de bicicleta –, dentro de campo também não existem as palavras timidez e discrição no vocabulário do camisa 9 da Azzurra. Aquela mesma que ele atirou no chão em 2012 para comemorar, ao melhor estilo Hulk, o gol da classificação da Itália para a final da Eurocopa.bentley

O seu segundo gol, aliás, que despachou a favorita Alemanha após a vitória por 2 a 1. Depois, na final, a Espanha venceu por 4 a 0. E daí? A cena que ficou na retina foi a de Balotelli exibindo a boa forma, mesmo que a ação tenha lhe rendido o cartão amarelo. Virou até bonequinho.

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Para chegar a vestir as cores da tetracampeã mundial, porém, o Super Mario, como é conhecido o filho de imigrantes ganenses, mas que nasceu em Palermo, teve de esperar os 18 anos baterem em sua carteira de identidade.

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Foi só em 1992 que ele recebeu a cidadania italiana. Mas se o sobrenome Balotelli ele herdou da sua família adotiva apenas aos três anos de idade, seu nome do meio, Barwuah, continua lá, camuflado como o Bentley – que ele deu de lembrança ao holandês Emanuelson, seu companheiro de Milan, que tirou a capa e o deixou branco. Hoje ele pilota uma “modesta” Ferrari F12 Berlinetta.

Sua debilitada condição de saúde após o nascimento, aliada a uma difícil situação financeira vivida pela família biológica, fizeram com que seus pais entregassem o menino para a adoção.Captura de Tela 2014-03-10 às 21.38.46

Foi criado pela nova família em Concesio, junto com os outros três filhos do casal, dois homens e uma mulher. Os dois mais velhos, Giovanni e Corrado, ajudaram os pais a cuidar de Mario e o acompanham na carreira até hoje, como procuradores do jovem atacante de 23 anos, que ganhará mais uma contagem no dia 12 de agosto, um mês depois da Copa.

Torneio em que ele tem presença garantida. Se ainda não foi confirmado pelo técnico italiano Cesare Prandelli, Mario é figura indispensável para a Azzurra, que pertence ao Grupo da Morte com Uruguai, Inglaterra e Costa Rica.

Captura de Tela 2014-03-10 às 21.38.53Experimente perguntar a um italiano se a equipe tem chances no Mundial sem o camisa 9. Com a palavra Paolo Rossi, algoz brasileiro no Mundial de 1982: “Balotelli não tem uma personalidade fácil, mas precisamos dele para ganhar a Copa. Só precisa parar de agir sem pensar.”

E quem poderia pensar que, logo aos 16 anos, depois de todas as dificuldades, Mario fosse fazer sua estreia como profissional. Foi pelo Lumezzane, em 2006, em que jogou apenas duas partidas.

No ano seguinte seguiu viagem para a Inter de Milão, um dos maiores times do país da bota. E começou a chamar a atenção. Além de apresentar sua eficiência em campo, também começou a revelar o lado esquentadinho.

Que o diga o técnico José Mourinho, que chegou a excluir o atleta dos treinamentos por indisciplina. Mas não foi só o português que teve problemas. A torcida também não aceitou o fato de ele ter vestido uma camisa do arquirrival Milan nesse período.

Acabou o clima e ele foi vendido ao City, onde reencontrou Mancini, aquele da bicicleta, que também o havia comandado na Inter. Amor e ódio. Fã declarado do camisa 45 – a que ele usa nos clubes –, o técnico colecionou desentendimentos com Balo. Até empurrões trocaram.

Apesar do bom futebol que demonstrava, também no time inglês foi punido pelo destempero e acabou amargando a reserva do argentino Sergio Aguero – o genro de Diego Maradona.

Uma oportunidade de ouro para o Milan, que tinha planos de rejuvenescer seu time. E não desperdiçou: contratou Mario em 2013, que se apresentou com um cabelo raspado, longe dos cortes extravagantes da época do City. Desenhos na cabeça e moicanos descoloridos faziam parte do visual.

Não que tenha mudado o estilo, mas, segundo o técnico italiano Prandelli, seu atacante “está mais maduro”. E precisa estar se quiser que sua passagem pelo Brasil seja marcada pelas jogadas e pelos gols que ele já provou saber fazer com facilidade, e não pelas polêmicas que estão na bula de Balotelli.

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MATADOR – Destro, habilidoso, alto, com força física e alto poder de finalização, sem mesmo ajeitar a bola. Não é apenas a imprevisibilidade temperamental que marca a presença de Mario Balotelli em campo, o faro de artilheiro preocupa qualquer adversário.

Como profissional, foi às redes 75 vezes, no 172 jogos em que participou. Apesar de não ser uma média tão expressiva (0,44 gols por jogo), Super Mario coleciona gols importantes.
O principal deles aconteceu em outubro no ano passado, em Turim, pelas Eliminatórias, quando sacramentou a vitória de virada por 2 a 1 sobre a República Tcheca e garantiu a 18a participação da Itália em Copas do Mundo.
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BRINCALHÃO – Adora uma birutice para dar risada. Uma delas quase acabou em tragédia: enquanto atirava fogos de artifício na frente de sua mansão em Manchester, acertou a janela de um banheiro e provocou um incêndio. Também lançou dardos contra jogadores do City “para espantar o tédio”.

Certa vez entrou numa prisão feminina “só para ver como era”. Invadiu correndo uma escola apenas para usar o banheiro, deixando todo mundo desesperado. Fugiu da concentração para ir a um restaurante e divertir os fregueses com um duelo de esgrima usando paus de macarrão.

De férias atrasadas por causa da Eurocopa-12, passava trotes de madrugada nos colegas do Manchester City, que já concentrados em pré-temporada.

NOS CLUBESAlém do modesto Lumezzane (ITA), onde atuou em dois jogos, Balo já brilhou em três dos grandes europeus.

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CANELADAS 

Roberto Mancini se irritou com Balotelli num treino do City e pediu para o atacante sair do treino. Ele não gostou e foi tirar satisfação. Ambos quase chegaram às vias de fato | Reprodução

Após anotar um gol contra o Manchester United, quando atuava pelo City, mostrou a camisa com a frase “Why always me?” (Por que sempre eu?) em resposta aos críticos

As baladas e o cigarro também fazem parte da vida do atacante. Foi flagrado na farra em Saint-Tropez, na França, após o vice na Euro com a Azzurra em 2012. Narguilé, garrafas de espumante e massagens de uma bela loira | Reprodução

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